terça-feira, 13 de agosto de 2013

Heigorina Cunha

BIOGRAFIA DE HEIGORINA CUNHA



Nasci , em 16.4.1923, uma criança normal e, por algum tempo gozei, como qualquer outra, de grande robustez.


Certa manhã, acordei tristonha e abatida. Mamãe dispensou-me todo o cuidado, empregando, desde logo, os recursos necessários para tirar-me daquele estado, quase inesperado de prostração. Contudo, atendendo à harmonia das Leis do Universo, iniciava-se naquele dia, 23.4.1924, um processo de renovação que deveria atingir a mim e a toda a comunidade de apoio terreno de que desfrutava, num desdobramento de lições inesquecíveis e sumamente proveitosas.


É que se iniciava ali, naqueles dias tranquilos do passado, um processo de regeneração que nos chegava através da paralisia infantil.

Desde pequenina, já era uma enamorada do céu, que exercia sobre mim uma atração fora do normal. Durante o dia, acompanhava o passeio das nuvens e a sua metamorfose contínua de formas nas quais procurava descobrir figuras de pessoas e coisas; à tarde, tinha en­contro certo com o pôr-do-sol para extasiar-me no seu espetáculo de cores e, à noite, deixava-me fascinar pelas estrelas distantes sem poder, contudo, decifrar-lhes o significado e a grandeza.


É que, imobilizada pela paralisia, presa a uma cadeira ou à cama, sempre pedia à Mamãe que me pusesse à janela, para que eu pudesse vislumbrar o mundo exterior. E, através daquela abertura iluminada, até hoje, sinto-me presa a contemplação do firmamento.

Nos devaneios que nasciam nessa con­templação sublime, invariavelmente surgiam perguntas: como poderia andar? onde encontrar forças e recursos inabituais para vencer os impedimentos gerados pela enfermidade? como poderia Deus, Nosso Pai, me ajudar mais de perto?


Foi quando, com a vontade de vencer as dificuldades e confiante em Deus, comecei a sentir a presença de Benfeitores Espirituais junto a mim, ganhando a convicção de que, com o auxílio deles, haveria de encontrar solução. Adquiri a certeza de que o pensamento é força criadora e que essa força, pela vontade de Deus, com o apoio dos Amigos Espirituais, poderia dar vida à minha perna paralítica, e poderia andar.


Depois de longos anos de esforços para pôr em prática os exercícios físicos e mentais recomendados pelos Espíritos que me ajudavam, alcancei minha mocidade andando com o apoio de abençoada bengala e agradecendo a bênção da vida ao lado de meus Pais queridos, Ataliba José da Cunha e Eurídice Miltan Cunha (Sinhazinha).


A dedicação e a sensibilidade de Mamãe ajudaram-me a isentar-me de complexos psicológicos que costumam acompanhar os processos de regeneração aos quais muitas criaturas devem se submeter, como eu, nos desdobramentos das lições da vida, e, moça, sentia-me uma pessoa normal, como outra qualquer, com a vida sorrindo ao meu derredor e com a alegria de levar de vencida a paralisia.


Os anos de felicidade juvenil, no entanto, se desfazem a partir do dia 2 de novembro de "1961, quando Mamãe, meu apoio maior, e a verdadeira bengala a sustentar-me na luta, regressa ao Mundo Maior, deixando aos meus cuidados, juntamente com uma irmã solteira, Papai imobilizado na cama já há seis anos, em razão de um acidente. Órfão, como nós, pela partida física daquele coração generoso que nos tutelava a existência, Papai passou a se apoiar em nós, seus filhos, que o cercavam até que, em 1971, também retornasse ao Mundo Maior.


Conto estes lances de minha vida sem qualquer idéia de valorização pessoal, mas para demonstrar aos queridos leitores que a Doutrina Espírita é manancial inesgotável de força criadora e vivificante, no qual poderemos banhar nossa alma para livrar-nos das feridas que costumam abrir-se nos corações desalentados antes os fatos naturais da vida.


Foi em 1962, quase um ano após a partida de Mamãe, em uma tarde amena, quando contemplava, melancólica, o pôr-do-sol, que senti mais nítida a sua presença, e, a partir daí, comecei a penetrar os dois planos da vida com mais frequência.


Mas foi no dia 2 de março de 1979, quando vivi a mais fascinante experiência de minha vida. Vi-me saindo do corpo, conduzida por um Espírito que não pude identificar, seguindo para uma cidade espiritual que depois soube tratar-se da cidade "Nosso Lar", da qual André Luiz, no livro que leva o mesmo nome traça-lhe um perfil magnífico e esclarecedor.


Via a cidade com alguns detalhes, guardando, ao despertar, toda a recordação da experiência daquela noite maravilhosa que se interrompeu, em pleno amanhecer, quando o Espírito que me acompanhava convidou-me a regressar à Terra.


Não podia perder a visão de tão belo acontecimento e, assim, resolvi desenhar, retratando o que me foi possível conhecer naquela rápida visita. Esclareço que não sou desenhista, por isso, os desenhos que elaborei, procurando retratar o que vi, não podem ter pretensão técnica nem bastarem para refletir inteiramente a beleza das formas, gravadas no papel.


Apesar disso, fiz o desenho e guardei-o sem revelar nada a ninguém. Depois de três anos, repetiu-se a experiência, com mais nitidez, e pude ver além do que havia visto, enquanto volitava sobre a cidade, embebendo-me nos detalhes de sua paisagem. O Amigo Espiritual que me conduzia deixou-me num Departamento, na cidade, e foi para outro, atender a tarefas que lhe competiam. Permaneci à sua espera e, algum tempo depois, chamaram-me através de um aparelho de comunicação interna, à feição de telefone, para informar-me que deveria ficar naquela seção, uma vez que não convinha ir-me para onde ele estava, nas Câmaras, onde havia muito sofrimento, prevenindo-me que me buscaria para o regresso.


Acordei com um encaixamento brusco no corpo, sentindo ainda uma espécie de tontura da volitação, mas com a consciência integral de tudo o que havia visto. Dessa viagem, saiu o segundo desunho ou planta baixa da cidade "Nosso Lar" e que corresponde ao Plano Piloto, segundo esclareceu depois Francisco Cândido Xavier (nosso querido Chico).


Devo esclarecer, no entanto, que, embora a forma seja a verdadeira, a cidade não se circunscreve ao número de casas e de quadras indicadas no desenho apenas para efeito ilustrativo, uma vez que se trata de uma cidace de vastas dimensões, que abriga cerca de um milhão de habitantes.


Entusiasmada com o segundo desenho, mostrei-o a algumas pessoas mais íntimas e de minha confiança.

Uma delas foi um primo, que levou a notícia a Francisco Cândido Xavier. O bondoso médium de Uberaba se interessou e pediu-me que lhe levasse os desenhos, e qual não foi a minha surpresa quando me afirmou se tratar da cidade "Nosso Lar", correspondendo-lhe exatamente à forma.


Sob estímulo de seu carinho e compreensão, procurei grafar outros detalhes da cidade. Depositei nas mãos de Francisco Cândido Xavier, que se incumbiu generosamente dos detalhes complementares e do encaminhamento do material para o Instituto de Difusão Espírita, de Araras, que, afinal o editou.


Na oportunidade, devo agradecer a Deus e aos Bons Espíritos pela participação que tive neste trabalho, rogando escusas, inclusive aos leitores, pelas deficiências naturais impostas pelas minhas limitações pessoais.


HEIGORINA CUNHA Sacramento, 4 de fevereiro de 1983.


No dia 11 de agosto desencarnou Heigorina Cunha querida trabalhadora espírita, nascida em Sacramento, MG, em 16 de abril de 1923, sobrinha de Eurípedes Barsanulfo, filha de sua irmã “Sinhazinha”. Através dela surgiram os desenhos que descrevem como são algumas cidades espirituais, inclusive a cidade espiritual “Nosso Lar”. Seus desenhos foram feitos através de suas observações realizadas durante suas saídas do corpo (desdobramento) em março de 1979, conduzidas e orientadas pelo espírito Lucius. São encontrados nos livros “Cidade no Além” e “Imagens do Além”, os dois de sua autoria. Diariamente, Heigorina mantinha uma reunião de preces, pela manhã, em Sacramento.

heigorina

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