domingo, 3 de junho de 2018

Abel Mendonça

Trabalhador incansável do Espiritismo, sóbrio e de grande força de vontade. Militou no Movimento Espírita sempre com real dedicação. Inteligente, de apreciável cultura, defendia a pureza doutrinária, e o estudo do pentateuco de Allan Kardec.

Abel Mendonça nasceu no dia 22 de julho de 1902, na cidade de Pernambuco. filho de Otaviano Mendonça, alagoano e d. Francisca de Paiva Mendonça, pernambucana, ambos protestantes, da Igreja Presbiteriana. Viveu a sua infância na terra natal, onde realizou seus primeiros estudos e o Curso Primário, mantido pela congregação a que pertenciam seus pais.

Muito jovem ficou órfão de pai e logo depois de mãe. Seu irmão mais velho, Otaviano, era engenheiro civil e trabalhava em conceituada firma em Porto Alegre, no Rio Grande do sul. Abel foi morar com o irmão. pretendia continuar os estudos e seguir a mesma carreira. Pouco tempo depois aconteceu a epidemia da gripe espanhola, que dizimou incontáveis criaturas. Seu irmão foi uma das vítimas e desencarnou. Ele ficou desarvorado em terra estranha.

Resolveu viajar para o Rio de Janeiro, onde não foi fácil viver, enquanto não conseguiu empregar-se. Finalmente entrou para o quadro de funcionários do jornal "O Imparcial", onde, por sua inteligência e desejo de progredir, prestou relevantes serviços, inclusive como redator. Diante de todas as vicissitudes, e o esforço físico e mental, sofreu uma pneumonia sendo internado em um ambulatório em Jacarepaguá. Em contato com outros pacientes se fez amigo de um jovem que estava numa situação crítica, cuja mãe era espírita e grata pelo seu companheirismo junto ao filho, conversou sobre "O Livro dos Espíritos'. - Criado no Protestantismo, não deu muita atenção ao que ouvia. Pouco depois o rapaz desencarnou. Retornando ao Ambulatório para apanhar os pertences do filho, a mãe do rapaz falou a Abel que, numa reunião mediúnica, um Espírito Amigo havia se comunicado dizendo-se seu irmão. entregou para ele um papel onde estava escrito: "Abel, preciso conversar com você"- (Ass.) Otaviano". Ele ficou espantado, pois nem para o companheiro que desencarnara, falou sobre o irmão.

Ao deixar o ambulatório, completamente recuperado, Abel foi procurar a senhora que havia deixado o endereço, em Madureira, oferecendo-lhe inclusive hospedagem. sozinho, em ninguém, tornou-se seu hóspede. Em sua companhia pôde comprovar a presença espiritual do irmão e a partir dessa época tornou-se profundo estudioso das obras de Allan Kardec. Foi o marco inicial de uma nova era para Abel Mendonça, passando a freqüentar um Centro Espírita.

Retornou ao jornal onde já era muito estimado. Tempos depois, recebeu uma proposta de "O Imparcial", de Salvador, Bahia, para trabalhar como redator, cargo que já vinha exercendo com muita capacidade no jornal carioca. A redação estava instalada na Praça da Sé. Posteriormente foi convidado para o "Diário da Bahia", aumentando muito a sua popularidade, e o seu prestígio.

Em Salvador ainda, ingressou no Movimento Espírita, sem uma casa definida comparecia à União Espírita Baiana e as instituições nos subúrbios mais longíquos, observando e aprendendo. Conheceu grandes espíritas da Bahia, participava de um Centro Espírita dirigido por Ricardo Machado, que lhe despertou grande admiração pela cultura, pelo caráter íntegro e espírito de trabalho.

Anos depois, em 10 de agosto de 1954, Abel Mendonça fundou a Instituição Espírita "Casa de Emmanuel", da qual foi Presidente, e Benício Fernandes, no setor administrativo, além de uma plêiade de grandes trabalhadores.

Expositor de grande influência, percorreu toda a Bahia na tarefa doutrinária de divulgação do Espiritismo. Fundou o jornal "Convicção", em 1966, como órgão doutrinário da "Casa de Emmanuel", distribuindo-o para todo o Brasil e para o estrangeiro. Como jornalista e profissional no assunto, foi impecável na redação, admirado pelos articulistas e o público leitor da época, como Carlos Imbassahy, Leopoldo Machado e Deolindo Amorim, a trindade baiana que marcou presença e grande popularidade no Espiritismo. Manteve ainda contato, com famosos espíritas de outras nações, como Natálio Ceccarini, Humberto Mariotti e Luiz Di Cristoforo Postiglioni da Argentina.

Além de jornalista, foi orador nato, e nessas condições visitou diversos Estados. Tivemos oportunidade de ouvi-lo e conhece-lo quando pronunciou magistral palestra no Centro Espírita "Seara Fraterna", no Catete, Rio de Janeiro, na Presidência de Ederlino Sá Roriz, que com ele conviveu na Bahia.

Abel Mendonça era casado com D. Rosa Leite de Mendonça e deixou um filho, Marcos Cícero Leite de Mendonça, que o substituiu na Presidência da "Casa de Emmanuel".

Dedicado à velhice desamparada, mostrou-se o homem operoso e ativo no setor da filantropia. Na construção da sede própria da "Casa de Emmanuel", trabalhava até altas horas da noite. Não tendo condições físicas para o trabalho pesado, ficava com os companheiros, orientando e incentivando desejoso de ver a obra pronta. Foi um sucesso a confortável sede, espaçosa que, nem por isto, comportava o número de ouvintes de suas substanciosas palestras.

A sua desencarnação ocorreu no dia 6 de maio de 1977, próximo a completar 75 anos de idade. Foi uma grande vida, recordando os feitos desse genuíno trabalhador do Bem , na magnitude da Caridade e do amor ao próximo.

Deus o abençoe!

Fonte: http://gotinhasdeluz.blogspot.com/2015/07/abel-mendonca.html


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