quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Jésus Gonçalves

http://pt.wikipedia.org/wiki/J%C3%A9sus_Gon%C3%A7alves



JÉSUS GONÇALVES

O POETA DAS CHAGAS REDENTORAS

O GRANDE GUERREIRO DA LUZ

(1902 - 1947)

 Jésus Gonçalves, nascido em 12/07/1902 em Borebi-SP (próximo à Agudos), ficou órfão de mãe aos 3 anos e seu pai era uma humilde lavrador.

Aos 14 anos empregou-se como trabalhador braçal na Fazenda Boa Vista, de Ângelo Pinheiro Machado. Nesta época começou a aprender música e junto com outros companheiros animavam as quermesses e bailes com a "Bandinha de Borebi".

Aos 17 anos foi para Bauru, onde freqüentou o Colégio São José, mas não chegou ao menos a tirar o diploma do Ginásio.

Casou-se aos 20 anos com Theodomira de Oliveira, que era viúva e já tinha 2 filhas. Mesmo assim ainda tiveram mais 4 filhos. Nesta época empregava-se como Tesoureiro da Prefeitura.

Em 1930 sua esposa desencarna por causa de uma tuberculose. Apesar das enormes dificuldades em criar suas 6 crianças continuava a tocar e fazia parte da Banda da Prefeitura de Bauru como clarinetista.

Atuava também como Diretor e ator de teatro na cidade. Apesar de seu pouco estudo apreciava a poesia e prosa, colaborando ativamente nos jornais "Correio da Noroeste" e "Correio de Bauru".

Casou-se novamente, com Anita Vilela, vizinha que lhe ajudava a cuidar das crianças, mas, aos 27 anos foi acometido pela Hanseníase (Lepra). Anita era estudiosa da doutrina espírita e tentava, em vão, esclarecer a mente materialista do ateu Jésus.

Nestes tempos os doentes eram obrigados a abandonar seus empregos e viverem isolados da sociedade, trancados em suas casas ou então em leprosários. Como faria então para cuidar de sua esposa e das crianças? Aposentado prematuramente passa a viver em uma moradia cedida temporariamente pela Câmara Municipal. Apesar disso continua a escrever para o "Correio da Noroeste".

Seu compadre, João Martins Coube, cedeu-lhe o usufruto de um sítio, onde Jésus passou a cultivar melancias e outras frutas. Mas, em Agosto de 1933, o Serviço Sanitário recolhe-o, afastando-o do convívio de sua família, e internou-o no Asilo-Colônia Aymorés.

Por ter sido um homem resignado foi sempre líder, tolerante e calmo. Fundou o jornal interno "O Momento", a "Jazz Band de Aymorés" e a equipe de futebol. Por não receberem grupos artísticos no asilo, fundou também o grupo teatral interno.

Jésus sofria muito com problemas no fígado, buscava a transferência para o Hospital Padre Bento em Guarulhos. Mas suas cartas paravam nas mãos do Diretor do Sanatório Aymorés, que não queria perder seu mais ativo e dinâmico interno. Em 1937 conseguiu a transferência mas não conseguiu chegar até lá, as dores no fígado o obrigaram a parar em Itú, e ali ficou no Hospital de Pirapitinguí.

Fundou ali além da "Jazz Band", a Rádio Clube de Pirapitinguí (existente até hoje) e um jornal interno, o "Nosso Jornal".

Em 1943 Anita desencarnou, e no velório da mesma aconteceram diversos acontecimentos mediúnicos de clarividência de alguns colegas seus e finalmente Anita passou uma mensagem para ele de uma forma bastante íntima onde Jésus não teve dúvidas da veracidade das informações, um pequeno trecho: "Velho, não duvides mais, Deus existe!".

Por ser extremamente materialista buscou nos livros Espíritas as explicações para o contato.

A conversão de Jésus ocorreu de forma bastante convincente. Um dia, às voltas com suas dores no fígado, resolveu chamar aquele "Deus", e desafiou, tirando um pouco de água e colocando em um copo.

"- Se Deus existe mesmo, dou 5 minutos para que coloque nesta água um remédio que me alivie as dores que sinto". E contou no relógio.

Quando bebeu a água sentiu que estava totalmente amarga. Chamou um companheiro que confirmou a alteração da água. E após 2 minutos nada mais sentia em dores.

Fundou em 1945, após muito estudo, o Centro espírita Pirapitinguí, com dificuldades conseguiu recursos junto às comunidades espíritas para a construção do Centro. Diversas caravanas Espíritas passaram a visitar o sanatório, levando alegria e conforto aos internos.



Passou então a atender as incorporações de familiares e desobsessões severas daqueles considerados "loucos", permitindo a estes que voltasses à vida normal.

Vinte dias antes de desencarnar, com a doença já tendo lhe consumido todo o corpo, e também as cordas vocais, foi à sessão espírita e para a surpresa das 300 pessoas presentes, os mentores da casa devolveram-lhe a voz e aí fez uma preleção de quase 2 horas de elevados ensinamentos evangélicos. Ao término da preleção Jésus simplesmente perdeu novamente a voz.

E sofreu muito nos últimos dias, o seu corpo estava completamente deformado pela doença, seu rosto transfigurado e seus órgãos começaram a parar, e lentamente desligou-se do corpo físico. Mas teve tempo de saber que o sofrimento é o caminho que nos leva à Cristo, e que pôde mudar a mentalidade daqueles que consideravam os doentes internos de asilos, sanatórios e leprosários apenas como animais fedorentos.

Contam alguns, que ele acentuou seu nome (Jésus) por que não se achava em condições de ter o nome de Jesus.

Cronologia

12/07/1902 – Reencarna no pequeno vilarejo de Borebi, São Paulo, o cidadão Jésus Gonçalves.

1905 – Falece em Borebi, Josepha Mendes, mãe de Jésus Gonçalves, vitimada por tumor maligno no intestino.

1912 – Data da única doença de Jésus Gonçalves, na infância: sarampo.

1916 – Transferem-se de Agudos, São Paulo, para Borebi, Antonio Arruda, sua esposa Luiza Trindade, Francisco e Antônio Fráguas (filhos do casal) e Jésus Gonçalves, sobrinho de D. Luiza e tutelado do casal.

1916 – Primeiro emprego de Jésus Gonçalves, na Fazenda Boa Vista, em Borebi, de propriedade de Ângelo Pinheiro Machado, como auxiliar beneficiador de café e algodão.

1917 – Falece em Borebi, João Gonçalves, pai de Jésus Gonçalves, vitimado por um ataque cardíaco.

1919 – Transfere-se Jésus Gonçalves, de Borebi, sub-distrito de Lençóis Paulista, para a cidade de Bauru, São Paulo.

1919 - Segundo emprego de Jésus Gonçalves, em Bauru, na Prefeitura Municipal. Integra-se, nessa época, na Banda da Prefeitura da cidade.

1920 – Contrai núpcias, Jésus Gonçalves, com Theodomira de Oliveira. Ela viúva com duas filhas, Neréia e Lígia.

08/03/1922 – Nasce em Bauru, Jaime Gonçalves, primogênito de Jésus Gonçalves.

22/05/1924 – Nasce Jandira Gonçalves, segunda filha de Jésus Gonçalves, com Theodomira de Oliveira em Bauru.

30/03/1926 – Nasce também em Bauru, Helena Gonçalves, terceira filha de Jésus Gonçalves.

15/08/1929 – Nasce Carlos Gonçalves, quarto filho de Jésus Gonçalves, em Bauru.

1930 – Jésus Gonçalves sabe-se portador do mal de Hansen.

1930 – Falece em Itapetininga, São Paulo, a primeira esposa de Jésus Gonçalves, Theodomira de Oliveira, vitimada pela tuberculose.

1932 – Jésus Gonçalves une-se maritalmente, a Anita Vilela, em Bauru.

16/08/1933 – Interna-se no Asilo-Colônia Aymorés, Bauru, o cidadão Jésus Gonçalves, portador do mal de Hansen. No mesmo ano, seu filho Jaime, também suspeito de ser porta-dor da moléstia, é ali internado.

27/02/1937 – Passa a circular no asilo-Colônia de Aymorés o Jornal interno “O Momento”, fundado por Jésus Gonçalves. Este desejava que, com o tempo, o jornal pudesse expandir-se até outros Sanatórios.

21/09/1937 – Transferem-se o Hospital de Pirapitingui os internos do Asilo Aymorés, Jésus e Jaime Gonçalves, e Anita Vilela; esta não era portadora da moléstia de Hansen.

03/03/1943 – Falece no Hospital-Colônia de Pirapitingui Anita Vilela, segunda companheira de Jésus Gonçalves, vítima de câncer no útero.

03/03/1943 – Dá-se no velório de Anita Vilela o principio da conversão de Jésus Gonçalves, do ateísmo para o Espiritismo.

1943 – Consorciam-se em Pirapitingui, os internos Jésus Gonçalves e Isabel Laureano (Ninita), sendo os dois viúvos.

16/12/1945 – Funda-se no Hospital-Colônia de Pirapitingui a “Sociedade Espírita Santo Agostinho”, que teve como seu primeiro presidente e idealizador Jésus Gonçalves, que conseguiu reunir trinta mil, seiscentos e vinte e seis cruzeiros e dez centavos, para a realização desse projeto.

13/01/1947 – Pedro de Camargo (Vinicius) prefacia a primeira edição do livro “flores de outono”, de autoria de Jésus Gonçalves.

16/02/1947 – Aproximadamente às 11 horas da manhã, regressa à Pátria Espiritual Jésus Gonçalves, o Apóstolo de Pirapitingui.


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As Vidas de Jésus Gonçalves


Alarico,
O Grande, Rei dos Visigodos
Século IV
Alarico, O Grande, general e chefe maior dos Visogodos, esmagou Roma no início do século V. Treinado nas técnicas da guerra dentro do Império Romano, devastou a Trácia, a Grécia e a Itália, marcando o fim de uma Era.
Acreditava ter o mundo aos seus pés.
Em encontro com Santo Agostinho, então bispo de Hipona, no ano 410 D.C., diz quando este vai pedir humildemente ao cruel general que não seja impiedoso na invasão a Roma, oferecendo em troca a sua própria vida em favor do povo romano: "Eu sou o teu Deus, não me fale em nome de outro Deus..."
No entanto, o encontro com o Sacerdote Santificado, suas palavras inspiradas nos ideais cristãos, marcaram de alguma forma a alma do guerreiro, como semente de misericórdia que só viria a amadurecer séculos e vidas mais tarde. Naquele tempo, apesar de todo ódio e sede de poder e de conquista do general, ocorreu que durante a sangrenta invasão a Roma os Templos Cristãos da cidade foram misteriosamente poupados e o povo da cidade, inclusive os pagãos, pôde buscar proteção naqueles Templos.
Após o saque, Alarico ficou pouco tempo em Roma. Seu fascínio pelo poder leva-o a tentar dar o último golpe no Império e ele parte em direção a África. Com essa conquista ele seria confirmado como o mais poderoso imperador da Terra, naquele tempo.
No entanto, uma forte tempestade destrói seu exército e Alarico morre pouco depois, em Cosenza (Itália). Seus soldados, para evitar a profanação de seu túmulo, enterram-no no leito do Rio Basento, matando posteriormente os escravos usados para desviar o rio a fim de que não revelassem o local do sepulcro do guerreiro.
Desencarnado, defronta-se, na Pátria Espiritual, com o horror dos seus crimes. Por pedido seu e com a concórdia das Esferas Espirituais, volta à Terra como Alarico II, novamente no comando e no seio do seu próprio povo. Apesar de todo arrependimento vivenciado no Plano Espiritual, não desvencilha-se de sua ânsia de poder e glória e acaba sucumbindo a esta prova.
Alarico II,
8º chefe dos Visigodos
Século V - VI
Suas tendências inferiores ainda estavam muito arraigadas na essência de sua alma. Investido dos mesmos poderes de sua encarnação pretérita, não consegue, ainda desta vez, refrear as inclinações ambiciosas de seu caráter, sucumbindo as promessas de redenção consignadas no Plano Espiritual. As guerras e conquistas territoriais continuavam sendo seu móvel principal, muito embora não conservasse mais, em grau tão marcante, a crueldade com que na existência anterior escrevera páginas negras na História Universal.
Seus domínios abrangiam a Espanha (exceto a Galiza), a Aquitânia, o Lanquador e a Provença Ocidental.
Alarico II desencarna na batalha de Vouillé (próximo a Potiers, França), travada em 507, contra o então rei dos Francos, Clóvis, pela posse da Aquitânia (sudoeste da Fraça).

Armand Jean du Plessis Richelieu,
o Cardeal Richelieu
Século XVI - XVII, França
A próxima encarnação que se conhece desse Espírito é em terras francesas como o poderoso Cardeal Richelieu. Investido de grande poder, defendeu o absolutismo real e foi, por 18 anos, o homem mais poderoso da França, como primeiro-ministro.
Nacido em 9 de setembro de 1585, estudou os princípios do Cristo na Igreja Católica, onde atingiu alta posição perante o clero, mas se destacou mesmo como político e estadista, se tornando uma das mais notáveis figuras do regime monárquico francês, cujas mãos duras e inteligentes detiveram o poder político da França, acima mesmo do rei Luis XIII.
Homem de ação, militar completo, católico fervoroso e político de extrema habilidade, soube contornar todas as intrigas e se manter no poder, conservando a confiança do Rei até o fim de seus dias. Assim estabeleceu as bases do absolutismo real francês, e suas obras foram posteriormente estudadas por Luis XIV, Napoleão Bonaparte e pelo general de Gaulle. A razão do Estado era sua razão de ser: não teve piedade daqueles que, em sua opinião, enfraqueciam o reino da França.
"O homem é imortal, sua salvação está no outro mundo; o Estado não, sua salvação é agora ou nunca."
"...para mim existem dois deuses: Deus e a França."
Em encontro com São Vicente de Paula o Cardeal ouve o pedido amoroso do Santo dos Pobres: "Clementíssimo Senhor, dá-nos Paz, tem compaixão de nós. Dá paz a França!" Mas não se deixa tocar: seu zelo excessivo e terrível pelo seu país e pelo seu governo foi capaz de justificar aos olhos dos homens, que o temiam e o admiravam, as guerras internas e externas pelas quais a França, nação então hegemônica na Europa, enveredou em nome de ideais estadistas fanáticos, colocados acima de todos os ideais humanos, proporcionando espetáculos de sangue e deixando muitos povos na miséria.
Temido e odiado, desencarnou, em 4 de dezembro de 1642, vítima de uma estranha doença: tumores de diagnóstico desconhecido. A chance de uma nova encarnação só aconteceu 350 anos depois...

Jésus Gonçalves,
o Poeta das Chagas Redentoras

1902 - 1947, Brasil
Início do Século XX, a Pátria do Evangelho recebe este espírito comprometido com a Lei de Deus em busca da sua pacificação através de provas ásperas e redentoras, chagas redentoras...
A Lei Divina dá-lhe nova chance e nascido no Brasil, em 12 de julho de 1902, deixa a todos nós o legado da conversão pela dor e a certeza da misericórdia do Pai de que a travessia para a luz, apesar de todos os nossos crimes de sempre, é inevitável. A Lei de Amor expressa-se no arrependimento e o arrependimento expressa-se na reparação.

O Poeta das Chagas Redentoras


Jésus Gonçalves nasceu no dia 12 de julho do ano de 1902, em Borebi, interior de São Paulo. E logo, aos três anos de idade, sua mãe desencarna por conta de um tumor no intestino. A maior parte de sua infância, ele passa em Agudos - pequena cidade próxima à Borebi -, tutelado pelo tio.

Com quatorze anos ele volta, com sua família, para a sua cidade natal, onde começa trabalhar temporariamente na Fazenda Boa vista, como cultor e beneficiador, ora de algodão, ora de café. Foi nessa época também que ele tem uma pequena iniciação na música e começa tocar um velho "baixo de sopro". Assim ele forma uma pequena banda, com o nome de "Bandinha de Borebi".
Seu espírito de liderança e sua personalidade marcante, fazem-no ficar conhecido no vilarejo. Sempre se esforçava para que as quermesses e festas locais obtivessem um grande êxito.
Aos 17 anos muda-se para Bauru, onde freqüenta um colégio - Colégio São José - por algum tempo, não o suficiente para conseguir o diploma do ginásio.

Trabalhando como Tesoureiro da Prefeitura, já com seus 20 anos, Jésus casa-se com Dona Theodomira de Oliveira, viúva com duas filhas. 8 anos depois, em 1930, ela desencarna por causa de uma tuberculose, deixando-o sozinho, cuidando de seis filhos.
Theodomira, 1a. esposa, com os fihos de Jésus.

Nessa época ele, além de trabalhar na prefeitura, Jésus participa da "Jazz Band de Bauru" - como era conhecida a banda da Prefeitura de Bauru - tocando clarinete. Ainda nas artes, ele também atuava e dirigia peças de teatro, de autoria própria, nos teatros de Bauru e de cidades vizinhas. Paralelamente a essas atividades, Jésus Gonçalves, como apreciador de poesias e prosas, colabora com grande freqüência, com os jornais "Correio da Noroeste" e "Correio de Bauru".

As ARTES: ferramenta-bálsamo para a redenção



Outrora o terror, a apreensão... Hoje a alegria, o riso, a confiança.
Jésus, à direita, já com a doença: clarinetista da Jazz-Band de Aymorés.

"A teu mando, milhões de açoites erguiam-se, abrindo feridas, mutilando membros, promovendo aleijões, desconjuntando corpos. Aniquilaste a alegria de viver de dezenas de cidades levando a apreensão e o terror a simples aproximação de suas tropas. Para o resgate de tais violações receberás as Artes por ferramentas, que te permitirão recompensar o terror de outrora, pela alegria do divertimento sadio que proporcionarás aos povos das cidades em que habitarás. Porém não as receberás de forma facilitada, não, porque não haverão facilidades para ti. A espiritualidade estará assistindo teu reeducar e colocará em teu caminho as oportunidades, mas competirá a ti aproveitá-las ou não."

Algum tempo após o desencarne de Theodomira, surge uma companheira: Anita Vilela, sua vizinha, que lhe ajudava a cuidar do lar. Eles se envolveram e casaram-se, uma união sincera que duraria 12 anos, até o desencarne de Anita.


Vem então a grande provação na sua vida: aos 27 anos é acometido pela Hanseníase, popularmente a lepra. Ele não compreenderia naquele momento, mas era cobrado dele um tributo por reencarnações passadas. Jésus, ateu e inconformado, busca dominar a dor no seu coração e as rudes condições que recaem sobre um leproso: a rejeição e o abandono da sociedade. É obrigado a entregar as filhas do primeiro casamento à tutela de parentes e parar suas atividades profissionais que preenchiam sua alma inquieta e sequiosa de trabalho. Mas ele sofre muito: era muito difícil para ele enfrentar a nova e difícil situação.
Naqueles tempos, os doentes eram obrigados a abandonar seus empregos e viverem isolados da sociedade, trancados em suas casas ou então em leprosários. Como bom cidadão, respeitador das normas e leis, Jésus se afasta da sociedade, como era determinado pelas normas médicas em vigor na época. Os filhos mais novos, que ainda continuavam com ele, não entendiam a súbita parada nas atividades. Aposentado prematuramente passa a viver em uma moradia cedida temporariamente pela Câmara Municipal. Apesar disso continua a escrever para o "Correio da Noroeste".
João Martins Coub, um amigo que compreendera o sofrimento de Jésus, cede-lhe um espaço de sua fazenda, e lá ele se dedica ao trabalho do lavradio, cultivando melancia e outras frutas, com a mesma fibra de sempre, buscando nesta atividade afogar a mágoa que a doença lhe impunha.
Mas foi por pouco tempo: em agosto de 1933, ele é recolhido pelo Serviço Sanitário e é internado no Asilo-Colônia Aymorés, recém inaugurado em Bauru. Por esperar por esse momento, Jésus não apresenta resistência para a internação, o que causa surpresa aos funcionários da Saúde Pública, que normalmente enfrentavam grande resitência dos doentes. E apesar da reação resignada e de conformismo, é nessa época que ele se questiona sobre Deus: "Onde estava o Deus de que tanto se falava?" e entra num momento de revolta íntima.


Na Colônia Aymorés, em Bauru, onde fica de 1933 a 1937, Jésus mostrava-se mais resignado com a convivência com os semelhantes e irmãos na dor, e é chamado de "mestre" por sua imensa disposição e capacidade de trabalho. Num curto espaço de tempo, internado no asilo, Jésus consegue várias amizades sinceras.

Apesar da revolta e das frustrações, ele nunca se deixou levar à ociosidade e ao desânimo. Participa da criação de um pequeno jornal interno do asilo: "O Momento"; escreve e participa de peças teatrais; ajuda na criação do "Jazz Band de Aymorés"; e participa da equipe de futebol.
Jazz-Band de Aymorés. Jésus Gonçalves é o clarinetista.

A inquietude da alma, que outrora foi motor de ódio e guerras em vidas pregressas, hoje movia-o para trabalhos edificantes, construindo obras, levando-o a busca até a conversão...

Na época, Jésus sofria muito com problemas no fígado e buscava a transferência para o Hospital Padre Bento em Guarulhos, que possuia fama de oferecer melhores serviços médicos. Mas suas cartas paravam nas mãos do Diretor do Sanatório Aymorés, que não queria perder seu mais ativo e dinâmico interno. Em setembro de 1937 consegue driblar todos os empecilhos e obtem a transferência para "Padre Bento". Mas não conseguiu chegar até lá: durante a viajem, as dores no fígado o obrigaram a parar em Itú para receber assistência médica, e alí ficou no Hospital de Pirapitinguí, convencido pelo diretor do hospital, com promessas de melhores cuidados médicos.

Em Pirapintinguí, Jésus logo se revela o mesmo indivíduo de destaque, um líder natural entre os internos, conquistando logo a admiração e o respeito pelo seu caráter reto e íntegro e palo sua capacidade de realização e trabalho.
Fundou ali a "Jazz Band ", a Rádio Clube de Pirapitinguí (existente até hoje) e um jornal interno, o "Nosso Jornal".
Mas doença avança lenta e penosamente, tomando-lhe o corpo, e os medicamentos se tornam cada vez mais inoperosos. A dor, a angústia e a solidão levam o indivíduo a buscar Deus. Com Jésus Gonçalves não seria diferente, mas ele O nega ainda, procurando-O somente nas vestimentas do trabalho, da atividade artística, da criação.
Ninita, uma amiga do hospital a quem posteriormente se uniria em matrimônio, era estudiosa da Doutrina Espírita e tentava inutilmente esclarecer a mente materialista do ateu Jésus.
Jésus com Ninita, última companheira de Jésus.


Em 1943 Anita desencarnou, e no velório da mesma aconteceram diversos acontecimentos mediúnicos de clarividência de alguns colegas seus e finalmente Anita passou uma mensagem para ele de uma forma bastante íntima onde Jésus não teve dúvidas da veracidade das informações: "Velho, não duvides mais, Deus existe!".
Extremamente materialista ainda, mas bastante impressionado, buscou nos livros Espíritas as explicações para o contato. O Céu e o Inferno, de Allan Kardec, foi o marco inicial da grande transformação que ocorreira em seu ser.
Sua conversão definitiva ocorreu certo dia em que suas dores no fígado se apresentavam bem mais fortes que de costume. Os remédios não surtiam efeito e resolveu então chamar por aquele "deus" no qual ainda não acreditava: retirou um copo de água da talha, colocou-o na mesa da cozinha, e desafiou:
– Se Deus existe mesmo, dou cinco minutos para que coloque nesta água um remédio que me alivie a dor!
Quando bebeu a água sentiu que estava totalmente amarga. Chamou um companheiro que confirmou a alteração da água. Após 2 minutos nada mais sentia em dores, e ficou ao mesmo tempo agradecido e espantado. Reexamina então as saus bases materialistas e nos dias seguintes, já com suficientes provas e chamamentos, pôs-se a buscar nos estudos de obras espíritas as respostas que sempre procurou.


"Dor-auxílio": por duas vezes, suas dores no fígado mudaram totalmente o rumo da sua vida.

A Doutrina Espírita saciou-lhe a sede de explicações, fez-lhe beber nas fontes da lógica e do bom senso, a água límpida da Verdade. Buscou elucidar seus companheiros e irmãos na dor com a noção de Justiça Divina e submissão a dor, e como sempre, tudo fazia junto aos internos para melhoria da vida comunitária no Hospital. Nesta época, rejeitou o apelido "mestre", pelo qual era chamado desde Aymorés, devido a sua reconhecida superioridade intelectual e temperamento de líder.
Dedicou-se então, com o mesmo empenho que lhe era característico da alma, a construção e edificação de um centro espírita em Pirapitinguí. Devido a falta de recursos, buscou ajuda junto às comunidades espíritas para a construção do centro e estabeleceu um elo de ligação sem precedentes entre os leprosos e a sociedade. Sua iniciativa desperta os companheiros de Doutrina em diversas localidades, e as respostas não tardam a chegar, emprestando solidariedade moral e material à Campanha. Diversas caravanas Espíritas passaram a visitar o sanatório, levando alegria e conforto aos internos. Estas caravanas pioneiras abriram novas frentes de trabalho, não só aos praticantes da Doutrina, mas incentivando também outras religiões em iniciativas semelhantes.
Fundou em 1945 a "Sociedade Espírita Santo Agostinho", após muito estudo e superação de grandes dificuldades, que também trouxeram amizades e solidariedade de muitos que o apoiaram nesta época. Jésus participou ativamente das atividades do "Santo Agostinho", sempre movimentadas por um espírito de ação e dedicação sinceras: distribuição de sopa aos mais necessitados do Hospital, palestras de estudos e elucidação dos companheiros, orientação espiritual, sessões de desobsessão.
A doença, já em estado bastante evoluído, tirava os movimentos de Jésus, tomando-lhe a capacidade de trabalhar e de estar fisicamente nas atividades do "Santo Agostinho", que tanto lhe preencheram a alma nesta fase da sua vida. Porém tudo fez para não se afastar do trabalho, e construiu uma casinha nos fundos do centro.
Vinte dias antes de desencarnar, um fato marcou profundamente Pirapitinguí e o coração dos espíritas: com a doença já tendo lhe consumido todo o corpo, e também as cordas vocais, foi à sessão espírita e para a surpresa das 300 pessoas presentes, os Mentores da Casa devolveram-lhe a voz e aí fez uma preleção de quase 2 horas de elevados ensinamentos evangélicos. Ao término da preleção Jésus simplesmente perdeu novamente a voz. Na semana seguinte, o fenômeno se repetiria pela última vez.


Ele sofreu muito nos últimos dias, o seu corpo estava completamente deformado pela doença, seu rosto transfigurado e seus órgãos começaram a parar. Apesar das tentativas médicas, e lentamente desligava-se do corpo físico. E sua alma então libertava-se de sua existência árdua e espinhosa, mas sobretudo, purificadora. Pelo sofrimento, pôde encontrar o caminho que nos leva à Cristo, e pelo trabalho pode plantar novas sementes na sua história. Em 16 de fevereiro de 1947 desencarna Jésus Gonçalves, o Apóstolo de Pirapitinguí, o Poeta das Chagas Redentoras.


Jesus Gonçalves, depois de desencarnado, pediu que lhe chamassem Jésus, pois achava-se indigno de usar o mesmo nome de Jesus.


45 anos de vida: Linha do Tempo

     1902, 12 de Julho nasce em Borebi, SP
     1919: muda-se para Bauru, casa-se com Theodomira de Oliveira, viúva com duas filhas. Tem mais quatro filhos. A esposa falece deixando-o com 6 crianças
     Clarinetista - Jazz Band de Bauru
     Escritor, diretor e ator de teatro
     Colaborador de jornais
     1932: casa-se com Anita Vilela
     Hanseníase - Lepra
     1937: Colônia de Pirapitingui, internado e lá produz teatro, jornal e uma rádio,
    a PCR-2
     1943: falece Anita, companheira de 12 anos
     Conversão...
     1945: 16 de agosto, funda a Sociedade Espírita Santo Agostinho
     1947: RETORNO A DEUS!



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Uma biografia mais completa:



Biografia de Jésus Gonçalves

Deste divulgador do espiritismo no Brasil. Jésus veio ao mundo no dia 12 de julho de 1902, nascido na cidade de Borebi (interior de São Paulo). De família de lavradores, ficou órfão de mãe aos 3 anos.

Aos 14 anos empregou-se em uma fazenda. Neste época, começou a aprender música e se apresentar com uma banda em quermesses e bailes. Ao completar 17 anos mudou-se para Bauru (também interior de São Paulo).

Três anos depois casou-se com Theodomira, que era viúva e tinha duas filhas. O casal teve mais quatro filhos. Nesta época já trabalhava como tesoureiro na prefeitura da cidade.

Em 1930, sua esposa desencarnou com tuberculose. Apesar das dificuldades em criar as seis crianças, continuou a tocar clarinete na banda da prefeitura e atuar como diretor e ator de teatro. Mesmo sem ter o ginásio completo, colaborava com poesias e prosas em vários jornais.

Casou-se novamente com Anita Vilela, vizinha que o auxiliava a cuidar dos filhos. Mas aos 27 anos soube que era portador de hanseníase (lepra). Anita conhecia a doutrina espírita e tentava, em vão, esclarecer o ateu Jésus.

Nestes tempos os doentes eram obrigados a abandonar seus empregos e viverem isolados da sociedade, ou em suas casas ou em leprosários. Foi aposentado prematuramente e passou a viver em uma moradia cedida pela Câmara Municipal. Ele continuou a escrever para o “Correio da Noroeste”.

Pouco depois, Jésus muda para um sítio, onde passou a cultivar frutas. Em agosto de 1933, é recolhido pelo Serviço Sanitário que o interna no Asilo-Colônia Aymorés. Líder nato, funda no asilo o jornal interno “O Momento”, a “Jazz Band de Aymorés”, uma equipe de futebol e um grupo teatral interno.

Sofrendo de problemas no fígado, ele buscava a transferência para um hospital de Guarulhos, mas suas cartas eram interceptadas pelo diretor do sanatório, que não queria perder seu dinâmico interno.

Em 1937, consegue a transferência, mas fica no Hospital de Pirapitinguí, em Itú. Sem perder tempo, monta uma banda de jazz, a Rádio Clube de Pirapitinguí (existente até hoje) e o jornal interno “Nosso Jornal”.

Anita desencarnou em 1943. Durante o velório, marcado por fenômenos mediúnicos, a abnegada esposa dá uma mensagem, cuja intimidade do texto deixou Jésus sem, dúvidas de sua veracidade. Este pequeno trecho: “Velho, não duvides mais, Deus existe!”, faz com que ele busque nos livros espíritas as explicações para o contato.

Sua conversão ocorreu de forma bastante convincente. Um dia, às voltas com suas dores no fígado, resolveu chamar aquele Deus que tanto procurava, desafiando-o. Tirou um pouco de água e colocou em um copo dizendo:

“Se Deus existe mesmo, dou 5 minutos para que coloque nesta água um remédio que me alivie as dores que sinto”.

E contou no relógio. Quando começou a beber, sentiu que estava totalmente amarga. Chamou um companheiro que confirmou a alteração da água. Dois minutos depois todas as suas dores desapareceram.

Fundou em 1945, A Sociedade Espírita Santo Agostinho. Com dificuldades, conseguiu recursos junto às comunidades espíritas para a construção da sede. Diversas caravanas espíritas passaram a visitar o sanatório, levando alegria e conforto aos internos. Passou então a atender as incorporações de familiares e desobsessões severas, daqueles considerados “loucos”, permitindo a estes que voltassem a vida normal.

Vinte dias antes de desencarnar, com a doença já tendo lhe consumido todo o corpo e as cordas vocais, Jésus foi à sessão espírita. Para surpresa das 300 pessoas presentes, os mentores da casa devolveram-lhe a voz e ele pode fazer uma preleção de quase duas horas de duração, com elevados ensinamentos evangélicos. Ao término da palestra, a voz de Jésus sumiu novamente.

Seus últimos dias de vida foram muito dolorosos. Seu corpo estava completamente deformado pela doença, o rosto transfigurado e seus órgãos começaram a parar e, lentamente desligou-se do corpo físico.

Mas teve tempo de saber que o sofrimento é o caminho que nos leva a Cristo. Assim, pôde mudar a mentalidade daqueles que consideravam como animais fedorentos os doentes internados em asilos, sanatórios e leprosários.

Fonte: O Trevo — Julho / 02.

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segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Irmão Natividade


Manuel da Natividade de Maria nasceu a 08 de setembro de 1845. Foi padre, exercendo sua profissão na Igreja dos Mares, no bairro Calçada, no município de Salvador - Bahia.

Foi nomeado coadjuntor de Romualdo Maria de Seixas Barroso (titular) por provisão de 15 de maio de 1875 e empossado no mesmo dia.

Valoroso sacerdote, reverendo e católico, desempenhou importantes atividades no tentame do auxilio, a exemplo de sua assistência aos “alagados”, tornando-se missionário da caridade e do amor.
Desencarnou em extrema pobreza a 01 de janeiro de 1922, em modestíssimo barracão de tábuas atrás da Igreja dos Mares.
Mas sua obra não pára por aí... agora, em estado de espírito liberto, medica os necessitados com o passe do “Irmão Natividade” nos Centros Espíritas: Casa de Oração Bezerra de Menezes em Brotas, no Centro Espírita Paulo e Estevão na Pituba, no Jesus de Nazaré nos Alagados, no Grupo da Prece, em Amaralina, bem como na Federação Espírita da Bahia, no bairro do Iguatemi.

Fonte:
Jornal Humberto de Campos Crestomatia da Imortalidade – Divaldo Pereira Franco
Documento Igreja dos Mares


segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Yvonne do Amaral Pereira

Nascida em Rio das Flores (RJ), Yvonne completaria 78 anos de idade no dia 24 de dezembro de 1984, ano em que faleceu. Sua desencarnação ocorreu em março.

Solteira, Yvonne residia com uma irmã e sobrinhos no bairro da Piedade, no Rio, após ter residido nas cidades mineiras de Lavras e Juiz de Fora, o que levou muitos confrades a pensarem que ela tivesse nascido em Minas Gerais, terra de grandes médiuns e vultos notáveis do Espiritismo, como Chico Xavier, Eurípedes Barsanulfo, Abel Gomes e tantos outros.

Entre os anos 60 e 80, Yvonne do Amaral Pereira teve artigos seus publicados na revista Reformador, sob o pseudônimo de Frederico Francisco, nome escolhido em homenagem ao compositor polonês F. F. Chopin, com quem ela certamente mantinha estreitos laços espirituais com origem no passado.

Yvonne apresentou como médium diversas aptidões mediúnicas, assunto a que ela se refere da seguinte forma:

Tipos de mediunidade − Como médium psicógrafa trabalhei a vida inteira, desde 1926 até 1980, como receitista, assistida por entidades de grande elevação, como Bezerra de Menezes, Bittencourt Sampaio, Augusto Silva, Charles, Roberto de Canalejas e outros cujos nomes nunca soube. Fui e até hoje sou  médium conselheiro (ver O Livro dos Espíritos, classificação dos médiuns), psicoanalista e passista, assistida pelos mesmos Espíritos.

Como médium de incorporação, não fui da classe de sonambúlicos, mas falante (ver O Livro dos Médiuns) e tive especialidade para os casos de obsessão e suicidas, e um longo trabalho tenho exercido nesse setor.

Materializações − Fui igualmente médium de efeitos físicos (materializações) e cheguei a realizar algumas materializações à revelia da minha vontade, naturalmente, sem o desejar, durante sessões do gênero a que eu assistia, em plena assistência, isto é, sem cabina ou outra qualquer formalidade. Eram luminosas essas materializações. Mas não cheguei a me interessar por esse gênero de fenômeno, nunca o apreciei e não o cultivei, a conselho de Bezerra de Menezes e Charles, que não viam necessidade de me dedicar a tal setor da mediunidade.

Curas − Durante 54 anos e meio pratiquei curas espíritas através do receituário homeopata e passes e até através de preces. Consegui, muitas vezes, curas em obsidiados com certa facilidade, coadjuvada por companheiros afins. Senti sempre um grande amor pelos Espíritos obsessores e sempre os tive como amigos. Fui correspondida por eles e nunca me prejudicaram.
Burocracias como obstáculo à prática do bem − Conservei-me sempre espírita e médium muito independente, jamais consenti que a direção dos núcleos onde trabalhei bitolasse e burocratizasse as minhas faculdades mediúnicas.

Consagrei-as aos serviços de Jesus e apenas obedecia, irrestritamente, à Igreja do Alto, e com ela exercia a caridade em qualquer dia e hora em que fosse procurada pelos sofredores. Para isso, aprofundei-me no estudo severo da doutrina, a fim de conhecer o terreno em que caminhava e conservar com razão a minha independência. No entanto, observei a rigor o critério e os horários fixados pelos poucos centros onde servi, mas jamais me submeti à burocracia mantida por alguns. Se não me permitiam atender necessitados no Centro, por isso ou por aquilo, em determinados dias, eu os atendia em qualquer outra parte, fosse em minha residência ou na deles, e assim consegui curas significativas, pois aprendi com o Evangelho e a Doutrina Espírita que não há hora nem dia para se exercer o bem.
As curas que consegui foram realizadas com simplicidade, sem formalismo nem inovações na prática espírita. Fui sempre avessa à propaganda dos meus próprios trabalhos e jamais aceitei as homenagens que me quiseram prestar.

Federação Espírita Brasileira − Amei e respeitei a Casa-Máter do Espiritismo no Brasil desde a minha infância, guiada por meu pai, que igualmente a amava e respeitava. A ela submeti-me mais tarde, aconselhada por meus amados Guias Espirituais Bezerra de Menezes e Charles.
Diziam-se as duas entidades: ‘Somente à Federação Espírita Brasileira confia as tuas produções literárias mediúnicas. Se, um dia, alguma delas for rejeitada, submete-te: Guarda-a, a fim de refazê-la mais tarde, ou destrua-a. Mas, não a confies a outrem.’
Essa foi a razão pela qual nunca doei nenhum livro por mim recebido às editoras que me solicitaram publicações.

            No texto que segue, Yvonne A. Pereira fala de sua infância, de seus pais e do surgimento do fenômeno mediúnico em sua vida e informa que, ao contrário do que muitos pensam, não chegou a formar-se professora:

Descendência − Nasci a 24 de dezembro de 1906, após um baile na residência de minha avó materna, num sítio nos arredores do Rio de Janeiro, hoje cidade de Rio das Flores.
Por linha paterna, certamente que descendo de judeus portugueses... e também descendo de índios brasileiros da tribo Goitacás, pois que minha bisavó paterna era Índia Goitacás.
Influência dos pais − Meu pai era generoso de coração, muito desinteressado dos bens de fortuna, e por essa razão não pôde ser bom negociante. Por três vezes foi negociante e arruinou-se, visto que favorecia os fregueses em prejuízo próprio.

Fui criada com muita modéstia, mesmo pobreza, conheci dificuldades de todo gênero, coisa que me beneficiou muito, pois bem cedo alheei-me das vaidades do mundo.
Aprendi assim, com meus pais, a servir o próximo mais necessitado do que nós, pois, em nossa casa, eram acolhidas com carinho e respeito, e até hospedadas, pobres criaturas destituídas de recursos e até mesmo mendigos, alguns dos quais foram por eles sustentados durante muito tempo.

Influência religiosa − Nasci em ambiente espírita, por assim dizer, e por isso nunca tive outra crença senão a espírita. Meu pai tornou-se espírita, embora não militante, desde antes do meu nascimento.
Recebi, portanto, de meu próprio pai as primeiras lições de doutrina espírita e prática do Espiritismo e Evangelho.
Ele fazia, já naquele tempo, reuniões de estudos doutrinários com os filhos, semanalmente, o que a todos nós solidificou na Doutrina Espírita.

Escolaridade − Ao contrário do que muitos amigos supuseram a meu respeito, não sou professora diplomada nem fiz outro qualquer curso escolar, a não ser o primário, fato que, para mim, constituiu grande provação.

Surgimento da mediunidade − A mediunidade apresentou-se em minha vida ainda na infância.
Com um mês de idade, ia sendo enterrada viva devido a um fenômeno de catalepsia, 'morte aparente', que sofri, fenômeno que no decorrer de minha existência repetiu-se muitas vezes.

Aos 5 anos eu já via Espíritos e com eles falava.

Desenvolvimento mediúnico − Nunca desenvolvi a mediunidade, ela apresentou-se por si mesma, naturalmente, sem que eu me preocupasse em atraí-la, pois, em verdade, não há necessidade de se desenvolver a faculdade mediúnica, ela se apresentará sozinha, se realmente existir, e se formos dedicados às operosidades espíritas.

A primeira vez em que me sentei a uma mesa de sessão prática recebi uma comunicação do Espírito Roberto de Canalejas, tratando de suicídios.

Decepção no primeiro encontro com a FEB

O primeiro encontro de Yvonne A. Pereira com a cúpula da Federação Espírita Brasileira não poderia ter sido mais decepcionante. Eis como Yvonne se refere ao assunto:
A primeira vez que visitei a FEB, levando uma obra mediúnica, esta não foi recebida, nem mesmo lida. Foi pelo ano de 1944, e quem me recebeu, no topo da escadaria principal, foi o Sr. Manuel Quintão, na época um dos seus diretores e examinadores das obras literárias a ela confiadas.
Quando expliquei que levava dois livros ao exame da Federação (eram eles Memórias de um Suicida e Amor e Ódio), aquele senhor cortou-me a palavra, dizendo: −Não, não e não! Aqui só entram livros mediúnicos de Chico Xavier. Estou muito ocupado, tenho duzentos livros para examinar e traduzir e não disponho de tempo para mais...
E voltou a conversar com o Dr. Carlos Imbassahy, com quem falava à minha chegada.
Retirei-me sem me agastar. Eu reconhecia a minha incapacidade e não insisti. Aliás, eu mesma não soubera compreender o enredo de 'Memórias de um Suicida', acreditava tratar-se de uma grande mistificação e, silenciei.
Em chegando à minha residência, tomei de uma caixa de fósforos e dos originais dos dois livros e dirigi-me ao quintal, a fim de queimá-los, pois nem mesmo tinha local conveniente para guardá-los. Mas, ao riscar o fósforo e aproximar as páginas da chama, vi, de súbito, o braço e a mão de um homem, transparentes e levemente azulados, estendidos como protegendo as páginas, e uma voz assustada, dizendo-me ao ouvido: ‘ − Espera! Guarda-os!’ Meu coração reconheceu-a como sendo vibrações de Bezerra de Menezes.

Certa manhã, porém, após as preces e o receituário que eu fazia em meu humilde domicílio, para os necessitados que me procuravam, apresentou-se Léon Denis dizendo: − Vamos refazer o livro sobre o suicídio. Ele está incompleto, não poderá ser publicado como está.
Então, compreendi que o Sr. Quintão fora inspirado pelos amigos espirituais para não me receber quando o procurei na Federação.
De fato, foi somente no ano de 1955 que Yvonne pôde concluir a obra de Camilo Castelo Branco, então corrigida doutrinariamente por Léon Denis e legar à humanidade essa preciosidade literária mediúnica intitulada Memórias de um Suicida, que acabou sendo publicada pela FEB.

A desencarnação de Yvonne

Yvonne A. Pereira desencarnou em 9 de março de 1984, no Rio de Janeiro, aos 77 anos de idade. O sepultamento do seu corpo foi realizado no dia 10, às 16h30, no Cemitério de Inhaúma, com acompanhamento de familiares e confrades, dentre os quais havia muitos jornalistas e escritores espíritas e dirigentes de Centros Espíritas, doInstituto de Cultura Espírita do Brasil e da Federação Espírita Brasileira.

Yvonne dedicou-se à mediunidade desde os 20 anos de idade, psicografando inúmeros livros e mensagens de Espíritos como Dr. Bezerra de Menezes, Bittencourt Sampaio, Augusto Elias da Silva, Charles, Roberto de Canalejas, Léon Tolstoi, Camilo Castelo Branco e outros.

Dentre as obras que psicografou destacam-se o clássico Memórias de um Suicida, obra escrita por Camilo Castelo Branco, e o romance Amor e Ódio, de Charles, que é, juntamente com Ave, Cristo, de Emmanuel, considerado por muitos estudiosos o melhor romance espírita já produzido em nosso País.
Foi em Lavras (MG) que ela exerceu sua primeira atividade de grande responsabilidade no meio espírita, quando, ainda muito jovem, pertenceu à diretoria do Centro Espírita de Lavras, como secretária. Ali ela dirigiu o Posto Mediúnico e foi durante vários anos a médium responsável pelo intercâmbio espiritual no setor de receituário e de curas.

Em Juiz de Fora (MG), foi secretária, bibliotecária e vice-presidente da Casa Espírita, além de colaboradora na Fundação João de Freitas. Na Casa Espírita fundou aBiblioteca James Jansen e ensinou trabalhos manuais no Instituto Profissional Eugênia Braga, gratuitamente.
Em Barra do Piraí (RJ), participou ativamente do Grêmio Espírita de Beneficência, como médium receitista e expositora de O Livro dos Espíritos e de O Evangelho segundo o Espiritismo. Na mesma época, ensinou moral cristã às crianças no Colégio Ismael e integrou o grupo de senhoras que cuidavam da área de assistência social doGrêmio Espírita de Beneficência.

Veja também aqui:

http://www.youtube.com/watch?v=Pbz75OnR5Fs

http://pt.wikipedia.org/wiki/Yvonne_do_Amaral_Pereira







Yvonne do Amaral Pereira - Outra Biografia

Yvonne do Amaral Pereira nasceu na antiga Vila de Santa Tereza de Valença, hoje Rio das Flores, sul do estado do Rio de Janeiro, às 6 horas da manhã.

O pai, um pequeno negociante, Manoel José Pereira Filho e a mãe Elizabeth do Amaral Pereira.

Teve 5 irmãos mais moços e um mais velho, filho do primeiro casamento da mãe.

Aos 29 dias de nascida, depois de um acesso de tosse, sobreveio uma sufocação que a deixou como morta (catalepsia ou morte aparente).

O fenômeno foi fruto dos muitos complexos que carregava no espírito, já que, na última existência terrestre, morrera afogada por suicídio. Durante 6 horas permaneceu nesse estado.

O médico e o farmacêutico atestaram morte por sufocação. O velório foi preparado. A suposta defunta foi vestida com grinalda e vestido branco e azul. O caixãozinho branco foi encomendado.

A mãe se retirou a um aposento, onde fez uma sincera e fervorosa prece a Maria de Nazaré, pedindo para que a situação fosse definida, pois, não acreditava que a filha estivesse morta.

Instantes depois, a criança acorda aos prantos. Todos os preparativos foram desfeitos. O funeral foi cancelado e a vida seguiu seu curso normal.

O pai, generoso de coração, desinteressado dos bens materiais, entrou em falência por três vezes, pois favorecia os fregueses em prejuízo próprio.

Mais tarde, tornou-se funcionário público, cargo que ocupou até sua desencarnação, em 1935.

O lar sempre foi pobre o modesto, conheceu dificuldades inerentes ao seu estado social, o que, segundo ela, a beneficiou muito, pois bem cedo alheou-se das vaidades mundanas e compreendeu as necessidades do próximo. O exemplo de conduta dos pais teve influência capital no futuro comportamento da médium.

Era comum albergar na casa pessoas necessitadas e mendigos.

Aos 4 anos já se comunicava audio-visualmente com os espíritos, aos quais considerava pessoas normais encarnadas. Duas entidades eram particularmente caras: O espírito Charles, a quem considerava pai terreno real, devido a lembranças vivas de uma encarnação passada, em que este espírito fora seu pai carnal.

Charles, o espírito elevado, foi seu orientador durante toda a sua vida e atividade mediúnica.

O espírito Roberto de Canalejas, que foi médico espanhol em meados do século XIX era a outra entidade pela qual nutria um profundo afeto e com a qual tinha ligações espirituais de longa data e dívidas a saldar.

Mais tarde, na vida adulta, manteria contatos mediúnicos regulares com outras entidades não menos evoluídas, como o Dr. Bezerra de Menezes, Camilo Castelo Branco, Frederic Chopin e outras.

Aos 8 anos repetiu-se o fenômeno de catalepsia, associado a desprendimento parcial. Aconteceu à noite e a visão que teve, a marcou pelo resto da vida. Em espírito, foi parar ante uma imagem do “Senhor dos Passos”, na igreja que freqüentava. Pedia socorro, pois sofria muito. A imagem, então, cobrando vida, lhe dirigiu as seguintes palavras: “Vem comigo minha filha, será o único recurso que terás para suportar os sofrimentos que te esperam”, aceitou a mão que lhe era estendida, subiu os degraus e não lembra de mais nada.

De fato, Yvonne Pereira foi uma criança infeliz.

Vivia acossada por uma imensa saudade do ambiente familiar que tivera na sua última encarnação na Espanha e que lembrava cm extraordinária clareza.

Considerava seus familiares, principalmente seu pai e irmãos, como estranhos. A casa, a cidade onde morava, eram totalmente estranhas. Para ela, o pai verdadeiro era o espírito Charles e a casa, a da Espanha. Esses sentimentos desencontrados e o afloramento das faculdades mediúnicas, faziam com que tivesse comportamento considerado anormal por seus familiares.

Por esse motivo, até os dez anos, passou a maior parte do tempo na casa da avó paterna. O seu lar era espírita.

Aos 8 anos teve o primeiro contato com um livro espírita. Aos 12, o pai deu-lhe de presente “O Evangelho segundo o Espiritismo” e o “Livro dos Espíritos”, que a acompanharam pelo resto da vida, sendo a sua leitura repetida, um bálsamo nas horas difíceis.

Aos 13 anos começou a freqüentar as sessões práticas de Espiritismo, que muito a encantavam, pois via os espíritos comunicantes.

Teve como instrução escolar o curso primário. Não pode, por motivos econômicos, fazer outros cursos, o que representou uma grande provação para ela, pois amava o estudo e a leitura.

Desde cedo teve que trabalhar para o seu próprio sustento, e o fez com a costura, bordado, rendas, flores, etc... A educação patriarcal que recebeu, fez com que vivesse afastada do mundo. Isto, por um lado, favoreceu o desenvolvimento e recolhimento mediúnico, mas por outro, a tornou excessivamente tímida e triste.

Como já vimos, a mediunidade apresentou-se nos primeiros dias de vida terrena, através do fenômeno de catalepsia, vindo a ser este, um fenômeno comum na sua vida a partir dos 16 anos.

A maior parte das reportagens de além-túmulo, dos romances, das crônicas e contos relatados por Yvonne Pereira, foram coletados no mundo espiritual através deste processo, na hora do sono reparador.

A sua mediunidade, porém, foi diversificada. Foi médium psicógrafo e receitista (Homeopatia) assistida por entidades de grande elevação, como Bezerra de Menezes, Charles, Roberto de Canalejas, Bittencourt Sampaio.

Praticou a mediunidade de incorporação e passista. Possuía mediunidade de efeitos físicos, chegando a realizar algumas sessões de materialização, mas nunca sentiu atração por esta modalidade mediúnica.

Os trabalhos, no campo da mediunidade, que mais gostava de fazer eram os de desdobramento, incorporação e receituário.

Como foi dito, através do desdobramento noturno que Yvonne Pereira navegava através do mundo espiritual, amparada por seus orientadores, coletando as crônicas, contos e romances com os quais hoje nos deleitamos.

Como médium psicofônico, pode entrar em contato com obsessores, obsidiados, e suicidas, aos quais, devotava um carinho especial, sendo que muitos deles tornaram-se espíritos amigos.

No receituário homeopático trabalhou em diversos centros espíritas de várias cidades em que morou durante os 54 anos de atividade.

Foi uma médium independente, que não se submetia aos entraves burocráticos que alguns centros exercem sobre seus trabalhadores, seguia sempre a “Igreja do Alto” e com ela exercia a caridade a qualquer hora e a qualquer dia em que fosse procurada pelos sofredores.

Foi uma esperantista convicta e trabalhou arduamente na sua propaganda e difusão, através de correspondência que mantinha com outros esperantistas, tanto no Brasil, quanto no exterior.

Desde muito pequena cultivou o estudo e a boa leitura.

Aos 16 anos já tinha lido obras dos grandes autores como Goethe, Bernardo Guimarães, José de Alencar, Alexandre Herculano, Arthur Conan Doyle e outros.

Escreveu muitos artigos publicados em jornais populares. Todos foram perdidos.

A obra mediúnica de Yvonne Pereira consta de 20 livros.

Yvonne do Amaral Pereira Nasceu no Rio de Janeiro em 24-12-1906

Desencarnou no Rio de Janeiro em 19-03-1984

Fonte: Jornal Macaé Espírita - Nº 289/290 - Janeiro e Fevereiro de 2000

Biografia compilada por Rocky Antonio Valencia Oyola