terça-feira, 6 de novembro de 2012

Cecília Rocha


Retorna à Pátria Espiritual Cecília Rocha

Retornou ao mundo espiritual, na madrugada no dia 5 de novembro, no Centro de Tratamento Intensivo do Hospital Santa Marta, no Distrito Federal, a confreira Cecília Rocha, aos 93 anos de idade.

Cecília Rocha nasceu em Porto Alegre (RS) em 21 de maio de 1919, mas desde a infância passou a viver na capital gaúcha, onde seus pais (José Rocha e Carmen Rocha) e irmãos (Otávio, Alberto, Mário e Fernando) fixaram residência. Em Porto Alegre, concluiu o ensino fundamental, seguido do curso secundário de magistério e o de pedagogia, com especialização em administração escolar. Exerceu o magistério de escolas de ensino fundamental, públicas e particulares, no interior e na capital do Rio Grande Sul, até a sua aposentadoria, após mais de trinta anos dedicados à profissão.

No ano de 1957, Cecília Rocha já estava em plena atividade no movimento espírita do seu Estado, atuando como evangelizadora. Neste mesmo ano, passou a dirigir a escola primária Instituto Espírita Amigo Germano, voltado à alfabetização de crianças carentes. Em 1958, participa da Confraternização de Mocidades Espíritas do Norte e Nordeste do Brasil, ocorrida em Teresina (PI), oportunidade que conheceu Divaldo Pereira Franco, a quem dedicou amizade até o final dos seus dias no plano físico. Em 1960, Cecília transfere residência temporária para a Mansão do Caminho, obra social-espírita, sediada em Salvador (BA), por dez meses, em atendimento ao convite que Divaldo lhe fizera de prestar orientações pedagógicas à escola primária ali existente. No período, teve oportunidade de viajar pelo Estado da Bahia e conhecer, de perto, o movimento espírita baiano.

Em julho de 1980, já aposentada, Cecília fixa residência em Brasília (DF), por solicitação do presidente da Federação Espírita Brasileira, Francisco Thiesen, passando a integrar a diretoria da FEB, exerceu os cargos de diretora (1980-1982) e de vice presidente, de 1983 até março de 2012. Por 31 anos, a nobre confreira se dedicou à organização e desenvolvimento da Área de Estudo, no campo experimental da FEB e do Movimento Espírita Federativo, sobretudo no que diz respeito à implantação e aperfeiçoamento das escolas de evangelização espírita infantojuvenil e estudo doutrinário espírita de adultos. Participou da elaboração e da implementação das Campanhas de Evangelização Espírita Infantojuvenil, no início juntamente com Maria Cecília Paiva, e do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita. Promoveu inúmeros cursos e seminários de treinamento nestas duas áreas, em todo o país e no exterior. Foi coordenadora da Área do ESDE das Comissões Regionais do CFN da FEB. Coordenou atividade educacional da FEB em Santo Antonio do Descoberto (GO). Autora e organizadora de livros infantis editados pela FEB e da obra “Pelos Caminhos da Evangelização”. No ano de 2009, a Editora da FERGS lançou a obra “A Missão e os Missionários”, de Gladis Pedersen de Oliveira, focalizando “a figura de Cecília Rocha mergulhada na ação evangelizadora de corpo e alma, isto é, de mente e coração”, resgatando “todo o seu esforço em prol da evangelização da criança e do jovem”. A FEB prestou homenagens a Cecília Rocha durante o ano de 2012, em Seminário realizado em junho, e nas comemorações dos 35 anos da Campanha Permanente da Evangelização Espírita Infantojuvenil, em julho. Nas duas oportunidades, Cecília não pode comparecer em virtude de imprevistos de sua saúde.

À irmã Cecília Rocha, respeitada obreira espírita, rogamos a Jesus bênçãos de paz durante o seu retorno à Pátria Espiritual e registramos as homenagens da Federação Espírita Brasileira.

O velório será amanhã (06.11.2012), das 7hs as 8:30hs no cemitério Campo da Esperança – Asa Sul- Brasília-DF

RELEMBRANDO O DR. HERNÂNI GUIMARÃES ANDRADA




Desencarnou no dia 25 de abril de 2003, em Bauru, Estado de São Paulo, pouco mais de um mês antes do seu nonagésimo aniversário, Hernani Guimarães Andrade, um dos mais conceituados pesquisadores brasileiros do fenômeno paranormal, de renome internacional.
Embora nascido em Araguari, Estado de Minas Gerais, em 31 de maio de 1913, cedo se radicou na capital paulistana, onde se graduou em engenharia na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Pouco depois de formado, tornou-se engenheiro da Usina de Volta Redonda. Retornando à metrópole paulistana, ingressou no Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo, no qual fez carreira profissional até se aposentar compulsoriamente aos 70 anos de idade como Diretor Setorial desse organismo, em 31 de maio de 1983.
Casado com D. Cyomara de G. Andrade teve quatro filhos, três engenheiros e uma psicóloga, foi um pai prestimoso e esposo exemplar, e quem frequentou o seu domicílio sempre testemunhou aquela imensa capacidade de compreensão e de diálogo, não apenas com os familiares, mas também com os amigos e companheiros de Doutrina.
Tornou-se espírita aos 16 anos de idade, atraído pela racionalidade e pela coerência dos postulados kardecistas. Após estudar exaustivamente as obras clássicas da Doutrina (Delanne, Denis, Bozzano, Flammarion, Crookes, Aksakoff, Richet, Crawford, Lombroso, de Rochas e tantos outros) examinou os experimentos e teorias dos metapsiquistas e dos parapsicólogos na busca da realidade e da essencialidade do espírito.
Possuía conhecimentos aprofundados de Física e de diversos aspectos das Ciências Biológicas, da Cosmologia, da Estatística e da Psicologia. Tinha apreciável domínio de várias disciplinas filosóficas, principalmente aquelas mais relacionadas com a Ciência (Lógica, Epistemologia, Metodologia da Pesquisa e Gnosiologia).
Era um motivador e emulador de jovens que se iniciavam no estudo do aspecto científico do Espiritismo. O signatário conheceu-o em 1956 e, desde essa época, cultivou sua amizade, carinho e orientação até os derradeiros dias de sua existência terrena. Foi, para muitos, um autêntico mentor encarnado. Nessa tarefa ministrou cursos, seminários e palestras, orientou leituras, montagem de laboratório e roteiros de experiências, incentivou a leitura de artigos em periódicos e livros.
Sua modéstia, integridade moral, austeridade intelectual, prudência e sabedoria e, principalmente, sua generosidade era incomparável. Cada visita em sua residência ou em sua instituição era um momento de intensa aprendizagem e de atualização no que tange às investigações dos fatos paranormais levados a efeito no País e no mundo, porquanto mantinha correspondência assídua com dezenas de instituições e cientistas.
Quantos autores de ensaios e livros se beneficiaram dos textos de sua autoria ou de traduções de pesquisadores estrangeiros, inclusive o signatário, para redigir seus artigos e até capítulos inteiros de livros.
Com o objetivo de evitar o preconceito existente nos meios da ciência acadêmica em relação ao Espiritismo, deu o nome de “Psicobiofísica, a disciplina científica cujo objeto é o estudo dos fenômenos psíquicos, biológicos e físicos em todas as suas manifestações, com ênfase nas de caráter paranormal.”.
Segundo Hernani, “a Psicobiofísica parte dos seguintes princípios, cuja realidade é sobejamente apoida pelas evidências observacionais e experimentais”:
1)A existência do Espírito como realidade positiva e demonstrável... ainda que não aceita pelo “establishment” científico oficial;
2) A existência dos fenômenos paranormais;
3) A classificação desses fenômenos segundo as categorias psíquica, biológica e física e a tentativa de explicá-los e a descoberta de suas leis;
4) Ao contrário da moderna Parapsicologia, aceita, a priori, a existência, a sobrevivência do Espírito e a reencarnação,... e admite a interação entre as matérias física e espiritual.”
Fundou, em 13 de dezembro de 1963, juntamente com outros estudiosos do aspecto científico da Doutrina, o IBPP – Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísicas, com sede em São Paulo, do qual o signatário integrou o Conselho Superior em sua primeira gestão.
Durante muitos anos efetuou investigações sobre o fenômeno “psi”, segundo os cânones adotados pelo norte-americano J. B. Rhine; sobre reencarnação pelo método criado por Hemendra Nath Banerjee e Ian Stevenson, sobre Poltergeist pelo processo por ele criado, sobre Transcomunicação Instrumental (TCI) segundo os paradigmas adotados pelos estudiosos europeus. Foi o primeiro brasileiro a projetar e construir uma câmara de Kirlian para estudos da aura humana.
Há cerca de quarenta anos, Hernani Guimarães Andrade encetou a pesquisa do hipotético campo de forças que, supostamente, estaria implicado na ligação entre o Espírito (como substância) e a matéria, no fenômeno da vida.  A abordagem desse enigmático tema iniciou-se de forma teórica com a publicação de dois livros: A Teoria Corpuscular do Espírito e Novos Rumos à Experimentação Espirítica.
A seguir, em outubro de 1961, Andrade encetou a construção do primeiro aparelho destinado a verificar o acerto ou a falácia de sua teoria, teoria esta que possuía os seus próprios recursos para contradizê-la ou aprová-la por meios experimentais. Hernani procurou equipar-se para a tarefa. Montou uma oficina mecânica na garagem da casa em que residia. Devido à sua natural inexperiência, começou pelo caminho mais dispendioso e difícil. Procurou construir um aparelho acionada a eletricidade cuja elaboração tornou-se mais complicada e dispendiosa. O aparelho denominado Tensionador Espacial Electromagnético (TEEM) começou a ser fabricado por ele e seus três filhos, no dia primeiro de outubro de 1961. Em 23 de outubro de 1966, o TEEM estava concluído e pronto para os primeiros testes de funcionamento e ajustagens eletromecânicas.

O CAMPO BIOMAGNÉTICO – (CBM) e os T.E.E.M. e T.E.M.
Para a concepção de um aparelho capaz de produzir o campo biomagnético – CBM, Andrade partiu de duas hipóteses de trabalho:
1) Supondo-se que o CBM seja o campo que liga o Espírito à matéria orgânica a fim de vivificá-la, deverá existir também um CBM na própria matéria física. A pesquisa teórica acerca desta hipótese acha-se relatada na obra de Andrade intitulada Psi Quântico (Uma Extensão dos Conceitos Quânticos e Atômicos à Idéia do Espírito). (Andrade, 1986, capítulos VI e VII). A esse respeito ele postulou que o CBM, na matéria, é gerado pelo movimento dos elétrons nas camadas orbitais dos átomos (opus cit. pp. 122 e 123). Neste caso o CBM não seria registrável em nosso espaço físico. Por outro lado, ele se propagaria para fora do nosso espaço, em direção ao hiperespaço.
Explicando tal hipótese com um pouco mais de precisão diremos que, em um modelo geométrico, teríamos de referir-nos a um sistema de quatro eixos referenciais (x, y, z, h)) todos perpendiculares entre si, definindo um espaço de quatro dimensões (4D). Três desses eixos (x, y, z) correspondentes ao nosso espaço físico (3D). O quarto eixo (h) indicaria a direção seguida pelo campo biomagnético – CBM – gerado pelos elétrons em suas camadas orbitais nos átomos físicos.
Andrade chegou à conclusão de que, nas condições de movimento dos elétrons, raciocinando-se com o auxílio de um modelo de Bohr para o átomo, as órbitas eletrônicas funcionariam como “solenóides”. O movimento dos elétrons nesses “solenóides” equivaleria a correntes elétricas. Logo, as órbitas eletrônicas seriam sedes de intenso campo magnético. Assim, por exemplo, o campo magnético gerado pelo único elétron na órbita fundamental (primeira órbita) de um átomo de hidrogênio não excitado seria, aproximadamente, da ordem de cento e vinte e cinco mil Oersted! Como este campo magnético não aparece nos átomos, pois o ferro magnetismo é devido ao “spin” dos elétrons, Andrade concluiu que ele está “compensado”. Esta compensação teria como resultado uma espécie de tensão mecânica do espaço vazio do mesmo tipo que se obteria contrapondo-se os dois pólos de mesmo nome de dois ímãs. Uma bobina esférica poderia imitar as condições dos átomos em seu interior, quando se fizesse circular uma corrente elétrica contínua pela bobina esférica.

Portanto, se criarmos, em uma dada região do nosso espaço, um tensionamento por meio de dois ou mais ímãs ou eletroímãs contraposto por seus pólos de mesmo nome, poderemos produzir um campo semelhante ao campo biomagnético.
2) A segunda hipótese seria criarem-se, também, condições idênticas à do tensionamento do espaço vazio (repulsão) contrapondo-se, da mesma forma, pólos idênticos de ímãs ou eletroímãs. Neste caso, procura-se simplesmente criar um efeito contrário ao de ímãs dispostos com os pólos de nomes contrários frente a frente (atração).
Ambos os raciocínios (1) e (2) anteriores se equivalem. O segundo é mais simples e inteligível. Com efeito, se a região entre os pólos de nomes contrários dos ímãs ou eletroímãs, em atração, é capaz de inibir o desenvolvimento de alguns processos biológicos, a região onde ocorre a repulsão entre pólos de mesmo nome poderia favorecer o desenvolvimento daqueles mesmos processos biológicos.
Andrade postulou que, na região onde se dá a repulsão entre os pólos magnéticos de mesmo nome, deveria criar-se um outro campo com propriedades biológicas, resultante da alteração das condições físicas do espaço-tempo. Ao provocar a repulsão magnética entre pólos iguais, tem-se uma reação semelhante à de um fluido elástico ao ser tencionado por compressão.
Daí o nome adotado para designar o aparelho destinado a produzir o referido efeito no espaço entre pólos semelhantes: Tensionador Espacial Eletromagnético – T.E.E.M., quando se usam magnetos ativados por corrente elétrica contínua.
Quando são empregados ímãs de alto poder coercitivo, usa-se a designação: Tensionador Espacial Magnético – TEM. Este sistema é mais funcional e prático. Por esta razão, Hernani abandonou o sistema T.E.E.M. e passou a empregar o T.E.M. que foi desenvolvido pelo Engenheiro Ricardo de Godoy Andrade. (foto 2).

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Em primeiro de junho de 1992, devido a fatores vários, Andrade mudou-se com a família para a aprazível cidade de Bauru, no Estado de São Paulo, onde instalou em nova sede o Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísicas – IBPP.
Em sete de abril de 1995, Andrade que havia emprestado o T.E.E.M. para um grupo de universitários do Sul realizarem a pesquisa prometida e não realizada, trouxe-o para a nova sede do IBPP, em Bauru. Já se haviam passado trinta e quatro anos desde o dia em que ele iniciara a construção do T.E.E.M., buscando descobrir se realmente seria possível detectar o hipotético campo biomagnético (CBM).
Mas a luta não terminaria ainda. Ela seria retomada em outras condições e com outros tipos de equipamento, com novo sistema de pesquisa e com uma nova versão do T.E.E.M., mais cômoda, mais simples e sem necessidade de usar energia elétrica para acionar os magnetos.
O novo aparelho inventado por H. G. Andrade e construído por seu filho Engenheiro Ricardo de G. Andrade tomou o nome de Tensionador Espacial Magnético – T.E.M.
Em sua nova sede, Andrade pôde prosseguir nos seus trabalhos com maior eficiência. Além de abrir cursos de Psicobiofísica, ministrados na sede do Centro Espírita Amor e Caridade – CEAC equipou o IBPP com um laboratório, o qual o denominou de PSILAB. (abreviatura da palavra “psilaboratório”). O referido laboratório destinou-se à pesquisa do Campo Biomagnético (CBM); Para isso, Hernani dotou o laboratório de todos os acessórios necessários, tais como pipetas, tubos de ensaio, placas de Petri, etc, de Tensionador Espacial Magnético – T.E.M. estufas, autoclave e mesa de mármore para a manipulação e o preparo das culturas bactéricas.
No mês de junho de 1995, ocorreu o início dos trabalhos de pesquisa com a equipe formada pelos seguintes colaboradores voluntários: Dra. Sônia Maria Marafiotti Gomes, bióloga e bacteriologista, funcionária do Instituto “Adolfo Lutz”; sua auxiliar Sandra Regina E. Ribeiro, do mesmo Instituto “Adolfo Lutz”; Prof. Carlos Eduardo Noronha Luz, competente técnico eletrônico e a professora Suzuko Hashizume, na parte administrativa.

RETROSPECTO
As primeiras experiências efetuadas com o T.E.E.M., com o objetivo de detectar a existência do suposto Campo Biomagnético - CBM foram realizadas por H. G. Andrade, em São Paulo, com a colaboração do Dr. Gilberti Moreno e Dr. Roberto Yanaguita da Faculdade de Medicina Veterinária, da Universidade de São Paulo. Conforme postula Andrade em sua teoria este suposto Campo Biomagnético seria o agente de ligação entre o Modelo Organizador Biológico (MOB) do Espírito e a matéria orgânica de um ser vivo. O CBM possibilitaria a ação morfogenética do MOB sobre a matéria orgânica do ser vivo em desenvolvimento. A ligação do Espírito se faria logo no início do ser em formação. No caso das bactérias, por exemplo, o MOB controlaria as fases da mitose. Nos seres superiores, o MOB ligar-se-ia ao ovo e acompanharia a evolução embrionária, fetal, corporal, etc., continuando como sustentáculo da forma e da renovação celular do ser adulto, durante toda a sua vida.
O CBM seria o meio de ligação entre o MOB e o corpo material, constituindo aquilo que se denominaria corrente de alma do ser vivo. (Andrade, H.G. - ver Espírito, Perispírito e Alma – Ensaio Sobre O Modelo Organizador Biológico).
A morte se daria com a saída do Espírito, o qual abandonaria o soma, por não haver mais condições de manter os laços entre o Espírito e o corpo físico. A ausência da ação mantenedora do MOB através do CBM acarretaria a desorganização dos tecidos e a consequente histólise celular, seguida da decomposição do cadáver. (Andrade, 1983, 1984, 1986).

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Conforme registrado, nas últimas experiências feitas por H. G. Andrade e seus colaboradores em Bauru, foi empregado o Tensionador Espacial Magnético – T.E.M. Os resultados finais sugeriram que, na Câmara de Campos Compensados (CCC) do T.E.M., criou-se um campo estimulador dos processos biológicos; mais especificamente, um CBM. Andrade presume que seja o mesmo campo implicado na ligação do Espírito com a matéria orgânica dos seres vivos, no processo da reencarnação.
Diz Andrade, em vista das características do meio de obtenção do referido campo e dos seus efeitos sobre o crescimento das culturas de bactérias, parece razoável a suposição de que se trate realmente do CBM postulado pelos vitalistas e, ao que parece detectado por ele.
“Admitindo”-se que todo ser vivo, seja qual for, desde os vírus, as biomoléculas, as bactérias, até os animais superiores e, inclusive os vegetais, possui um fator que o anima e o organiza mediante um CBM, teremos dado um passo para explicar o surgimento da vida em nosso planeta.
“Complementado tal hipótese de trabalho, poderíamos explicar também a evolução biológica, acrescentando às teorias de Darwin, Mendel e Morgan a hipótese da reencarnação”.
Diz Andrade, “reconhecemos que a nossa proposta poderá parecer excessivamente otimista ou mesmo ingênua. Especialmente porque ela envolve um postulado ainda negado pela Ciência oficial: a existência do Espírito.”
Dois anos antes de seu desencarne, Andrade já passou a outros grupos o seu know-how. Agora resta aguardar os resultados e o que a criatividade desses grupos irá produzir daqui para frente.

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Foi um incansável divulgador dos estudos, teorias e pesquisas levadas a efeito no País e no exterior em livros e em periódicos. Manteve durante vinte e sete anos a página “Espiritismo-Ciência” no jornal Folha Espírita. Colaborou com numerosos artigos para outros periódicos como: No Mundo Maior, Obreiros do Bem, Revista Internacional de Espiritismo, Revista de Espiritismo, Planeta e Visão Espírita. Apresentou comunicações em Congressos de âmbito nacional e internacional, com textos inseridos em anais e “proceedings”. Participou de diversas antologias e coletâneas de ensaios. Contou, em todo esse labor, com a inestimável colaboração da professora Suzuko Hashizume, durante trinta e sete anos.
Coordenou e supervisionou a tradução da obra Vinte Casos Sugestivos de Reencarnação, (1970), de Ian Stevenson, dos fascículos sobre Parapsicologia, elaborados por Elsie Dubugras, e do fascículo sobre “Efeito Kirlian” publicado pela Editora Três e prestou assessoria científica na elaboração do Dicionário de Parapsicologia, Metapsíquica e Espiritismo, de autoria de João Teixeira de Paula. Seu nome aparece como verbetes na Enciclopédia da Vida Após a Morte de autoria de James Lewis, e seus trabalhos constituem a terceira parte (mais de cem páginas) dos livros Flying Cow e Indefinity Boundary do pesquisador inglês Guy Lyon Playfair (o primeiro traduzido para o vernáculo e publicado pela Editora Record sob o título A Força Desconhecida). Em 2011 Guy Lyon Playfair publicou em Londres, uma coletânea de pesquisas realizadas por Hernani com o título: Science & Spirit pela Editora Roundtable Publishing House Limited.  Por esta mesma editora a Sra. Elsa Rossi traduziu e publicou em Londres, em 2010 a edição inglesa de Renasceu por Amor com o título Reborn for Love. Em 2010, por iniciativa da Sra. Fernanda Marinho Göbel, residente na Alemanha também foi publicada a edição alemã deste mesmo livro Renasceu por Amor.
Deixou as seguintes obras: A Teoria Corpuscular do Espírito (1958) ed. autor; Novos Rumos à Experimentação Espirítica (1960) ed. autor; Parapsicologia Experimental (1967) ed. Calvário, SP; Caso Ruytemberg Rocha (1971), ed. autor; A Matéria Psi (1972), ed. O Clarim; Morte, Renascimento, Evolução (1983), ed. Pensamento; Espírito, Perispírito e Alma (1984), ed. Pensamento; Psi Quântico (1986) ed. Pensamento; Reencarnação no Brasil (1988) ed. O Clarim; Poltergeist (1989) ed. Pensamento; Transcomunicação Instrumental (1992) ed. Folha Espírita; Renasceu por Amor (um caso que sugere reencarnação) (1995), ed.. Folha Espírita; Transcomunicação Através dos Tempos (1997), ed. Folha Espírita; Morte, uma Luz no Fim do Túnel (1999) ed. Folha Espírita; Parapsicologia – Uma Visão Panorâmica (2002), ed. Folha Espírita; Você e a Reencarnação (2003), ed. CEAC, A Mente Move a Matéria (2004 publicada após seu desencarne pela Editora Folha Espírita) e Você, o Poltergeist e os Locais  Mal-Assombrados (publicada pela Casa Editora Espírita Pierre-Paul Didier, de Votuporanga, SP, em outubro de 2006, também após sua morte).
Redação: Y. Shimizu e S. Hashizume

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Pathwork - Entrevista com Eva Pierrakos




“Esta é uma entrevista na íntegra de Eva Pierrakos conduzida por Charles Rotmil, reproduzida com sua autorização. Charles Rotmil participa do Pathwork desde 1963 e esteve com Eva de 1963 ate seu falecimento. Atualmente reside em Maine.”

CHARLES: Poderia descrever o ambiente no qual cresceu?

EVA: Meu pai era um escritor muito famoso, nessa época. Mesmo depois de tanto tempo, ele ainda é relativamente famoso na Europa. Tínhamos um ambiente fantástico. Havia todos esses escritores, Thomas Mann, Bruno Walter, Herman Hesse, Arthur Schnitzler...que eram a elite intelectual de Viena. Eu desenvolvi um tipo de atitude anti-intelectual como protesto, que provavelmente foi minha forma de rebelião. De certa maneira, esse era ao mesmo tempo, um ambiente muito bonito. Muito culto ... tínhamos dinheiro sem sermos ricos, mesmo assim tínhamos uma vida muito luxuosa. Tínhamos uma propriedade no campo, onde meu pai vivia com sua segunda esposa, e uma linda mansão, e eu cresci nessas duas casas.

CHARLES: Que idade tinha então?

EVA: Meus pais se divorciaram quando eu ainda era muito pequena e quase não tenho lembranças de quando eles viviam juntos. Desde quando posso me lembrar, eles estavam em litígio judicial e havia um ódio absoluto entre eles, apesar de que naturalmente, eu não tinha consciência disso na época. Eu fui uma criança muito feliz --- eu somente sentia uma extrema inquietação quando via meus pais juntos. Isso era uma agonia. Por outro lado, minha madrasta e eu convivíamos bem. Ela era uma mulher dura e fria e eu não gostava dela; mas eu acreditava que gostava. Era uma mulher muito elegante. No verão, eu vivia três meses com meu pai, bem como no Natal e na Páscoa, o tempo restante eu passava, em Viena com minha mãe.

CHARLES: Como era o ambiente religioso nessa época?

EVA: Nenhum. Não havia nenhum. Meus pais, nem um nem o outro eram ateus; eles acreditavam em Deus, mas não falavam sobre isso. Havia uma orientação cristã, mas não havia uma educação religiosa.

CHARLES: Naquele tempo, qual era a sua concepção de Deus?

EVA: Não tinha nenhuma. Eu não pensava sobre isso.

CHARLES: Teve algum pressentimento ou aviso antecipado de algo excepcional acontecendo.

EVA: De maneira alguma! (rindo) Isso, dizendo muito pouco. Eu era, ao contrário, muito mundana. Nada espiritual. Estava completamente voltada para o exterior. Eu ria disfarçadamente, quando qualquer um falava sobre fenômenos psíquicos. De certa modo eu era muito superficial.

CHARLES: Quais eram, suas primeiras aspirações então?

EVA: Eu queria ser bailarina e comecei dançar ballet em criança. No inicio, ainda muito jovem, comecei a representar na escola. Meu pai era muito perfeccionista nessas coisas. Ele disse que, se eu não fosse uma bailarina ou artista qualquer de primeira classe, era melhor não ser nada... Desista durante dois anos. Se seu caminho é o de ser uma grande bailarina, você vai reiniciar o ballet. Não fiz isso, portanto penso que não era essa a minha vocação.

CHARLES: Com certeza dança hoje em dia. Lembra-se de ter tido, com pouca idade, algum sonho marcante?
EVA: Sim, mas não era nenhum prenúncio de tarefa ou algo assim. Isso veio depois.

CHARLES: Lembra-se de algum acontecimento de maior importância em sua infância que lhe causou impacto? O divórcio poderia ser um deles.

EVA: Realmente, o impacto era o constante clima de ódio entre meus pais, o processo judicial, a pensão alimentícia e a absoluta alienação entre meu pai e minha mãe. Esse era o clima constante, mas de alguma maneira consegui me acostumar a isso. Me adaptei a isto. Não podia nem mesmo imaginar um outro tipo de vida Em certo sentido, eu era como meus irmãos mais velhos e minha irmã. Havia uma considerável diferença de idade entre nós. Eles eram mais velhos do que eu e sofreram muito mais. Sabe, eles ainda se lembravam de quando meu pai e mãe viviam juntos, e isso foi muito dolorido para eles. Eles tiveram um trauma maior do que eu. Eu nem mesmo me lembrava deles (juntos). Por isso digo, que é melhor ter pais divorciados quando esses não se entendem, do que ficarem juntos por causa da criança. É um clichê tão bobo ficarem juntos por causa dos filhos. Isso não faz sentido.


Charles: Quantos anos você tinha quando teve o primeiro sinal de mudança ou de alguma coisa acontecendo?

Eva: Não foi uma mudança. Eu ainda era muito jovem, final da adolescência talvez. A mãe de uma amiga minha era espírita e fazia o jogo do copo. E nós fizemos. Foi no sul da França. Fizemos para nos divertir, e o copo começou mesmo a se mexer e a dar respostas. Eu não entendia, na época. Era "brincadeira de criança" e nós não sabíamos mesmo que estávamos brincando com fogo! No meio do dia estávamos na cabana de uma das garotas. A mesa se jogou contra mim e quase me bateu no estômago. Eu sei, não havia como ser um truque; fiquei muito desconfiada. Olhamos embaixo da mesa, mas havia somente estas duas outras garotas e eu. Este é o único fenômeno que eu lembro. E aí, eu não fazia idéia do que pudesse ter causado aquilo. Eu realmente não acreditava em espíritos. Eu não fazia idéia do que pudesse ter causado aquilo. Perguntava para as pessoas que sabiam mais a respeito e contava a eles o ocorrido. Perguntava para eles: "O que é isto? O que fez com que a mesa se movesse?" Ninguém conseguiu me dar uma resposta inteligente. Isto foi durante a guerra e eu não pensei mais a respeito. Então aquilo voltou bem mais tarde. Na primeira vez em que estive na Suiça, depois de ter estado nos Estados Unidos. Foi em 1952.

CHARLES: Aconteceu depois que veio para a América? Como veio aos Estados Unidos?

EVA: O pai de meu primeiro marido, Herman Broch, também era um escritor famoso. Ele nos deu um "visto por perigo", porque estávamos na França durante a ocupação*. Foi antes de casarmos. Casamos quando viemos para cá. Assim cheguei na América. Isso foi em 1941...em seguida casamos. E eu me tornei cidadã* durante a ocupação**.
*cidadã - refere-se a tornar-se cidadã americana
**refere-se a ocupação alemã da França.

Charles: OK. E quando você voltou para a Suíça o que aconteceu? Você diz ter tido escrita-automática.

Eva: Em 1951, que foi mais ou menos um ano antes, eu estava em Zurique com a minha mãe, a minha irmã e o homem com quem eu vivia, o André, um príncipe russo com quem eu tive uma relação intensa, embora nós não tenhamos nos casado porque ele não conseguiu obter o divórcio. Minha mãe nos disse que tinha uma amiga, era médium, e talvez nós quiséssemos ir vê-la. Eu disse: "OK. Vamos lá. Vai ser divertido... como ir ao cinema." Então ela disse: "Você tem que prometer levar a sério e não rir!" E foi assim que eu fui! (risadas) Estava toda preparada para rir. Foi muito interessante, me afetou, e eu percebi que não se tratava de uma coisa para rir. Havia algo em mim que me dizia para levar aquilo a sério. E eu escutei; e aí começaram estas palestras em transe. Acontecia de vez em quando, mas eu nunca tinha a menor idéia do acontecido. Era a última coisa que eu queria, mas era interessante. Comecei a ler livros sobre Fenômenos Psíquicos e Comunicação Espiritual. Abri a minha mente para estas possibilidades e me interessei. Aí esta mulher que nos levou até lá falou a respeito de reencarnação. Isto fazia sentido para mim, eu acreditava. Aí, esta mulher falou sobre a escrita automática e coisas do gênero. Ela tinha feito escrita automática uma vez, o que tinha se tornado muito perigoso porque ela não conseguira controlar. Agora, ela estava pronta para fazê-la de novo. Disse que eu poderia começar com ela. Eu disse: "Está bem, eu não tenho nada melhor para fazer!" Sentei-me com ela e ela começou a escrever automaticamente por um tempo. Então comecei a meditar a primeira vez na minha vida. Aí tive uma experiência interessante... Quase que me esqueço disso. Eu estava sentada, meditando, era verão, perto havia uma janela aberta. De repente, pela primeira vez, houve algum tipo de sinal. Isto foi em Zurique, na véspera de ano novo em 1950. Na Suíça, eles tocam todos os sinos de igreja. Foi então que eu senti alguma coisa, um poder incrível, como o poder de Cristo... como se os anjos estivessem lá. Eu não tinha nenhum conceito de tais coisas, mas foi alguma coisa tão forte que me forçou a ajoelhar. Foi incrível! Aí eu deixei isto de lado e esqueci completamente. Aquilo foi como um anúncio das coisas por virem. Este foi o mesmo ano em que eu fui levada à médium, sem saber o significado disto. Então, veio tudo muito rápido. Foi em 1951, início de 1952.

Novamente eu estava sentada perto da janela, meditando, no verão. Aconteceram muitas vezes, não apenas aquela. Senti um aroma incrível. Não era nenhum aroma que viesse de nada real. Olhei em volta do lado de fora. Não conseguia nem descrever este aroma. Era um aroma espiritual, mas ao mesmo tempo muito real e terreno. Provocou-me um sentimento tão inacreditável que não consigo descrever. Se for aproximado, era uma combinação de essências de madeira e metal. Era inacreditável. Imagino que os anjos tenham este cheiro. Quando isto me aconteceu, eu fiquei tão confusa. Junto com aquele aroma eu sabia que havia algum significado espiritual e eu deixei o assunto de lado. Aquilo foi muito forte. E então, talvez poucos meses depois daquilo, no verão de 1952, em agosto, eu ainda estava na Suíça, um dia eu estava sentada em casa e a minha mão ficou muito pesada, a minha mão direita. Eu estava sentada com os cotovelos sobre a mesa. Minha mão foi meio que puxada para baixo e começou a mover-se por conta própria. Peguei um lápis e ela se moveu. Fiquei muito entusiasmada. Eu não queria fazer escrita automática, e, ao mesmo tempo, estava fascinada. Não fiz muito, somente algumas linhas na diagonal atravessadas no papel. O fato de alguma coisa mover-se além da minha vontade era entusiasmante, assustador, fascinante, muito intrigante. No dia seguinte eu fui até a mulher que sabia a respeito disto e ela reagiu como se fosse algo trivial. Disse: "OK, você faz escrita automática." Passei a sentar-me para isto duas ou três vezes por semana.

Charles: Você estava recebendo algum tipo de mensagem?

Eva: Vieram muitas escritas diferentes, mensagens. Era apenas um passatempo muito interessante. Jamais me ocorreu que aquilo se tornaria no que se tornou... Jamais me ocorreria em um milhão de anos.

Charles: Quando o Guia começou a se manifestar, houve um período em que ele lhe disse que você teria que passar por sua própria purificação antes que pudesse aceitar isto.

Eva: No começo da escrita automática houve muitos testes, muitas entidades diferentes vindo, uma mistura total de níveis... espíritos muito baixos. Tive que aprender a não acreditar no que diziam, que existem muitos perigos, comunicação errada, e a não engolir tudo o que diziam. Com muita freqüência eu era tentada a jogar tudo para o lado. "Talvez a Igreja esteja certa, você não deve ter nada a ver com isso - é muito confuso."

Aí surgiram mensagens intermediárias que eram a tal ponto fenomenais, que foram incríveis - coisas que eu não tinha como saber, e que se verificou serem verdadeiras. Eram realmente impossíveis, coisas que eu nunca acreditaria que pudessem ser daquele modo. E elas eram verdadeiras. E coisas que eram falsas. Previsões! Embora eu não soubesse, na época, que não se deve preocupar-se com previsões... muitas coisas. Então, aos poucos, eu aprendi a lidar com estas coisas, a questionar estes espíritos, a aprender que muitos deles são simplesmente espíritos baixos e que precisam de ajuda. Mentem como seres humanos, fingem ser o que não são. Levei muito tempo para descobrir isto.

Muito gradualmente, aos poucos, uma vez ou outra, vinha uma escrita que era muito diferente. Mais tarde, fiquei sabendo que era o Guia: aconselhamento fantástico sobre desenvolvimento pessoal. Não vinha muito freqüentemente, mas realmente me testava pois estava misturado com estas outras coisas. Foi para mim, neste estágio precoce, um treinamento inacreditável lidar com isto. E havia tanta confusão. Chegou um ponto em que eu decidi que era demais, que não dava para mim. Desisti. Mas quando desisti tive um sentimento ruim, inacreditável, com se a vida tivesse ido embora de mim... como um frio em mim... escuridão em mim... Um sentimento de ter feito alguma coisa errada. Então, depois de dois dias eu retomei e me senti bem com isto. Mais ou menos ao mesmo tempo, a mediunidade auditiva se desenvolveu... não ouvir vozes, como vocês ouvem vozes, mas como se a falação estivesse dentro de mim, não no meu cérebro. Mais tarde isto acabou sendo o meu canal. O primeiro sinal da abertura do canal. Muitas coisas aconteceram em poucos meses. Nestes poucos meses, este aconselhamento incrível, lúcido, sábio, forte - eu acho que era o Guia, ele não se identificou - disse: "Sim, você tem uma tarefa!" E não me disse nada mais a respeito. O importante é o seu desenvolvimento pessoal. Então, mais tarde, na palestra falou-me diretamente o que eu tinha que fazer para enfrentar os meus problemas, dando-me guiança sobre como trabalhar comigo mesma.

Charles: Então você meio que tinha as palestras em microcosmos antes de chegarem... dentro de você!

Eva: Uma revisão diária... meu próprio canal escrevendo todas as noites... revisão diária. E sobre o que eu escrevia, as respostas vinham - escrita automática - e que direção tomar a respeito. Outra coisa: fui logo informada de que eu saberia mais do que esta outra mulher e que não precisava mais dela, embora precisasse porque eu não deveria fazer isto sozinha. "Você não deve fazer isto sozinha. É uma lei... uma lei Espiritual!"

Charles: Aterramento?

Eva: Sim, e o fato de que há decepções às vezes. É muito envolvente e você pode ser completamente pego nisto. Aí esta mesma voz, esta guiança, me disse que quando eu tivesse feito um aterramento suficiente na minha purificação, algumas outras pessoas seriam guiadas até mim, que também poderiam receber ajuda através deste canal e que me ajudariam me dando apoio e ficando comigo durante os transes e coisas do gênero. Naquela época - foi em 1952- o André e eu íamos voltar para os Estados Unidos. Ele tinha perdido o emprego com uma exportadora e não havia nenhuma razão lógica para presumir que voltaríamos para a Suíça porque ele precisava de um emprego e não se conseguia emprego para cidadãos americanos na Europa. Então o único jeito era voltar para os Estados Unidos. No que eu escrevia, vieram estas previsões incríveis. Naquele tempo eu ficava desconfiada com previsões. "Você voltará num futuro próximo porque precisa de treinamento. Haverá certas fases em que você precisará voltar." Foi uma daquelas coisas. Eu a rejeitei completamente. Deixei de lado. Bem, no outono de 1952 nós voltamos para os Estados Unidos. Eu queria retomar porque tinha tido o estúdio de dança antes o qual tivera de abandonar quando fomos para a Europa.

Charles: Quer dizer que você estava dando aulas?

Eva: Não havia motivo pelo qual eu não devesse me sustentar, mas aí eu recebi esta mensagem: "Agora é hora de esquecer completamente - a escrita automática - qualquer tipo de fenômenos; você tem que se concentrar completamente no seu próprio desenvolvimento e não fazer nada mais. Você não deve nem trabalhar por este curto período de tempo." Eu disse: "Como? Não é justo!" E o André foi muito bom a este respeito, ele aceitou. Então eu me concentrei realmente por um ano e meio mais ou menos; totalmente concentrada no meu próprio caminho. O canal só funcionava para isto. Somente me dizia tudo o que eu precisava a meu respeito. É por isto que quando eu ouço falar de pessoas que recebem mensagens fabulosas, como a Ann White, mas que não se trabalham, fico muito desconfiada.

Então, depois de um ano e meio de treinamento muito intensivo, pela primeira vez eu recebi o sinal verde: "O primeiro sinal verde vai ser dado a você agora. Você não tem que sair procurando ninguém... ele virá." Eis que eu e uma velha amiga nos encontramos e falamos sobre estas coisas. Eu não recebi um convite, eu não fazia idéia. Ela me disse: "O quê? Você pode fazer isto? Poderia escrever isto para mim?"

Isto foi na cidade de Nova Iorque entre 1952 e 1954. No início de 1954, ela teve algumas sessões com o seu pai. Ela veio e eu fiz a escrita automática e nenhuma da coisas que vieram tinha nada a ver com fenômenos. Cada vez mais o que eu escrevia se direcionava a ajudar as pessoas com o seu próprio caminho. Este foi o início do canal.

O André estava procurando emprego. Um dia ele conseguiu uma oferta do Marquis de Cuevas Ballet. Sendo originalmente o Ballet de Monte Carlo, eram muito famosos em Paris. O Marquis era o marido da Margaret Rockfeller. Eram bons amigos do André que tinha este nível de "alta sociedade" em sua casa. O Cuevas o convidou para ser gerente deste ballet em Paris. Por toda a minha vida eu sempre estive a margem de dançar, primeiro com o Harkness Ballet e agora com o Marquis de Cuevas Ballet. Era tão engraçado, como se tivesse talvez um dia sido o meu caminho, mas não nesta vida. De qualquer forma, o André recebeu esta proposta muito interessante para ir para Paris como gerente do Cuevas. De um dia para o outro, nos vimos de volta à Europa. Eu havia esquecido completamente que isto era o que tinha sido previsto. Ficávamos um pouco em Paris, indo e vindo de Zurique. Então o André começou a viajar muito com eles e eu me vi, de alguma forma, de volta a Zurique, onde eu havia estado antes. Foi lá que o meu treinamento, a minha mediunidade continuou. Fui guiada a uma outra moça, que também era uma amiga, que passou a fazer as sessões comigo. Ela também canalizava e nós nos encontrávamos com regularidade; entramos nisto.

Então um dia veio a mensagem: "Esta é a hora certa para você começar a treinar para o transe." "Eu não consigo entrar em transe, nunca consegui... é impossível!" "Sim, sim, você tem que fazer uma sessão." Deram-me instruções sobre o que fazer. Falaram-me sobre como abrir mão dos pensamentos, como não pensar, como deixar a minha mente fluir completamente. Disseram-me que eu devia fazer isto duas vezes por semana na presença da outra moça. E depois que fizéssemos isto, haveria sessões em que viria a escrita automática. Cada vez menos estes outros espíritos vinham pois eu realmente tinha aprendido a controlar e a discriminar. A guiança - ou o Guia - vinham na escrita automática. Eu nunca tinha pensado que entraria num transe; eu estava tão "lá". Acho que eu apenas perseverei. Aí, depois de um ano e meio de sessões, consegui entrar em transe. Profundo relaxamento.

De qualquer forma, a primeira vez que entrei em transe, nenhuma voz veio e eu apenas fiquei em transe. Foi um sentimento incrível, e daquela vez em diante eu consegui fazê-lo sem dificuldade. Então, na segunda vez que entrei em transe, veio a voz. Desde então, ela veio. Isto foi por volta do fim do outono de 1956.

Charles: Quem eram as pessoas do seu meio que deram suporte, que escutaram?

Eva: Naquela época, havia se formado um pequeno grupo em Zurique. Esta moça que mencionei aos poucos trouxe os outros seis, oito a dez pessoas e estes vinham com regularidade. Nos encontrávamos mais ou menos uma vez por semana para uma sessão com o Guia e ele lhes dava instruções. Foi por volta do fim da primavera de 1956 e início do outono. Uma das mensagens do Guia foi: "Quando você voltar para os Estados Unidos um grupo se formará. Mais tarde, outras pessoas virão e elas serão o núcleo do grupo que se formará em definitivo para a tarefa que você cumprirá." Não dava nem para começar a inventar a coisa, é tão forçado. Logicamente a voz não me disse nada sobre a vastidão da coisa. Eu pensei que o faria como um passatempo... para amigos, sabe. Por diversão, por interesse - não achava que isto seria a minha vocação. Aí, voltamos aos Estados Unidos em 1956 e este grupo realmente se formou. Lembro-me muito bem quem eram as pessoas.

Charles: Quem eram?

Eva: Bem, você não os conhece. Havia entre seis e oito pessoas que se reuniam e eu lhes dava uma sessão de transe a cada duas semanas. Foi isto, sabe. Foi assim que começou.

Charles: Obrigado. Agora eu posso passar para perguntas recentes. Por exemplo, o que você pode dizer sobre a energia que você sente agora do Guia em comparação à energia que sentia na época?

Eva: Energia inacreditavelmente mais forte... Inacreditável. Não há comparação. Fica sempre mais forte, cada vez mais pura.

Charles: Deve haver um sentimento tremendo quando você entra em transe. Tem alguma maneira de você descrevê-lo?

Eva: É muito difícil colocar este sentimento em palavras. Sabe, as pessoas geralmente pensam em transe como sendo alguma coisa inconsciente e isto não é verdade. Pode haver estados de transe em que se fica realmente adormecido. Não é o caso. Não é que eu não fique consciente, fico super-consciente. Não sei se isto faz algum sentido: é uma super-focalização da consciência. Esta super-consciência é o canal. A minha mente fica fora disto. O que o transe realmente significa é o permitir que outra consciência venha, o que é uma super-focalização - uma intensificação da consciência - o que soa muito contraditório.

Por um tempo muito longo antes de entrar em transe, havia sempre uma pequena ansiedade que tinha a ver com o tempo em que eu recebia coisas sem sentido - ou não recebia nada - o que criava dúvidas a meu próprio respeito. No momento em que eu consegui entregar, entregar para a vontade de Deus, perdi aquela ansiedade e agora me sinto muito confiante. O que é realmente prazeroso é quando saio do transe. O sentimento é de uma tremenda realização e existe um tremendo fluxo de energia nova.

Charles: Só para mudar de assunto um pouquinho. Alguém me contou que, a única vez que você cancelou uma palestra do Guia foi quando um dos gatos morreu. Você poderia falar sobre isto? Também sobre a sua relação com a Psyque. Existe um significado para isto.

Eva: Isto é engraçado. É verdade.

Charles: É surpreendente: aconteça o que acontecer, você está lá.

Eva: Sim. Bem, no dia em que o gato morreu eu estava muito aborrecida. Eu adoro os meus gatos e tenho uma relação muito especial com eles e deduzi pelos meus sonhos que os meus gatos têm uma representação simbólica muito forte para mim. Os meus antigos gatos: o Patsy era o macho e a Micky a fêmea; e o Patsy morreu. De alguma forma aquilo foi o aviso do fim da minha relação com o André, que foi muito doloroso. Mas é claro que eu não sabia disso, quando aconteceu. Eu apenas vivi o luto pelo Patsy! Se você me perguntar sobre a relação entre os meus gatos e os meus sonhos... Bem, o Patsy era o princípio masculino e a Micky era o princípio feminino em mim. Foi muito interessante. Logo depois que eu conheci o John, a Micky morreu. E aí eu ganhei a Psyque. Quando a Micky morreu eu sabia que simbolicamente era a minha feminilidade antiga que já estava doente, e então morreu. A minha nova feminilidade e renascimento vieram com a Psyque. Ela era muito mais bonita e vibrante do que a Micky. Você tirou uma foto dela.

Charles: Sim, eu tenho a foto. Eu gostaria de perguntar: Parece-me que você teve três encruzilhadas na sua vida. Uma: a vinda do Guia. Segunda: a operação, e a terceira, a sua recente mudança de voz, o que abriu a sua receptividade. Se você pudesse falar sobre estes três pontos.

Eva: O Guia já falou sobre isto. Houve um outro ponto importante por volta da época da operação. Esta foi a crise mais importante da minha vida, e foi uma encruzilhada incrível no meu Caminho. Os místicos falam sobre "a noite escura da alma". Foi o fim da relação com o André, que foi muito doloroso. Aí eu tive muitos problemas com as pessoas ao meu redor naquele momento... o Walter Heller, a Anne Heller, a Rose... pessoas que você não conhece.

Charles: Lembro deles.

Eva: Alguns deles você conhece. Tive muita discórdia com eles e muitas coisas negativas aconteceram. Eles eram realmente os pilares que haviam me sustentado! E a discórdia foi muito, muito dolorosa. De repente, me vi sozinha!

Charles: Isto parece a Queda.

Eva: Aí, foi quando o Patsy morreu, tudo aconteceu junto: um incrível enfrentamento das minhas próprias dúvidas sobre o meu canal e o seu significado. Enfrentei muitas dúvidas que eu tinha sobre a Fé. Foi muito difícil para mim enfrentar isto. Eu fiz; tive que enfrentar. Sabe, a Jane Roberts descreve isto também. De onde vem isto... Testes! Foi muito doloroso. Depois, a minha operação. É claro que eu pensei que era o fim da minha vida como mulher. Aconteceu tudo ao mesmo tempo. Eu tive sonhos premonitórios a respeito, na ocasião: sonhos tremendos, grandes, o que foi um período de total inquietação, de testes na minha vida. Digo que se eu não tivesse passado por testes, o Caminho nunca teria se desenvolvido.

Charles: Isto parece o teste final!

Eva: Sim. Primeiro o canal começou e as pessoas vieram e foi bom, e palestras adoráveis iniciaram e a ajuda foi dada. Embora num primeiro momento a ajuda tenha sido dada numa sessão de transe pois eu não tinha o conhecimento de uma helper. Aprendi a ser uma helper nas sessões de transe, quando recebia o Guia. Isto aconteceu durante um tempo, então vieram estes testes! A enorme revolução... A noite escura. Aí eu saí daquilo e foi isso.

Charles: E agora? A voz é uma nova mudança.

Eva: Começou na primavera, em maio do ano passado. Eu tive uma vivência incrível de Cristo no Centro. Eu contei para você. Depois disso, a energia ficou incrível. Aí, eu peguei o vírus e o carreguei durante meses; não conseguia me livrar dele. A laringite aconteceu há dois meses e está realmente entrando em um nível de uma nova energia. Mas não está horrível como da outra vez.

Charles: Está mais suave. Como é que o John entra nisso tudo?

Eva: O John entra através dos Alpert. O Bert Alpert era paciente do John. Ele veio um dia até o John. Trouxe vinte palestras e disse: "conheço uma médium que tem um canal fantástico." E quando o John ouviu a palavra médium ele quis ficar fora disto. Ele tinha muitas dúvidas. Mas o Bert disse: "Leia estas palestras." Aí o John disse: "OK." Então ele leu as palestras e ficou totalmente entusiasmado e disse que era incrível: era o que ele vinha procurando durante toda a sua vida. Disse: "Era tudo carne e não tinha batatas!"- foi esta a expressão que usou. Aí pediu o meu endereço para o Bert. Escreveu para mim; lembro-me com clareza. Voltei de Harkness no dia 4 de julho de 1966 e encontrei a carta do John Pierrakos: "Sou um psiquiatra de Nova Iorque e o material é muito incrível e eu gostaria de comprar todas as palestras e gostaria de falar com você." Foi assim que o conheci.

Charles: Foi assim que ele veio às palestras.

Eva: Sim.

Charles: E aí, posso perguntar quando foi que começou o romance?

Eva: Pode perguntar, não é nenhum segredo. Ele escreveu a carta e eu respondi e dei a informação de que as palestras estavam disponíveis e que, se ele quisesse me ligar, seria um prazer falar com ele. Então ele me ligou e nós marcamos um horário. E eu lembro que José me ajudou a reunir todas as palestras; não sei quantas palestras havia, talvez cento e cinqüenta. Preparamos todas as palestras e o John apareceu lá. De imediato eu tive uma incrível simpatia por ele. E começamos a conversar e ele me falou da sua vida. Aí falou que sentia que tinha traído Reich. Era o tipo da coisa que se diria no Caminho. Eu disse: "Meu Deus!" Eu gostara tanto dele. Disse: "Este homem é incrível." Depois eu soube que ele era casado e disse para mim mesma: "Esqueça isto, é ridículo." Foi como uma vivência subliminar. Havia um tipo de familiaridade a respeito, uma sensação de que era isto! E ainda assim, o meu consciente dizia: "esqueça!".

Charles: Parece uma tremenda reciprocidade.

Eva: Havia tanta identificação, tanto entendimento. Ele era exatamente como o homem que eu estava procurando, com a restrição de que era casado. Eu estava indo embora para Watchhill. E ele disse: "Vamos nos encontrar quando você voltar, eu gostaria de falar mais um pouco com você. E eu também gostaria muito de participar de uma sessão com o Guia e quero perguntar muitas coisas."

Ah, esqueci, houve uma outra coisa muito interessante. Mais ou menos um ano antes eu conheci uma mulher inglesa que lia mãos (geralmente eu não me interesso nem um pouco por isso) cujo nome era Diane Elliot. Ela me foi recomendada pela Rebecca Harkness. Ela me falou: "Vai nesta mulher, ela é fantástica." Ela tinha um pequeno apartamento no Carnegie Hall onde, mais tarde, recebemos as palestras durante um tempo. Fui até ela. Isto foi um ano ou dois antes de eu conhecer o John. Ela era uma mulher linda, muito espiritualizada. Assim que Diane entrou na sala - ela não me conhecia de Adam - me falou a respeito do meu canal espiritual. Disse: "Você tem uma energia fantástica." Depois disso ela leu as palestras. Aí ela olhou as minhas mãos e me falou coisas fantásticas sobre o meu passado, absolutamente tudo. Então, disse: "Você vai conhecer um psiquiatra neste verão que está muito envolvido com campos de energia e é muito científico. Ele não está só praticando a psiquiatria, mas está muito envolvido com os aspectos científicos da energia. E ele é viúvo e vocês vão se casar e ter uma relação fantástica, um casamento muito bonito. Quando você voltar deste verão você vai conhecer este homem e terá uma conversa com ele." (Isto foi em 1962-63) "e você vai achar a conversa com ele a mais estimulante que já teve."

E, é claro, eu tinha esperado este homem, e ele não tinha aparecido: 1963 nada, 1964 nada, 1965 nada. Eu disse: "Esqueça isto, não faz sentido." Desisti; esqueci completamente o assunto. Disse: "Você não pode acreditar nestas previsões." Ela era ótima no que se referia ao passado, mas não ao futuro. Eu ainda não acredito em previsões do futuro, mas uma vez que outra acontece. Então, de qualquer forma, eu tirei isto da minha cabeça. Aí, quando eu vi o John a Segunda vez, passamos uma tarde juntos e conversamos. No final da conversa ele disse: "Bem, esta foi a conversa mais estimulante que já tive!" E eu disse: "Ai, meu Deus, o que foi que você disse?" E ele: "Qual é o problema? Você não concorda?" Eu disse: "Sim." Eu não queria dizer nada a ele: eu ficava pensando o tempo todo: ele é casado! Esqueça!

Assim, conversamos e jantamos juntos e marcamos um horário para uma sessão com o Guia. Ele perguntou: "Quanto você cobra? Eu quero trabalhar com você. Preciso desta ajuda." Minha voz interior me disse: "Se você se envolver com ele como profissional, nunca poderá haver nada entre nós." E aí eu disse: "Não quero isto. Não cobro nada. Eu também quero aprender com você." Era isto mesmo que eu queria dizer, mas era uma voz interior: "Se ele vier como profissional vai ser o fim, eu sei disso! O meu sentimento era tão forte, e ainda assim o meu mental dizia: "ele é casado, esqueça isto!" Então ele participou de uma sessão com o Guia e, na sessão com o Guia foi informado de que um dos seus problemas era ser muito infeliz em seu casamento que não tinha saída. Esta foi a primeira vez que eu me abri para ele. E foi assim que começou.

Charles: Que bonito! Mais uma coisa que eu gostaria de perguntar: Arosa. Sei que tem um significado especial, imagino a palavra "arising" do inglês. ( N.T.: arising= que surge, emergente) Qual é o significado para você? E para todos nós em Arosa? Você não costumava ir lá quando jovem?

Eva: Eu não ia à Arosa quando era jovem. Em 1963 a minha mãe morreu. Enquanto ela ainda era viva, de 1961 a 1963, eu ia à Arosa todos os verões com a minha irmã para visitá-la. Combinávamos a visita com as férias. E em 1963 ela morreu. E aí, de alguma forma eu tive a idéia de, ao invés de irmos lá no verão, poderíamos ir nas férias de inverno esquiar. Então, em 1965, fomos à Arosa no inverno. Gostei tanto de lá que não consigo comparar a nenhum outro lugar. É cheia de paz, é bonita, é ensolarada e tem mil vantagens que outros lugares não têm. Eu fui fisgada. Naquele tempo, para mim, era um tempo de férias necessário para descanso, reabastecimento e regeneração.

Todas as férias eram sempre uma preparação para uma nova fase no Pathwork e em mim mesma. Então eu fui lá em 1965 e 1966 com a Miana. Em 1967 eu já conhecia o John, mas é claro que ele não foi - ele nunca tinha esquiado na sua vida. Durante os anos que eu o conheci, fui lá sem ele. Eu tinha uma coisa que eu queria mostrar aquilo para ele, queria compartilhar com ele. Mas quando eu falava para ele, ele não se interessava. Sendo da Grécia, serra e neve não tinham nenhum significado para ele. Mas eu sabia que seria incrível se ele visse aquilo. Em 1969 foi a primeira vez que ele foi. Foi também nesta época que ele deixou a sua primeira esposa e veio morar comigo. Aí ele viu, começou a esquiar, teve aulas. Depois de umas dez aulas ele começou a gostar. O tédio inicial tinha acabado. Depois, em 1970, fomos lá juntos sozinhos. Acho que a Miana estava lá também e depois apareceu o meu irmão para nos visitar. Foi uma experiência incrivelmente profunda para mim em todos os níveis: a beleza - externa e interna- a regeneração interior espiritual e a preparação para coisas novas. Então desejamos poder dividir isto com amigos. Assim, o Bill e a Clare, o Bert e a Moira foram os primeiros a ir. Foi assim que começou. Acho que eles foram a primeira vez em 1971 ou 1972, não tenho muita certeza.
Todos os anos tem uma abertura. E todos os anos alguma coisa nasce lá, como o Centro.

Charles: Eu poderia dizer que quando ouço a estória fico estupefato, pasmo com os potenciais de cada um de nós. É uma estória realmente inspiradora e me enche de poder.

Eva: Eu lhe digo que não conseguiria nem ser justa porque é tão difícil de explicar. O começo, e o tatear, e o quanto eu não sabia nada na época. Na verdade, muitas destas coisas eu tive que aprender de maneira árdua, por tentativa e erro. Eu acho que quando as pessoas sentem ciúme de mim porque eu tenho o Guia e acham que eles poderiam sentar e fazer o mesmo eles não fazem a mínima idéia. Muito embora, com certeza, é muito mais fácil para eles agora do que foi para mim então, porque o Caminho está esboçado e eles têm a ajuda. No início, no entanto, houve muitos testes e muitas coisas pelas quais passar. Mas valeu a pena mil vezes. Eu faria tudo de novo - até as coisas mais difíceis. Pelo que é.

Charles: O que me impressiona é a idéia de dar pequenos passos. É impressionante como você deu passos muito pequenos sem fazer idéia da distância a que chegaria.

Eva: Nenhuma!

Charles: Mas você levou tudo a cabo. Eu lembro quando eu comecei no Pathwork, há treze ou quatorze anos atrás, senti que ele tinha atingido o seu apogeu, sabe. A cada palestra eu dizia: "É isso! É isso!"

Eva: Depois de cinco anos eu disse: agora nós temos tudo. Eu não sabia o que mais o Guia poderia dizer. Não conseguia imaginar o que mais poderia ser dito.

Charles: Há uma citação famosa de um poeta que não lembro o nome. Ele disse: "Pessoas como você deveriam viver mil anos."

Eva: Que amor! Obrigada.



“Esta é uma entrevista na íntegra de Eva Pierrakos conduzida por Charles Rotmil, reproduzida com sua autorização. Charles Rotmil participa do Pathwork desde 1963 e esteve com Eva de 1963 ate seu falecimento. Atualmente reside em Maine.”

CHARLES: Poderia descrever o ambiente no qual cresceu?

EVA: Meu pai era um escritor muito famoso, nessa época. Mesmo depois de tanto tempo, ele ainda é relativamente famoso na Europa. Tínhamos um ambiente fantástico. Havia todos esses escritores, Thomas Mann, Bruno Walter, Herman Hesse, Arthur Schnitzler...que eram a elite intelectual de Viena. Eu desenvolvi um tipo de atitude anti-intelectual como protesto, que provavelmente foi minha forma de rebelião. De certa maneira, esse era ao mesmo tempo, um ambiente muito bonito. Muito culto ... tínhamos dinheiro sem sermos ricos, mesmo assim tínhamos uma vida muito luxuosa. Tínhamos uma propriedade no campo, onde meu pai vivia com sua segunda esposa, e uma linda mansão, e eu cresci nessas duas casas.

CHARLES: Que idade tinha então?

EVA: Meus pais se divorciaram quando eu ainda era muito pequena e quase não tenho lembranças de quando eles viviam juntos. Desde quando posso me lembrar, eles estavam em litígio judicial e havia um ódio absoluto entre eles, apesar de que naturalmente, eu não tinha consciência disso na época. Eu fui uma criança muito feliz --- eu somente sentia uma extrema inquietação quando via meus pais juntos. Isso era uma agonia. Por outro lado, minha madrasta e eu convivíamos bem. Ela era uma mulher dura e fria e eu não gostava dela; mas eu acreditava que gostava. Era uma mulher muito elegante. No verão, eu vivia três meses com meu pai, bem como no Natal e na Páscoa, o tempo restante eu passava, em Viena com minha mãe.

CHARLES: Como era o ambiente religioso nessa época?

EVA: Nenhum. Não havia nenhum. Meus pais, nem um nem o outro eram ateus; eles acreditavam em Deus, mas não falavam sobre isso. Havia uma orientação cristã, mas não havia uma educação religiosa.

CHARLES: Naquele tempo, qual era a sua concepção de Deus?

EVA: Não tinha nenhuma. Eu não pensava sobre isso.

CHARLES: Teve algum pressentimento ou aviso antecipado de algo excepcional acontecendo.

EVA: De maneira alguma! (rindo) Isso, dizendo muito pouco. Eu era, ao contrário, muito mundana. Nada espiritual. Estava completamente voltada para o exterior. Eu ria disfarçadamente, quando qualquer um falava sobre fenômenos psíquicos. De certa modo eu era muito superficial.

CHARLES: Quais eram, suas primeiras aspirações então?

EVA: Eu queria ser bailarina e comecei dançar ballet em criança. No inicio, ainda muito jovem, comecei a representar na escola. Meu pai era muito perfeccionista nessas coisas. Ele disse que, se eu não fosse uma bailarina ou artista qualquer de primeira classe, era melhor não ser nada... Desista durante dois anos. Se seu caminho é o de ser uma grande bailarina, você vai reiniciar o ballet. Não fiz isso, portanto penso que não era essa a minha vocação.

CHARLES: Com certeza dança hoje em dia. Lembra-se de ter tido, com pouca idade, algum sonho marcante?
EVA: Sim, mas não era nenhum prenúncio de tarefa ou algo assim. Isso veio depois.

CHARLES: Lembra-se de algum acontecimento de maior importância em sua infância que lhe causou impacto? O divórcio poderia ser um deles.

EVA: Realmente, o impacto era o constante clima de ódio entre meus pais, o processo judicial, a pensão alimentícia e a absoluta alienação entre meu pai e minha mãe. Esse era o clima constante, mas de alguma maneira consegui me acostumar a isso. Me adaptei a isto. Não podia nem mesmo imaginar um outro tipo de vida Em certo sentido, eu era como meus irmãos mais velhos e minha irmã. Havia uma considerável diferença de idade entre nós. Eles eram mais velhos do que eu e sofreram muito mais. Sabe, eles ainda se lembravam de quando meu pai e mãe viviam juntos, e isso foi muito dolorido para eles. Eles tiveram um trauma maior do que eu. Eu nem mesmo me lembrava deles (juntos). Por isso digo, que é melhor ter pais divorciados quando esses não se entendem, do que ficarem juntos por causa da criança. É um clichê tão bobo ficarem juntos por causa dos filhos. Isso não faz sentido.


Charles: Quantos anos você tinha quando teve o primeiro sinal de mudança ou de alguma coisa acontecendo?

Eva: Não foi uma mudança. Eu ainda era muito jovem, final da adolescência talvez. A mãe de uma amiga minha era espírita e fazia o jogo do copo. E nós fizemos. Foi no sul da França. Fizemos para nos divertir, e o copo começou mesmo a se mexer e a dar respostas. Eu não entendia, na época. Era "brincadeira de criança" e nós não sabíamos mesmo que estávamos brincando com fogo! No meio do dia estávamos na cabana de uma das garotas. A mesa se jogou contra mim e quase me bateu no estômago. Eu sei, não havia como ser um truque; fiquei muito desconfiada. Olhamos embaixo da mesa, mas havia somente estas duas outras garotas e eu. Este é o único fenômeno que eu lembro. E aí, eu não fazia idéia do que pudesse ter causado aquilo. Eu realmente não acreditava em espíritos. Eu não fazia idéia do que pudesse ter causado aquilo. Perguntava para as pessoas que sabiam mais a respeito e contava a eles o ocorrido. Perguntava para eles: "O que é isto? O que fez com que a mesa se movesse?" Ninguém conseguiu me dar uma resposta inteligente. Isto foi durante a guerra e eu não pensei mais a respeito. Então aquilo voltou bem mais tarde. Na primeira vez em que estive na Suiça, depois de ter estado nos Estados Unidos. Foi em 1952.

CHARLES: Aconteceu depois que veio para a América? Como veio aos Estados Unidos?

EVA: O pai de meu primeiro marido, Herman Broch, também era um escritor famoso. Ele nos deu um "visto por perigo", porque estávamos na França durante a ocupação*. Foi antes de casarmos. Casamos quando viemos para cá. Assim cheguei na América. Isso foi em 1941...em seguida casamos. E eu me tornei cidadã* durante a ocupação**.
*cidadã - refere-se a tornar-se cidadã americana
**refere-se a ocupação alemã da França.

Charles: OK. E quando você voltou para a Suíça o que aconteceu? Você diz ter tido escrita-automática.

Eva: Em 1951, que foi mais ou menos um ano antes, eu estava em Zurique com a minha mãe, a minha irmã e o homem com quem eu vivia, o André, um príncipe russo com quem eu tive uma relação intensa, embora nós não tenhamos nos casado porque ele não conseguiu obter o divórcio. Minha mãe nos disse que tinha uma amiga, era médium, e talvez nós quiséssemos ir vê-la. Eu disse: "OK. Vamos lá. Vai ser divertido... como ir ao cinema." Então ela disse: "Você tem que prometer levar a sério e não rir!" E foi assim que eu fui! (risadas) Estava toda preparada para rir. Foi muito interessante, me afetou, e eu percebi que não se tratava de uma coisa para rir. Havia algo em mim que me dizia para levar aquilo a sério. E eu escutei; e aí começaram estas palestras em transe. Acontecia de vez em quando, mas eu nunca tinha a menor idéia do acontecido. Era a última coisa que eu queria, mas era interessante. Comecei a ler livros sobre Fenômenos Psíquicos e Comunicação Espiritual. Abri a minha mente para estas possibilidades e me interessei. Aí esta mulher que nos levou até lá falou a respeito de reencarnação. Isto fazia sentido para mim, eu acreditava. Aí, esta mulher falou sobre a escrita automática e coisas do gênero. Ela tinha feito escrita automática uma vez, o que tinha se tornado muito perigoso porque ela não conseguira controlar. Agora, ela estava pronta para fazê-la de novo. Disse que eu poderia começar com ela. Eu disse: "Está bem, eu não tenho nada melhor para fazer!" Sentei-me com ela e ela começou a escrever automaticamente por um tempo. Então comecei a meditar a primeira vez na minha vida. Aí tive uma experiência interessante... Quase que me esqueço disso. Eu estava sentada, meditando, era verão, perto havia uma janela aberta. De repente, pela primeira vez, houve algum tipo de sinal. Isto foi em Zurique, na véspera de ano novo em 1950. Na Suíça, eles tocam todos os sinos de igreja. Foi então que eu senti alguma coisa, um poder incrível, como o poder de Cristo... como se os anjos estivessem lá. Eu não tinha nenhum conceito de tais coisas, mas foi alguma coisa tão forte que me forçou a ajoelhar. Foi incrível! Aí eu deixei isto de lado e esqueci completamente. Aquilo foi como um anúncio das coisas por virem. Este foi o mesmo ano em que eu fui levada à médium, sem saber o significado disto. Então, veio tudo muito rápido. Foi em 1951, início de 1952.

Novamente eu estava sentada perto da janela, meditando, no verão. Aconteceram muitas vezes, não apenas aquela. Senti um aroma incrível. Não era nenhum aroma que viesse de nada real. Olhei em volta do lado de fora. Não conseguia nem descrever este aroma. Era um aroma espiritual, mas ao mesmo tempo muito real e terreno. Provocou-me um sentimento tão inacreditável que não consigo descrever. Se for aproximado, era uma combinação de essências de madeira e metal. Era inacreditável. Imagino que os anjos tenham este cheiro. Quando isto me aconteceu, eu fiquei tão confusa. Junto com aquele aroma eu sabia que havia algum significado espiritual e eu deixei o assunto de lado. Aquilo foi muito forte. E então, talvez poucos meses depois daquilo, no verão de 1952, em agosto, eu ainda estava na Suíça, um dia eu estava sentada em casa e a minha mão ficou muito pesada, a minha mão direita. Eu estava sentada com os cotovelos sobre a mesa. Minha mão foi meio que puxada para baixo e começou a mover-se por conta própria. Peguei um lápis e ela se moveu. Fiquei muito entusiasmada. Eu não queria fazer escrita automática, e, ao mesmo tempo, estava fascinada. Não fiz muito, somente algumas linhas na diagonal atravessadas no papel. O fato de alguma coisa mover-se além da minha vontade era entusiasmante, assustador, fascinante, muito intrigante. No dia seguinte eu fui até a mulher que sabia a respeito disto e ela reagiu como se fosse algo trivial. Disse: "OK, você faz escrita automática." Passei a sentar-me para isto duas ou três vezes por semana.

Charles: Você estava recebendo algum tipo de mensagem?

Eva: Vieram muitas escritas diferentes, mensagens. Era apenas um passatempo muito interessante. Jamais me ocorreu que aquilo se tornaria no que se tornou... Jamais me ocorreria em um milhão de anos.

Charles: Quando o Guia começou a se manifestar, houve um período em que ele lhe disse que você teria que passar por sua própria purificação antes que pudesse aceitar isto.

Eva: No começo da escrita automática houve muitos testes, muitas entidades diferentes vindo, uma mistura total de níveis... espíritos muito baixos. Tive que aprender a não acreditar no que diziam, que existem muitos perigos, comunicação errada, e a não engolir tudo o que diziam. Com muita freqüência eu era tentada a jogar tudo para o lado. "Talvez a Igreja esteja certa, você não deve ter nada a ver com isso - é muito confuso."

Aí surgiram mensagens intermediárias que eram a tal ponto fenomenais, que foram incríveis - coisas que eu não tinha como saber, e que se verificou serem verdadeiras. Eram realmente impossíveis, coisas que eu nunca acreditaria que pudessem ser daquele modo. E elas eram verdadeiras. E coisas que eram falsas. Previsões! Embora eu não soubesse, na época, que não se deve preocupar-se com previsões... muitas coisas. Então, aos poucos, eu aprendi a lidar com estas coisas, a questionar estes espíritos, a aprender que muitos deles são simplesmente espíritos baixos e que precisam de ajuda. Mentem como seres humanos, fingem ser o que não são. Levei muito tempo para descobrir isto.

Muito gradualmente, aos poucos, uma vez ou outra, vinha uma escrita que era muito diferente. Mais tarde, fiquei sabendo que era o Guia: aconselhamento fantástico sobre desenvolvimento pessoal. Não vinha muito freqüentemente, mas realmente me testava pois estava misturado com estas outras coisas. Foi para mim, neste estágio precoce, um treinamento inacreditável lidar com isto. E havia tanta confusão. Chegou um ponto em que eu decidi que era demais, que não dava para mim. Desisti. Mas quando desisti tive um sentimento ruim, inacreditável, com se a vida tivesse ido embora de mim... como um frio em mim... escuridão em mim... Um sentimento de ter feito alguma coisa errada. Então, depois de dois dias eu retomei e me senti bem com isto. Mais ou menos ao mesmo tempo, a mediunidade auditiva se desenvolveu... não ouvir vozes, como vocês ouvem vozes, mas como se a falação estivesse dentro de mim, não no meu cérebro. Mais tarde isto acabou sendo o meu canal. O primeiro sinal da abertura do canal. Muitas coisas aconteceram em poucos meses. Nestes poucos meses, este aconselhamento incrível, lúcido, sábio, forte - eu acho que era o Guia, ele não se identificou - disse: "Sim, você tem uma tarefa!" E não me disse nada mais a respeito. O importante é o seu desenvolvimento pessoal. Então, mais tarde, na palestra falou-me diretamente o que eu tinha que fazer para enfrentar os meus problemas, dando-me guiança sobre como trabalhar comigo mesma.

Charles: Então você meio que tinha as palestras em microcosmos antes de chegarem... dentro de você!

Eva: Uma revisão diária... meu próprio canal escrevendo todas as noites... revisão diária. E sobre o que eu escrevia, as respostas vinham - escrita automática - e que direção tomar a respeito. Outra coisa: fui logo informada de que eu saberia mais do que esta outra mulher e que não precisava mais dela, embora precisasse porque eu não deveria fazer isto sozinha. "Você não deve fazer isto sozinha. É uma lei... uma lei Espiritual!"

Charles: Aterramento?

Eva: Sim, e o fato de que há decepções às vezes. É muito envolvente e você pode ser completamente pego nisto. Aí esta mesma voz, esta guiança, me disse que quando eu tivesse feito um aterramento suficiente na minha purificação, algumas outras pessoas seriam guiadas até mim, que também poderiam receber ajuda através deste canal e que me ajudariam me dando apoio e ficando comigo durante os transes e coisas do gênero. Naquela época - foi em 1952- o André e eu íamos voltar para os Estados Unidos. Ele tinha perdido o emprego com uma exportadora e não havia nenhuma razão lógica para presumir que voltaríamos para a Suíça porque ele precisava de um emprego e não se conseguia emprego para cidadãos americanos na Europa. Então o único jeito era voltar para os Estados Unidos. No que eu escrevia, vieram estas previsões incríveis. Naquele tempo eu ficava desconfiada com previsões. "Você voltará num futuro próximo porque precisa de treinamento. Haverá certas fases em que você precisará voltar." Foi uma daquelas coisas. Eu a rejeitei completamente. Deixei de lado. Bem, no outono de 1952 nós voltamos para os Estados Unidos. Eu queria retomar porque tinha tido o estúdio de dança antes o qual tivera de abandonar quando fomos para a Europa.

Charles: Quer dizer que você estava dando aulas?

Eva: Não havia motivo pelo qual eu não devesse me sustentar, mas aí eu recebi esta mensagem: "Agora é hora de esquecer completamente - a escrita automática - qualquer tipo de fenômenos; você tem que se concentrar completamente no seu próprio desenvolvimento e não fazer nada mais. Você não deve nem trabalhar por este curto período de tempo." Eu disse: "Como? Não é justo!" E o André foi muito bom a este respeito, ele aceitou. Então eu me concentrei realmente por um ano e meio mais ou menos; totalmente concentrada no meu próprio caminho. O canal só funcionava para isto. Somente me dizia tudo o que eu precisava a meu respeito. É por isto que quando eu ouço falar de pessoas que recebem mensagens fabulosas, como a Ann White, mas que não se trabalham, fico muito desconfiada.

Então, depois de um ano e meio de treinamento muito intensivo, pela primeira vez eu recebi o sinal verde: "O primeiro sinal verde vai ser dado a você agora. Você não tem que sair procurando ninguém... ele virá." Eis que eu e uma velha amiga nos encontramos e falamos sobre estas coisas. Eu não recebi um convite, eu não fazia idéia. Ela me disse: "O quê? Você pode fazer isto? Poderia escrever isto para mim?"

Isto foi na cidade de Nova Iorque entre 1952 e 1954. No início de 1954, ela teve algumas sessões com o seu pai. Ela veio e eu fiz a escrita automática e nenhuma da coisas que vieram tinha nada a ver com fenômenos. Cada vez mais o que eu escrevia se direcionava a ajudar as pessoas com o seu próprio caminho. Este foi o início do canal.

O André estava procurando emprego. Um dia ele conseguiu uma oferta do Marquis de Cuevas Ballet. Sendo originalmente o Ballet de Monte Carlo, eram muito famosos em Paris. O Marquis era o marido da Margaret Rockfeller. Eram bons amigos do André que tinha este nível de "alta sociedade" em sua casa. O Cuevas o convidou para ser gerente deste ballet em Paris. Por toda a minha vida eu sempre estive a margem de dançar, primeiro com o Harkness Ballet e agora com o Marquis de Cuevas Ballet. Era tão engraçado, como se tivesse talvez um dia sido o meu caminho, mas não nesta vida. De qualquer forma, o André recebeu esta proposta muito interessante para ir para Paris como gerente do Cuevas. De um dia para o outro, nos vimos de volta à Europa. Eu havia esquecido completamente que isto era o que tinha sido previsto. Ficávamos um pouco em Paris, indo e vindo de Zurique. Então o André começou a viajar muito com eles e eu me vi, de alguma forma, de volta a Zurique, onde eu havia estado antes. Foi lá que o meu treinamento, a minha mediunidade continuou. Fui guiada a uma outra moça, que também era uma amiga, que passou a fazer as sessões comigo. Ela também canalizava e nós nos encontrávamos com regularidade; entramos nisto.

Então um dia veio a mensagem: "Esta é a hora certa para você começar a treinar para o transe." "Eu não consigo entrar em transe, nunca consegui... é impossível!" "Sim, sim, você tem que fazer uma sessão." Deram-me instruções sobre o que fazer. Falaram-me sobre como abrir mão dos pensamentos, como não pensar, como deixar a minha mente fluir completamente. Disseram-me que eu devia fazer isto duas vezes por semana na presença da outra moça. E depois que fizéssemos isto, haveria sessões em que viria a escrita automática. Cada vez menos estes outros espíritos vinham pois eu realmente tinha aprendido a controlar e a discriminar. A guiança - ou o Guia - vinham na escrita automática. Eu nunca tinha pensado que entraria num transe; eu estava tão "lá". Acho que eu apenas perseverei. Aí, depois de um ano e meio de sessões, consegui entrar em transe. Profundo relaxamento.

De qualquer forma, a primeira vez que entrei em transe, nenhuma voz veio e eu apenas fiquei em transe. Foi um sentimento incrível, e daquela vez em diante eu consegui fazê-lo sem dificuldade. Então, na segunda vez que entrei em transe, veio a voz. Desde então, ela veio. Isto foi por volta do fim do outono de 1956.

Charles: Quem eram as pessoas do seu meio que deram suporte, que escutaram?

Eva: Naquela época, havia se formado um pequeno grupo em Zurique. Esta moça que mencionei aos poucos trouxe os outros seis, oito a dez pessoas e estes vinham com regularidade. Nos encontrávamos mais ou menos uma vez por semana para uma sessão com o Guia e ele lhes dava instruções. Foi por volta do fim da primavera de 1956 e início do outono. Uma das mensagens do Guia foi: "Quando você voltar para os Estados Unidos um grupo se formará. Mais tarde, outras pessoas virão e elas serão o núcleo do grupo que se formará em definitivo para a tarefa que você cumprirá." Não dava nem para começar a inventar a coisa, é tão forçado. Logicamente a voz não me disse nada sobre a vastidão da coisa. Eu pensei que o faria como um passatempo... para amigos, sabe. Por diversão, por interesse - não achava que isto seria a minha vocação. Aí, voltamos aos Estados Unidos em 1956 e este grupo realmente se formou. Lembro-me muito bem quem eram as pessoas.

Charles: Quem eram?

Eva: Bem, você não os conhece. Havia entre seis e oito pessoas que se reuniam e eu lhes dava uma sessão de transe a cada duas semanas. Foi isto, sabe. Foi assim que começou.

Charles: Obrigado. Agora eu posso passar para perguntas recentes. Por exemplo, o que você pode dizer sobre a energia que você sente agora do Guia em comparação à energia que sentia na época?

Eva: Energia inacreditavelmente mais forte... Inacreditável. Não há comparação. Fica sempre mais forte, cada vez mais pura.

Charles: Deve haver um sentimento tremendo quando você entra em transe. Tem alguma maneira de você descrevê-lo?

Eva: É muito difícil colocar este sentimento em palavras. Sabe, as pessoas geralmente pensam em transe como sendo alguma coisa inconsciente e isto não é verdade. Pode haver estados de transe em que se fica realmente adormecido. Não é o caso. Não é que eu não fique consciente, fico super-consciente. Não sei se isto faz algum sentido: é uma super-focalização da consciência. Esta super-consciência é o canal. A minha mente fica fora disto. O que o transe realmente significa é o permitir que outra consciência venha, o que é uma super-focalização - uma intensificação da consciência - o que soa muito contraditório.

Por um tempo muito longo antes de entrar em transe, havia sempre uma pequena ansiedade que tinha a ver com o tempo em que eu recebia coisas sem sentido - ou não recebia nada - o que criava dúvidas a meu próprio respeito. No momento em que eu consegui entregar, entregar para a vontade de Deus, perdi aquela ansiedade e agora me sinto muito confiante. O que é realmente prazeroso é quando saio do transe. O sentimento é de uma tremenda realização e existe um tremendo fluxo de energia nova.

Charles: Só para mudar de assunto um pouquinho. Alguém me contou que, a única vez que você cancelou uma palestra do Guia foi quando um dos gatos morreu. Você poderia falar sobre isto? Também sobre a sua relação com a Psyque. Existe um significado para isto.

Eva: Isto é engraçado. É verdade.

Charles: É surpreendente: aconteça o que acontecer, você está lá.

Eva: Sim. Bem, no dia em que o gato morreu eu estava muito aborrecida. Eu adoro os meus gatos e tenho uma relação muito especial com eles e deduzi pelos meus sonhos que os meus gatos têm uma representação simbólica muito forte para mim. Os meus antigos gatos: o Patsy era o macho e a Micky a fêmea; e o Patsy morreu. De alguma forma aquilo foi o aviso do fim da minha relação com o André, que foi muito doloroso. Mas é claro que eu não sabia disso, quando aconteceu. Eu apenas vivi o luto pelo Patsy! Se você me perguntar sobre a relação entre os meus gatos e os meus sonhos... Bem, o Patsy era o princípio masculino e a Micky era o princípio feminino em mim. Foi muito interessante. Logo depois que eu conheci o John, a Micky morreu. E aí eu ganhei a Psyque. Quando a Micky morreu eu sabia que simbolicamente era a minha feminilidade antiga que já estava doente, e então morreu. A minha nova feminilidade e renascimento vieram com a Psyque. Ela era muito mais bonita e vibrante do que a Micky. Você tirou uma foto dela.

Charles: Sim, eu tenho a foto. Eu gostaria de perguntar: Parece-me que você teve três encruzilhadas na sua vida. Uma: a vinda do Guia. Segunda: a operação, e a terceira, a sua recente mudança de voz, o que abriu a sua receptividade. Se você pudesse falar sobre estes três pontos.

Eva: O Guia já falou sobre isto. Houve um outro ponto importante por volta da época da operação. Esta foi a crise mais importante da minha vida, e foi uma encruzilhada incrível no meu Caminho. Os místicos falam sobre "a noite escura da alma". Foi o fim da relação com o André, que foi muito doloroso. Aí eu tive muitos problemas com as pessoas ao meu redor naquele momento... o Walter Heller, a Anne Heller, a Rose... pessoas que você não conhece.

Charles: Lembro deles.

Eva: Alguns deles você conhece. Tive muita discórdia com eles e muitas coisas negativas aconteceram. Eles eram realmente os pilares que haviam me sustentado! E a discórdia foi muito, muito dolorosa. De repente, me vi sozinha!

Charles: Isto parece a Queda.

Eva: Aí, foi quando o Patsy morreu, tudo aconteceu junto: um incrível enfrentamento das minhas próprias dúvidas sobre o meu canal e o seu significado. Enfrentei muitas dúvidas que eu tinha sobre a Fé. Foi muito difícil para mim enfrentar isto. Eu fiz; tive que enfrentar. Sabe, a Jane Roberts descreve isto também. De onde vem isto... Testes! Foi muito doloroso. Depois, a minha operação. É claro que eu pensei que era o fim da minha vida como mulher. Aconteceu tudo ao mesmo tempo. Eu tive sonhos premonitórios a respeito, na ocasião: sonhos tremendos, grandes, o que foi um período de total inquietação, de testes na minha vida. Digo que se eu não tivesse passado por testes, o Caminho nunca teria se desenvolvido.

Charles: Isto parece o teste final!

Eva: Sim. Primeiro o canal começou e as pessoas vieram e foi bom, e palestras adoráveis iniciaram e a ajuda foi dada. Embora num primeiro momento a ajuda tenha sido dada numa sessão de transe pois eu não tinha o conhecimento de uma helper. Aprendi a ser uma helper nas sessões de transe, quando recebia o Guia. Isto aconteceu durante um tempo, então vieram estes testes! A enorme revolução... A noite escura. Aí eu saí daquilo e foi isso.

Charles: E agora? A voz é uma nova mudança.

Eva: Começou na primavera, em maio do ano passado. Eu tive uma vivência incrível de Cristo no Centro. Eu contei para você. Depois disso, a energia ficou incrível. Aí, eu peguei o vírus e o carreguei durante meses; não conseguia me livrar dele. A laringite aconteceu há dois meses e está realmente entrando em um nível de uma nova energia. Mas não está horrível como da outra vez.

Charles: Está mais suave. Como é que o John entra nisso tudo?

Eva: O John entra através dos Alpert. O Bert Alpert era paciente do John. Ele veio um dia até o John. Trouxe vinte palestras e disse: "conheço uma médium que tem um canal fantástico." E quando o John ouviu a palavra médium ele quis ficar fora disto. Ele tinha muitas dúvidas. Mas o Bert disse: "Leia estas palestras." Aí o John disse: "OK." Então ele leu as palestras e ficou totalmente entusiasmado e disse que era incrível: era o que ele vinha procurando durante toda a sua vida. Disse: "Era tudo carne e não tinha batatas!"- foi esta a expressão que usou. Aí pediu o meu endereço para o Bert. Escreveu para mim; lembro-me com clareza. Voltei de Harkness no dia 4 de julho de 1966 e encontrei a carta do John Pierrakos: "Sou um psiquiatra de Nova Iorque e o material é muito incrível e eu gostaria de comprar todas as palestras e gostaria de falar com você." Foi assim que o conheci.

Charles: Foi assim que ele veio às palestras.

Eva: Sim.

Charles: E aí, posso perguntar quando foi que começou o romance?

Eva: Pode perguntar, não é nenhum segredo. Ele escreveu a carta e eu respondi e dei a informação de que as palestras estavam disponíveis e que, se ele quisesse me ligar, seria um prazer falar com ele. Então ele me ligou e nós marcamos um horário. E eu lembro que José me ajudou a reunir todas as palestras; não sei quantas palestras havia, talvez cento e cinqüenta. Preparamos todas as palestras e o John apareceu lá. De imediato eu tive uma incrível simpatia por ele. E começamos a conversar e ele me falou da sua vida. Aí falou que sentia que tinha traído Reich. Era o tipo da coisa que se diria no Caminho. Eu disse: "Meu Deus!" Eu gostara tanto dele. Disse: "Este homem é incrível." Depois eu soube que ele era casado e disse para mim mesma: "Esqueça isto, é ridículo." Foi como uma vivência subliminar. Havia um tipo de familiaridade a respeito, uma sensação de que era isto! E ainda assim, o meu consciente dizia: "esqueça!".

Charles: Parece uma tremenda reciprocidade.

Eva: Havia tanta identificação, tanto entendimento. Ele era exatamente como o homem que eu estava procurando, com a restrição de que era casado. Eu estava indo embora para Watchhill. E ele disse: "Vamos nos encontrar quando você voltar, eu gostaria de falar mais um pouco com você. E eu também gostaria muito de participar de uma sessão com o Guia e quero perguntar muitas coisas."

Ah, esqueci, houve uma outra coisa muito interessante. Mais ou menos um ano antes eu conheci uma mulher inglesa que lia mãos (geralmente eu não me interesso nem um pouco por isso) cujo nome era Diane Elliot. Ela me foi recomendada pela Rebecca Harkness. Ela me falou: "Vai nesta mulher, ela é fantástica." Ela tinha um pequeno apartamento no Carnegie Hall onde, mais tarde, recebemos as palestras durante um tempo. Fui até ela. Isto foi um ano ou dois antes de eu conhecer o John. Ela era uma mulher linda, muito espiritualizada. Assim que Diane entrou na sala - ela não me conhecia de Adam - me falou a respeito do meu canal espiritual. Disse: "Você tem uma energia fantástica." Depois disso ela leu as palestras. Aí ela olhou as minhas mãos e me falou coisas fantásticas sobre o meu passado, absolutamente tudo. Então, disse: "Você vai conhecer um psiquiatra neste verão que está muito envolvido com campos de energia e é muito científico. Ele não está só praticando a psiquiatria, mas está muito envolvido com os aspectos científicos da energia. E ele é viúvo e vocês vão se casar e ter uma relação fantástica, um casamento muito bonito. Quando você voltar deste verão você vai conhecer este homem e terá uma conversa com ele." (Isto foi em 1962-63) "e você vai achar a conversa com ele a mais estimulante que já teve."

E, é claro, eu tinha esperado este homem, e ele não tinha aparecido: 1963 nada, 1964 nada, 1965 nada. Eu disse: "Esqueça isto, não faz sentido." Desisti; esqueci completamente o assunto. Disse: "Você não pode acreditar nestas previsões." Ela era ótima no que se referia ao passado, mas não ao futuro. Eu ainda não acredito em previsões do futuro, mas uma vez que outra acontece. Então, de qualquer forma, eu tirei isto da minha cabeça. Aí, quando eu vi o John a Segunda vez, passamos uma tarde juntos e conversamos. No final da conversa ele disse: "Bem, esta foi a conversa mais estimulante que já tive!" E eu disse: "Ai, meu Deus, o que foi que você disse?" E ele: "Qual é o problema? Você não concorda?" Eu disse: "Sim." Eu não queria dizer nada a ele: eu ficava pensando o tempo todo: ele é casado! Esqueça!

Assim, conversamos e jantamos juntos e marcamos um horário para uma sessão com o Guia. Ele perguntou: "Quanto você cobra? Eu quero trabalhar com você. Preciso desta ajuda." Minha voz interior me disse: "Se você se envolver com ele como profissional, nunca poderá haver nada entre nós." E aí eu disse: "Não quero isto. Não cobro nada. Eu também quero aprender com você." Era isto mesmo que eu queria dizer, mas era uma voz interior: "Se ele vier como profissional vai ser o fim, eu sei disso! O meu sentimento era tão forte, e ainda assim o meu mental dizia: "ele é casado, esqueça isto!" Então ele participou de uma sessão com o Guia e, na sessão com o Guia foi informado de que um dos seus problemas era ser muito infeliz em seu casamento que não tinha saída. Esta foi a primeira vez que eu me abri para ele. E foi assim que começou.

Charles: Que bonito! Mais uma coisa que eu gostaria de perguntar: Arosa. Sei que tem um significado especial, imagino a palavra "arising" do inglês. ( N.T.: arising= que surge, emergente) Qual é o significado para você? E para todos nós em Arosa? Você não costumava ir lá quando jovem?

Eva: Eu não ia à Arosa quando era jovem. Em 1963 a minha mãe morreu. Enquanto ela ainda era viva, de 1961 a 1963, eu ia à Arosa todos os verões com a minha irmã para visitá-la. Combinávamos a visita com as férias. E em 1963 ela morreu. E aí, de alguma forma eu tive a idéia de, ao invés de irmos lá no verão, poderíamos ir nas férias de inverno esquiar. Então, em 1965, fomos à Arosa no inverno. Gostei tanto de lá que não consigo comparar a nenhum outro lugar. É cheia de paz, é bonita, é ensolarada e tem mil vantagens que outros lugares não têm. Eu fui fisgada. Naquele tempo, para mim, era um tempo de férias necessário para descanso, reabastecimento e regeneração.

Todas as férias eram sempre uma preparação para uma nova fase no Pathwork e em mim mesma. Então eu fui lá em 1965 e 1966 com a Miana. Em 1967 eu já conhecia o John, mas é claro que ele não foi - ele nunca tinha esquiado na sua vida. Durante os anos que eu o conheci, fui lá sem ele. Eu tinha uma coisa que eu queria mostrar aquilo para ele, queria compartilhar com ele. Mas quando eu falava para ele, ele não se interessava. Sendo da Grécia, serra e neve não tinham nenhum significado para ele. Mas eu sabia que seria incrível se ele visse aquilo. Em 1969 foi a primeira vez que ele foi. Foi também nesta época que ele deixou a sua primeira esposa e veio morar comigo. Aí ele viu, começou a esquiar, teve aulas. Depois de umas dez aulas ele começou a gostar. O tédio inicial tinha acabado. Depois, em 1970, fomos lá juntos sozinhos. Acho que a Miana estava lá também e depois apareceu o meu irmão para nos visitar. Foi uma experiência incrivelmente profunda para mim em todos os níveis: a beleza - externa e interna- a regeneração interior espiritual e a preparação para coisas novas. Então desejamos poder dividir isto com amigos. Assim, o Bill e a Clare, o Bert e a Moira foram os primeiros a ir. Foi assim que começou. Acho que eles foram a primeira vez em 1971 ou 1972, não tenho muita certeza.
Todos os anos tem uma abertura. E todos os anos alguma coisa nasce lá, como o Centro.

Charles: Eu poderia dizer que quando ouço a estória fico estupefato, pasmo com os potenciais de cada um de nós. É uma estória realmente inspiradora e me enche de poder.

Eva: Eu lhe digo que não conseguiria nem ser justa porque é tão difícil de explicar. O começo, e o tatear, e o quanto eu não sabia nada na época. Na verdade, muitas destas coisas eu tive que aprender de maneira árdua, por tentativa e erro. Eu acho que quando as pessoas sentem ciúme de mim porque eu tenho o Guia e acham que eles poderiam sentar e fazer o mesmo eles não fazem a mínima idéia. Muito embora, com certeza, é muito mais fácil para eles agora do que foi para mim então, porque o Caminho está esboçado e eles têm a ajuda. No início, no entanto, houve muitos testes e muitas coisas pelas quais passar. Mas valeu a pena mil vezes. Eu faria tudo de novo - até as coisas mais difíceis. Pelo que é.

Charles: O que me impressiona é a idéia de dar pequenos passos. É impressionante como você deu passos muito pequenos sem fazer idéia da distância a que chegaria.

Eva: Nenhuma!

Charles: Mas você levou tudo a cabo. Eu lembro quando eu comecei no Pathwork, há treze ou quatorze anos atrás, senti que ele tinha atingido o seu apogeu, sabe. A cada palestra eu dizia: "É isso! É isso!"

Eva: Depois de cinco anos eu disse: agora nós temos tudo. Eu não sabia o que mais o Guia poderia dizer. Não conseguia imaginar o que mais poderia ser dito.

Charles: Há uma citação famosa de um poeta que não lembro o nome. Ele disse: "Pessoas como você deveriam viver mil anos."

Eva: Que amor! Obrigada.