segunda-feira, 25 de junho de 2012

Biografia de Cenyra Pinto


Cenyra Pinto nasceu em São Fidelis, interior do estado do Rio de Janeiro, a 25 de novembro de 1903 e estaria este ano completando cem anos.

Rompendo o bloqueio de um pai bom, simples, mas conservador, e as
limitações impostas pela vida numa pequena cidade do norte fluminense,
nas primeira décadas do século passado, Cenyra Pinto despertava ainda
jovem o seu potencial interior participando de atividades sociais e
literárias.

Foi assim que, aos de vinte anos, já escrevia para vários jornais do estado, dois de sua própria cidade, A Notícia do Rio de Janeiro e uma revista que fazia muito sucesso na época, Jornal das Moças.

Cenyra soube superar a precariedade de sua educação com aplicação,
passan-do com louvor em todos os exames e se revelando desde mocinha
uma surpreendente oradora – uma novidade na época e ainda hoje uma
proeza. Sempre que o pai recebia convites para solenidades, ela era
convidada para usar a palavra e impressionava a todos com sua oratória
precoce. Pelo menos na sua cidade, foi a primeira mulher a falar na
tribuna de uma casa maçônica, recebendo sempre aplausos intensos e
intermináveis no final de seus discursos.

“Manifestou-se desde cedo – diz ela em suas memórias – minha
tendência ao ecumenismo: igreja católica, maçonaria, esoterismo, igreja
batista, solenidades sociais…”. Onde convidavam, lá estava ela,
sempre acolhida com carinho e muitos aplausos. “Só faltou o Espiritismo
– completa – que naquele tempo ninguém sabia nada a respeito”, pelo
menos no interior.

Depois que conquistou seu espaço, começou a trabalhar fora,
escapando ao controle do pai, exercitando sua capacidade de afirmação e
definindo sua personalidade independente. Havia perdido a mãe aos
dezesseis anos, mas soube superar, não só a perda, como um novo
casamento do pai, que só trouxe decepção para ele e transtorno para a
pequena família sem mãe. Desde cedo conviveu com os problemas mais
variados, emocionais e econômicos. Justamente quando mais precisava de
orientação, estava entregue a si mesma, tendo de cuidar de uma irmã
mais nova, mas – diz ela – foi assim que Deus me preparou para
enfrentar a vida como era preciso.

Embora tivesse apenas o quarto ano primário, aprendeu
contabilidade, trabalhava como auxiliar de escritório e já escrevia
suas crônicas. Exatamente nessa época, ela confessa que começou a ver a
vida por outro ângulo. “Eu vivia de uma forma e agora começava a dar
forma àquilo que estava dentro de mim.” Aos poucos – ela lembra – “fui
me descartando das personalidades repressoras que me revestiam e me
faziam viver escondida em meus porões, sem me assumir.”

Refletindo as crônicas espirituais que escreveria muito mais tarde
com enorme repercussão em todo o país, sentia que sua personalidade se
definia, fixava seus objetivos – coisa rara na época para sua idade e
sua condição feminina – expandia os horizontes de sua mente e pensava
sem receio de autoridade, limitando-se apenas à consideração do
necessário respeito.

Mudança para o Rio de Janeiro

Aos 25 anos Cenyra Pinto estava casada com o único amor de sua
vida, depois de namoricos de interior e um primeiro noivado sem amor
para sair de casa. O marido, contador, se tornou sócio de seu pai e com
ele fundou, ainda em sua cidade, um colégio para ensinar contabilidade
e datilografia. É claro que o colégio tinha um hino: “Quem quiser
ganhar a vida, com asseio e sem rigor, e manter a fronte erguida, não
precisa ser doutor… basta ser bem diplomado pelo Colégio Cenyra.”

Com a famosa crise do café nos anos trinta, os negócios pioraram e
a casa co-mercial do pai foi à falência. Em busca de trabalho, o casal
se mudou então para a capital. Instalada no Rio de Janeiro, Cenyra teve
seu único filho e começou nova fase de sua vida difícil, mesmo com o
marido já bem empregado como contador numa grande loja. Foram muitas
anos de árdua luta pela sobrevivência, morando em pensões familiares
com mudanças freqüentes, até finalmente conseguir sua própria casa.

Mediunidade descontrolada

Acometida de grande estafa, pelas dificuldades que experimentavam,
Cenyra caiu em profunda prostração. Parou de trabalhar e passou,
durante um ano inteiro, por doze médicos que se diziam especialistas,
sem nenhum resultado. Católica não-praticante e com “um medo louco de
espiritismo”, resolveu procurar um centro, diante da insistência de
alguns amigos.

Muito espantada, ouviu a resposta de sua consulta: – “Você não tem
doença nenhuma, seu mal é mediunidade descontrolada”. Mais espantada
ainda, ouviu, na terceira sessão de passes, nova orientação: – “Venha
amanhã para desenvolvimento de psicografia.” No dia seguinte, deu o
maior vexame, chorando alto, sem conseguir parar, até o final da
reunião.

Estava disposta a jamais voltar ao centro, mas melhorou tanto que
mudou de idéia e lá estava de novo. “Não se preocupe. Era preciso
acontecer. Amanhã, vem e quando ouvir a campanhia, pegue o lápis…”

Na terceira sessão, depois de suores gelados, rosto pegando fogo e
enchendo a folha de rabiscos, sem nada compreender, escreveu no
entanto, tranqüilamente, uma mensagem com a primeira assinatura de seu
guia. Estava curada e voltou a se inte-ressar pela vida.

Cenyra deixou de freqüentar o centro porque ninguém explicava a
razão daquele fenômeno – a psicografia. “Nunca ouvi falar de Kardec e
ignorava que houves-se uma literatura explicando tudo… certamente a
parte de evangelho seria em outras reuniões.”

Primeiro livro

Com todas essas limitações, numa vida cheia delas, Cenyra não só
superou o medo do espiritismo como se tornou uma médium disciplinada,
continuou escrevendo e guardando o que escrevia. Foi quando encontrou
uma amiga que sugeriu uma visita à Fraternidade Rosa Cruz. O dirigente
era um médico homeopata e, por incrível que pareça, o mesmo com quem se
tratava na época de um problema na vesícula. Assistindo a uma primeira
reunião, não viu nada que correspondesse ao que buscava, mas teve
naquela noite um sonho que a levou impressionada de volta ao médico.

Ele recomendou que continuasse a escrever. Confiante, comprou uma
máquina portátil, escrevia as mensagens e as colecionava. Assim surgiu
o primeiro livro. Ela mesma mandou imprimir uma edição de cem
exemplares, que foi oferecida à fraternidade para que a venda
beneficiasse uma instituição de crianças. Com toda simplicidade e
amadorismo, estava no entanto definitivamente delineada a trajetória de
sua produção literária e os serviços sociais a que dedicaria toda a sua
longa existência.

Embora intitulado Uma voz no silêncio, mais alguns anos e essa voz seria ouvi-da em todo o país, numa coleção de livros com uma ordem significativa: Levanta-te a anda, Vem!…, Eu sou o caminho, A verdade e a vida, Conversa com a vida.

Música, shows, teatro: arte e caridade

Mas a voz não ficou só nos livros. Um dia, enquanto tomava banho,
começou a cantar sem querer o que lhe pareceu um hino. Saiu do banho,
cantou de novo e gravou: era Quanta luz, o hino que dentro de
alguns anos estaria sendo cantado em centros espíritas, igrejas
católicas, reuniões recreativas, peças teatrais, casamentos,
sepultamentos e até em trabalhos de cirurgia espiritual.

Depois de Quanta luz, recebeu outros hinos, que foram reunidos, arranjados, produzidos e gravados num LP – Vozes do Templo – mais tarde disponível em CD.

Após uma noite em que quase não dormiu, Cenyra acordou o marido
dizendo que ia fazer um show para ajudar uma instituição espírita que
estava em apuros – a Ação Cristã Vicente Moretti. “Você está doida?” –
foi a reação do marido – “Como vai fazer isso?” O show foi realizado
com sucesso, salvando a instituição do pior e marcou o início de muitos
outros shows beneficentes, abrindo caminho para a ence-nação de uma
peça de teatro – Nos domínios da mente – recebida por Cenyra
como um jorro em duas horas e meia de escrita e que foi encenada com
grande sucesso, tendo em vista o elevado nível de ensinamentos
filosóficos, relatando a evolução do ser humano em sua trajetória pela
vida. Escreveria, a seguir, outra peça, também de sucesso, intitulada A última lágrima.

Durante mais de uma década, conseguiu alcançar um grande público em
diversas apresentações, sendo que as rendas obtidas naquelas ocasiões,
assim como as demais decorrentes de suas atividades literárias, foram
sempre distribuídas pessoalmente por ela e um grupo de amigos que
integravam o Movimento Assistencial Roda do Amor (MARA), por ela criado
e dirigido, a entidades que protegiam os hansenianos, deficientes
físicos e visuais, portadores do fogo selvagem e grupos carentes
di-versos, independente de suas crenças religiosas, razão pela qual o
médium Chico Xavier a cognominou “a Seareira do Bem”.

Cenyra Pintou desencarnou na cidade do Rio de Janeiro, em 16 de setembro de 1996, aos noventa e três anos.

Para a centenária memória de Cenyra Pinto, a difícil arte de fazer
a caridade com alegria e espontaneidade acabou dando uma canja – como
dizem os artistas – para a arte mesmo de representar o bom, o bem e o
belo, através da música, da poesia, do teatro e da alegria.

domingo, 24 de junho de 2012

O Primado do Espírito


 O Primado do Espírito

A história das civilizações está repleta de eventos interexistenciais denominados mediúnicos, que
não encontram encaixes adequados no modelo descritivo do mundo sensorial restrito ao espaço-
tempo que conhecemos através do corpo, em consciência de vigília.

São comuns em todos os tempos os relatos de experiências de pessoas reconhecidas como
médiuns, pitonisas, sensitivos, profetas, canalizadores, etc... que vivenciam contatos com
consciências não-físicas, desencarnados, mortos, espíritos, provocando fen�?menos que desafiam
as leis conhecidas do universo físico e psicológico concebido pela modernidade.

São exemplos, a escrita direta bem conhecida pela história judaica da gênese dos Dez
Mandamentos, a psicografia e a psicofonia, a clarividência e a clauriaudiência, muito comuns
nas sessões mediúnicas, a psicopictografia, a psicomusicografia, a psicoxilografia em expansão
no final do século XX, a ectoplasmia ou materialização, a xenoglossia e a hiloclastia, fen�?menos
menos conhecidos e mais raros na atualidade. Quando ocorrem, geralmente contam com a
presença ostensiva de uma pessoa em estado de transe, muitas vezes sem cultura ou formação
para entender as comunicações, ou produzir fatos com habilidade fora do comum, a exemplo de
pinturas, modelos em parafinas, cirurgias físicas, diagnósticos e informações históricas.

Estas situações mereceram usualmente explicações acadêmicas, geralmente enquadrando-as no
rol de patologias, habilidades de um inconsciente psíquico, fraudes e mistificações, o que em
alguns casos, eram hipóteses consistentes.

A medida, porém, que se mu ltiplicaram os estudos, principalmente entre 1850 e 1960, e cada vez
mais se constatou a variedade do espectro da fenomenologia e a impossibilidade de incluir tantos
estudos controlados nas teses vigentes, tornou-se claro que a teoria dominante estava eivada de
casos de exceção, as anomalias de Kuhn.

Tal fenomenologia anunciava-se uma crise paradigmática de alta envergadura, pois os pilares da
visão de mundo mecanicista, tendo a matéria como matriz do universo, o espaço e o tempo
absolutos como características estruturantes do cosmos, e a consciência como produto do
cérebro estavam sendo questionados. Como ocorre nestas situações, há um enfraquecimento do
poder hegem�?nico do modelo explicativo dominante, em que pese os esforços dos seus
defensores, e surgem possibilidades de percepção diferenciada por observadores menos
integrados psicologicamente com a estrutura vigente.

Isto parece ter ocorr ido em Paris dos anos 50 do século XIX, com Hypolite Léon Denizard Rivail,
que assistiu a uma sessão na residência da Sra. Plainemaison, e, ao presenciar o fen�?meno de
mesas que giravam, saltavam, além de escritas através de um aparelho rudimentar, uma ardósia
-auxiliado por uma cesta, conforme seu relato, entreviu, naquele passatempo da época, a
possibilidade de estar diante de eventos que fugiam à regra geral das explicações físicas.

Após multiplicar suas experiências em diferentes lugares, situações de controle, e com diversos
participantes sensitivos, construiu um modelo de universo com duas faces, no qual a parte física é
a menos significativa, sendo efeito de uma realidade espiritual, essência do cosmos ou mundo
existencial, este em constante transformismo evolutivo. Estava ele subvertendo a gnose vigente,
pois a matéria tal como a conhecemos era, na sua descrição, apenas uma parcela impermanente
da manifestação do espírito. Ele corroborava com fundamentação experimental com muitas

assertivas religiosas e filosóficas, que permeiam a cultura humana sobre a vida após a morte
corporal.

E para facilitar o trabalho de futuros estudiosos, reduzindo os percalços num terreno tão obscuro
para a maioria da humanidade, publicou em 1861, com o pseud�?nimo de Allan Kardec, o Livro
dos Médiuns, tendo como conteúdo doutrinário o “ensino especial dos espíritos sobre a teoria de
todos os gêneros de manifestações, os meios de comunicação com o mundo invisível e as
dificuldades que se podem encontrar na prática do Espiritismo”, conforme consta no seu escrito.

Durante os 150 anos subsequentes, muitos estudos foram realizados, acrescentando informes
em detalhes, revelando outros fen�?menos mediúnicos e, basicamente, confirmando os principais
saberes exarados na publicação supramencionada.

Verificamos, entretanto, que embora tenhamos, somente no Brasil, cerca de dez mil instituições
espíritas, que se utilizam em maior ou menor grau das informações contidas neste livro, ainda
não nos apercebemos do caráter revolucionário dos informes, ao abrir a mente humana para a
supremacia do espírito sobre a matéria.

As consequências nas ciências da natureza e do homem, na filosofia de vida, na experiência
religiosa, na organização social, que tal supremacia gerará, são incomensuráveis no mundo
contemporâneo.

Admitimos que a influência espírita para o progresso da humanidade, altamente renovadora dos
valores humanos se dará, na medida em que demonstrarmos mais vivamente a influência dos
espíritos no cotidiano, levantando o véu que encobre esta interação, e com eles estabelecermos
parcerias interexistenciais na produção do conhecimento, nos cuidados com a saúde e educaçã o
integrais e nas práticas sociais.

As barreiras da atualidade que antevemos sendo superadas pela evolução psíquica da
humanidade, permitindo o surgimento de médiuns em qualidade e quantidade superiores ao
momento atual, auxiliados pelas tecnologias da transcomunicação instrumental, deverão ser
reduzidas para aquelas comunidades que se desenvolverem sob a égide de uma ética mais
exigente e mais próxima dos valores universais, condição essencial neste tipo de convivência,
para termos acessos às faixas espirituais de maior elevação, conforme anunciaram os espíritos.

Reputamos de máxima relevância enfatizar o primado do espírito, enraizando tal saber na
comunidade espírita, que mais consciente influenciará as decisões dos organismos da sociedade.
Para tanto, já estamos organizando o XIV Congresso Espírita do Estado da Bahia que acontecerá
no período de 3 a 6 de novembro, em Salvador, como culminância de todos os eventos
federativos que o antecedem e que abordarão este tema em comemoração ao sesquicentenário
de O Livro dos Médiuns.

Esperamos reunir o maior número de experimentadores e sensitivos baianos, que
voluntariamente, se disponham a participar, desde já, na construção coletiva do evento,
integrando-se por iniciativa própria às reuniões federativas pertinentes, a primeira delas prevista
para 29 de janeiro, no turno matutino, na sede central da FEEB.

O desafio de relatarmos a trajetória da “invasão organizada dos mortos” que se iniciou no tempo
de Allan Kardec, e ampliarmos suas consequências socioculturais, acelerando a renovação dos
valores contemporâneos é de todos aqueles que, atuando no movimento espírita, sentem o

esgotamento da civilização e percebem como dever impostergável colocar seu tempo e sua
experiência para dar uma contribuição signi ficativa à história da Humanidade.

Todos, portanto, que sintonizamos com este desafio, estamos sendo chamados para realizar
eventos em prol desta revolucionária visão paradigmática.

André Luiz Peixinho

Diretor Presidente da Federação Espírita do Estado da Bahia.

Primeiro Encontro de Léon Denis com Allan Kardec


Primeiro Encontro de Léon Denis com Allan Kardec


                                                     (Léon Denis)
Eduardo Carvalho Monteiro

Havia apenas três anos que Léon Denis se iniciara no Espiritismo quando, em 1867, Allan Kardec aceitou um convite para pronunciar uma conferência em Tours. Léon Denis teve então a oportunidade de se entrevistar com o Codificador na quinta de Leandre Rebondin, que hospedava o casal Rivail, conforme descreve o próprio Denis:
Alugáramos para recebê-lo e ouvi-lo, uma sala na Rua Paul Louis Courrier e pedíramos a necessária autorização à Prefeitura pois, durante o Império, uma severa lei proibia qualquer reunião de mais de vinte pessoas. Acontece que no momento fixado para essa assembléia fomos informados de que o nosso pedido fora indeferido. Encarregaram-me então de permanecer no local a fim de avisar os convidados de que deviam dirigir-se a Spirito-Villa, a casa do senhor Rebondin, na rua Sentier, onde a reunião se iria realizar no jardim. Éramos aproximadamente trezentos ouvintes, em pé, apertados de encontro às arvores. Sob a claridade das estrelas, a voz doce e grave de Allan Kardec fazia-se ouvir; podia-se ver a sua fisionomia, iluminada por uma pequena lâmpada colocada sobre uma mesa no centro do jard im, proporcionando um aspecto fantástico. Foram-lhe postas várias perguntas e ele respondia com bondade, sorridente... As flores do senhor Rebondin ficaram destruídas, mas o importante foi o sucesso daquela noite...lembrança perpétua e indelével. Falou-nos sobre a obsessão e várias questões lhe foram postas, às quais respondeu sempre bondosamente. Terminada a reunião, todos levaram inefáveis recordações desse memorável encontro.
No dia seguinte, voltei a Spirito-Villa, a fim de visitar o Mestre; encontrei-o trepado numa escada, ao pé de uma grande cerejeira, apanhando os frutos que deitava a madame Allan Karde.Uma cena bucólica que o distraía das suas graves preocupações.
No seu artigo “História do Desenvolvimento do Espiritismo em Tours”, Denis completa a informação dos seus contactos com o mestre de Lyon: Eu vi-o mais duas vezes depois da sua viagem a Tours: na sua residência na Rua Saint Anne, em Paris, e pela última vez em Bonneval, na quinta Petit Bois, onde os espíritas do Eure-et-Loire e Loire-et-Cher estavam reunidos para ouvir os seus discursos e confraternizarem. No ano seguinte, em 1869, morria ele subitamente pela ruptura de um aneurisma.
A Rua Sentier, em Spirito-Villa, tornou-se um lugar importante e histórico para o Espiritismo, pois foi onde aconteceu a primeira conferência espírita à luz das estrelas, e onde se deu o primeiro dos três encontros que Léon Denis teve com Allan Kardec.
Esta importância histórica levou-nos a conhecer o local no ano 2000. O que era uma quinta, em cujo jardim puderam instalar-se 300 pessoas, conforme relata Denis, foi dividida em lotes ainda naquela época, e hoje abriga casas centenárias muito bem cuidadas pelos seus moradores. Uma pequena rua só para peões, dá entrada a Spirito-Villa, a qual percorremos emocionados. Escolhemos uma casa com um vasto jardim, que imaginamos ser uma parte daquele pisado por Allan Kardec para a sua conferência e, com um pouco de receio, tocamos a campainha. Um jovem atendeu e, falando em inglês, pedimos para fotografar o jardim da sua casa, já que éramos pesquisadores e escritores brasileiros e ali, há mais de 130 anos, dera-se um acontecimento muito importante para nós. Confessamos que tínhamos receio de sermos mal recebidos, perante a inusitada história contada. Porém, para surpresa nossa, o jovem André, muito gentil, franqueou-nos a entrada e foi chamar a sua simpática avó, Madame Madeleine Renaud que, além da sua amizade, nos ofereceu uma cópia dos documentos da propriedade, datados de 1840 e autenticados com o selo em branco de Napoleão. Não há dúvida que um documento como este pode não representar quase nada para a história do Espiritismo, mas a fidalguia e a amizade com que aquela família de Tours nos recebeu e confiou nos motivos pelos quais dois desconhecidos, que não falavam a sua língua, lhes bateram à porta, foi quase tão emocionante como pisarmos aquela terra em que sabíamos que dois gigantes do pensamento humano tinham deixado as suas marcas há mais de cem anos. Foi, pois, com os olhos nublados e a recordar a descrição de Léon Denis do seu encontro com o mestre, que passamos alguns minutos naquele jardim, fazendo uma sentida prece e tentando tran sportar a nossa mente para o distante ano de 1868, para ouvir os ecos das palavras do mestre sob a luz da lamparina e tendo por teto a abóbada celeste. Parecia que a terra ainda guardava a doçura das cerejas caídas aos pés de Amélie Boudet e que o farfalhar das folhas secas, denunciando a chegada do jovem Léon Denis atrasado para o início da reunião, ainda era ouvido pela nossa fantasista audição. E o mesmo sentimento bucólico que Denis viu naquela cena, ele no-lo emprestou, e a nossa imaginação voou alto, muito alto...
Aos privilegiados trezentos ouvintes daquela memorável conferência, somara-se mais um...

Fonte: http://www.geb-portugal.org/Admin/Ficheiros/oencontr369.pdf

sexta-feira, 15 de junho de 2012

ZILDA GAMA

  Zilda Gama foi uma das mais celebradas médiuns do Brasil.  Nasceu em 11 de março de 1878, em Três Ilhas, em Juiz de Fora (MG), e desencarnou em 10 de janeiro de 1969, no Rio de Janeiro. Era a segunda filha dos 11 filhos de Augusto Cristina da Gama, escrivão de paz, e Elisa Emílio Klörs da Gama, professora estadual. Fez seus estudos com a própria mãe. Posteriormente, matriculou-se na Escola Normal de São João Del Rei, onde recebeu o diploma de professora primária. Ainda jovem, com apenas 24 anos, ficou órfã dos pais, tendo que assumir a direção da casa, cuidando de cinco irmãos menores e, posteriormente, de outros cinco sobrinhos órfãos. Foi professora e diretora de escola, sendo agraciada em concursos promovidos pela Secretaria de Educação de Minas Gerais. Ainda jovem, Zilda Gama começou a perceber a presença dos Espíritos. Recebeu mediunicamente mensagens de seu pai e de sua irmã, já desencarnados, que a aconselhavam e a consolavam nos momentos de provações difíceis pelos quais estava passando. Em 1912, recebeu interessante mensagem assinada por Allan Kardec. Após essa manifestação, o Codificador propiciou-lhe outros ensinamentos, os quais foram impressos no livro Diário dos Invisíveis, publicado em 1929. Em 1916, os Benfeitores informaram-lhe que passaria a psicografar uma novela, fato que a deixou bastante perplexa. O Espírito de Victor Hugo passou então a escrever por seu intermédio. Dentro de pouco tempo, a primeira obra, Na Sombra e na Luz, estava completa. Posteriormente, sob a tutela do mesmo Espírito, vieram os livros Do Calvário ao Infinito, Redenção, Dor Suprema e Almas Crucificadas, todas publicadas pela FEB. Incontestavelmente, os grandes medianeiros que têm servido de ponte entre os mundos material e espiritual, no trabalho meritório de descortinar novos horizontes para a conturbada humanidade terrena, foram missionários, podendo-se mesmo afiançar que na constelação dos médiuns que brilharam na Terra, prodigalizando aos homens novos conhecimentos e preparando o terreno para a implantação da verdade, Zilda Gama brilhou de modo fulgurante, cabendo-lhe uma posição das mais proeminentes.  O trabalho de Zilda Gama na imprensa leiga − Em 1927, participou do Congresso de Instrução, em Belo Horizonte. Em 1929, obteve o primeiro lugar em concurso promovido pela Secretaria de Educação do Estado de Minas Gerais, com um trabalho sobre Aulas - Modelo, quando foi inscrita na Escola de Aperfeiçoamento de Belo Horizonte, concluindo o curso em 1931, no mesmo ano em que no Brasil houve intenso movimento em prol dos direitos femininos. Zilda Gama foi autora da tese sobre o voto feminino, no Congresso, a qual foi aprovada oficialmente. Escreveu contos e poesias para vários jornais, destacando-se o Jornal do Brasil, a Gazeta de Notícias e a Revista da Semana, todos da antiga capital federal. Exerceu o jornalismo profissional em jornais de Juiz de Fora e Ouro Preto, São Paulo e Rio de Janeiro. Os livros mediúnicos psicografados por Zilda Gama fizeram época na literatura espírita, além de terem o mérito de suavizar muitas dores e estancar muitas lágrimas. Foi a primeira, no Brasil, a receber tão vasta literatura do mundo espiritual. Outras publicações produzidas pela sua mediunidade: Solar de Apoleo, Na Seara Bendita, Na Cruzada do Mestre e Elegias Douradas. Didata por excelência, organizou os seguintes livros: O Livro das Crianças, Os Garrotilhos, O Manual das Professoras e O Pensamento.  A mensagem que Kardec lhe ditou em 1912 − Não obstante as grandes lutas morais que teve que sustentar, Zilda Gama se constituiu na orientadora de muitas criaturas. Em 1959, após sofrer derrame cerebral, viveu numa cadeira de rodas, assistida pelo sobrinho Mário Ângelo de Pinho, que lhe fazia companhia. Zilda Gama, alma de escol, dedicou toda a sua longa existência ao propósito de difundir no Brasil a consoladora Doutrina dos Espíritos e, tendo vivido até quase os 91 anos, tornou-se paradigma para todos os que encaram a mediunidade como sacerdócio lídimo e autêntico. Algo que nos chama a atenção na obra de Zilda Gama é o fato de haver psicografado mensagem de Kardec em 1912, quando Chico contava 2 anos de idade.  No livro Pioneiros de uma Nova Era, de Antônio de Souza Lucena, o fato é mencionado pelo autor, que diz que em 1912, na cidade de Além Paraíba (MG), Zilda Gama, que na época não tinha qualquer conhecimento da Doutrina Espírita, recebeu mensagem assinada por Allan Kardec, com o seguinte teor: Sobre a tua fronte está suspenso um raio luminoso que te guiará através de todas as dificuldades, de todos os obstáculos, e será a tua glória ou tua condenação, conforme o desempenho que deres aos teus encargos psíquicos. Cinge-te de coragem, sem desfalecimento e sem deslizes, em todos os teus deveres sociais e divinos e conseguirás ser triunfante. Como se sabe, em 1912, o médium Francisco Cândido Xavier estava encarnado e vivia em Pedro Leopoldo (MG), onde nasceu em 2 de abril de 1910. O episódio é ilustrativo e deveria ser meditado por todos os que vêm propalando a tese de que Chico seria a reencarnação do Codificador do Espiritismo.         Livros de Zilda Gama   Solar de Apolo: Romance Mediúnico, O Romance mediúnico que faz o leitor regredir ao ano de 195 d.C., junto à cidade grega de Sicione, pequena cidade do Peloponeso, às margens do golfo de Corinto e província do Império Romano do qual a Grécia fazia parte. Num momento histórico no qual a religião predominante era o culto a vários deuses, este relato apresenta uma seqüência de fenômenos mediúnicos a modificação do Solar d... Do Calvario ao Infinito Vibrante e emotivo, o romance é dividido em sete livros em que o Espírito Victor Hugo, com seu estilo literário, narra, pela médium Zilda Gama, encarnações expiatórias de alguns Espíritos ligados entre si por crimes e erros do passado.Visa mostrar a Justiça Divina agindo através da lei de causa e efeito, objetivando sempre a evolução e a conquista da felicidade por parte de todas as... Na Sombra e na Luz: Especial Na Sombra e na Luz: Especial Novela que se desenrola quase toda no século XIX e retrata em cada parte as reencarnações dos mesmos Espíritos. Um deles é François, menino cego, órfão de mãe logo ao nascer. Viveu o preconceito, inclusive do genitor, que o considerava incapaz; e, apesar de tudo, tornou-se excelente músico ainda jovem, e passou a sustentar a família quando o pai ficou...  Do Calvário ao Infinito Do Calvário ao Infinito Dividida em sete livros, esta obra é um romance do espírito Victor Hugo, que narrou os fatos através da psicografia da médium Zilda Gama. Ele apresenta a história de diversos espíritos, ligados entre si por desacertos do passado, em expiações redentoras. Esse grupo passa por experiências de lutas e sofrimentos nos quais é possível perceber a Justiça Divina... Dor Suprema: Especial Dor Suprema O romance desdobra-se antes e depois da vinda do Cristo, na poderosa Itália dos Césares, onde, no meio da devassidão e da crueldade, destacam-se exemplos de nobre heroísmo, que irão comover o leitor e despertar a sua admiração. Diferentes reencarnações dos personagens são apresentadas demonstrando a Justiça de Deus e a lei de causa e efeito.  Na Sombra e na Luz O Espírito Vítor Hugo ditou a Zilda Gama uma novela passada quase toda no século XIX, desenvolvida em cinco livros, como denomina a autora. Cada um desses "livros" trata de uma encarnação dosa personagens. vivenciada numa existência tumultuosa. O objetivo da obra é mostrar aos seres sofredores e moralmente mutilados a possibilidade da regeneração humana, que se vai verificando por meio da...  Redenção Romance muito atraente, onde o autor, hábil artífice de enredos complexos e bem imaginados, desenvolve ensinamentos sobre a realidade da interdependência das mesmas pessoas nos processos da reencarnação expiatória e educativa, que se interligam, no sofrimento e na felicidade, em busca da ascensão espiritual. É um livro pleno de lições e de grandezas que explica os vaivens da vida.  Almas Crucificadas Romance marcado pelo estilo altamente criativo do autor espiritual, que leva sua emoção pelos intricados meandros das paixões humanas, no desenvolvimento de drama até hoje repetido nos noticiários dos jornais e da TV: a atração desvairada de um jovem pela esposa do seu melhor amigo, com a remoção, pela senda fácil e simples do assassinato, do empecilho que o separa de seu condenável ...       Formatação: Fátima Oliveira                                                                                                                            Midi-Yanni-Almost-a-whisper                                                                                     Fonte: http://www.oconsolador.com.br

terça-feira, 12 de junho de 2012

Herculano Pires


Biografia do Prof. José Herculano Pires

Como começaremos a analisar o livro "O Centro Espírita" do Prof. Herculano Pires, segue abaixo a biografia deste grande estudioso da Doutrina Espírita.

José Herculano Pires, nasceu na cidade de Avaré, no estado de São Paulo a 25/09/1914, e desencarnou nesta capital em 09/03/1979.



Filho do farmacêutico José Pires Correia e da pianista Bonina Amaral Simonetti Pires.

Fez seus primeiros estudos em Avaré, Itaí e Cerqueira César.

Revelou sua vocação literária desde que começou a escrever.

Aos 9 anos fez o seu primeiro soneto, um decassílabo sobre o Largo São João, da sua cidade natal.

Aos 16 anos publicou seu primeiro livro, "Sonhos Azues" (contos), e aos 18 anos o segundo livro, "Coração" (poemas livres e sonetos).

Já possuía seis cadernos de poemas na gaveta, colaborava nos jornais e revistas da época, da província de São Paulo e do Rio.

Teve vários contos publicados com ilustrações na Revista da Semana e no Malho.

Foi um dos fundadores da União Artística do Interior (UAI), que promoveu dois concursos literários, um de poemas pela sede da UAI em Cerqueira César, e outro de contos pela Seção de Sorocaba.

Mário Graciotti o incluiu entre os colaboradores permanentes da seção literária de A Razão, em São Paulo, que publicava um poema de sua autoria todos os domingos.

Transformou (1928) o jornal político de seu pai em semanário literário e órgão da UAI.

Mudou-se para Marília em 1940 (com 26 anos), onde adquiriu o jornal "Diário Paulista" e o dirigiu durante seis anos.

Com José Geraldo Vieira, Zoroastro Gouveia, Osório Alves de Castro, Nichemaja Sigal, Anthol Rosenfeld e outros promoveu, através do jornal, um movimento literário na cidade e publicou "Estradas e Ruas" (poemas) que Érico Veríssimo e Sérgio Millet comentaram favoravelmente.

Em 1946 mudou-se para São Paulo e lançou seu primeiro romance, "O Caminho do Meio", que mereceu críticas elogiosas de Afonso Schimidt, Geraldo Vieira e Wilson Martins.

Repórter, redator, secretário, cronista parlamentar e crítico literário dos Diários Associados. Exerceu essas funções na Rua 7 de Abril por cerca de trinta anos.

Autor de 81 livros de Filosofia, Ensaios, Histórias, Psicologia, Pedagogia, Parapsicologia, Romances e Espiritismo, vários em parceria com Chico Xavier, sendo a maioria inteiramente dedicada ao estudo e divulgação da Doutrina Espírita...

Lançou a série de ensaios Pensamento da Era Cósmica e a série de romances e novelas de Ficção Científica Paranormal.

Alegava sofrer de grafomania, escrevendo dia e noite. Não tinha vocação acadêmica e não seguia escolas literárias.

Seu único objetivo era comunicar o que achava necessário, da melhor maneira possível.

Graduado em Filosofia pela USP em 1958, publicou uma tese existencial: "O Ser e a Serenidade".

De 1959 a 1962, exerceu a cadeira de filosofia da educação na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Araraquara.

Foi membro titular do Instituto Brasileiro de Filosofia, seção de São Paulo, onde lecionou psicologia.

Foi presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo de 1957 a 1959.

Foi professor de Sociologia no curso de jornalismo ministrado pelo Sindicato.

José Herculano Pires foi presidente e professor do Instituto Paulista de Parapsicologia de São Paulo.

Organizou e dirigiu cursos de Parapsicologia para os Centros Acadêmicos: da Faculdade de Medicina da USP, da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, da Escola Paulista de Medicina e em diversas cidades e colégios do interior.

Fundou o Clube dos Jornalistas Espíritas de São Paulo em 23/01/1948. O Clube funcionou por 22 anos.

Herculano foi membro da Academia Paulista de Jornalismo onde ocupou a Cadeira "Cornélio Pires" em 1964.

Herculano pertenceu também a União Brasileira de Escritores, onde exerceu o cargo de Diretor e Membro do Conselho no ano de 1964.

José Herculano Pires foi Chefe do Sub-Gabinete da Casa Civil da Presidência da República no governo do Sr. Jânio Quadros no ano de 1961, onde permaneceu até a renuncia do mesmo.

Espírita desde a idade de 22 anos não poupou esforço na divulgação falada e escrita da Doutrina Codificada por Allan Kardec, tarefa essa à qual dedicou a maior parte da sua vida.

Durante 20 anos manteve uma coluna diária de Espiritismo nos Diários Associados com o pseudônimo de Irmão Saulo.

Durante quatro anos manteve no mesmo jornal uma coluna em parceria com Chico Xavier sob o título "Chico Xavier pede Licença".

Foi Diretor fundador da revista "Educação Espírita" publicada pela Edicel.

Em 1954 publicou Barrabás, que recebeu um prêmio do Departamento Municipal de Cultura de São Paulo, constituindo o primeiro volume da Trilogia Caminhos do Espírito.

Publicou em 1975, Lázaro e com o romance Madalena concluiu a Trilogia.

Traduziu cuidadosamente as obras da Codificação Kardecista enriquecendo-as com notas explicativas nos rodapés.

Essas traduções foram doadas a diversas editoras espíritas no Brasil, Portugal, Argentina e Espanha.

Colaborou com o Dr. Júlio Abreu Filho na tradução da Revista Espírita. Ao desencarnar deixou vários originais os quais vêm sendo publicados pela Editora Paidéia.

terça-feira, 5 de junho de 2012

O Passe


SEF – Sociedade Espírita Fraternidade
Estudo Teórico-prático da Doutrina Espírita

Ä Introdução: A Sublime doação.
“E disse Pedro: Não tenho prata nem ouro; mas o que tenho isto te dou. Em nome
de Jesus-Cristo, o Nazareno levanta-te e anda”. (Atos, 3:6.).

À porta do templo, chamado Formosa, o Apóstolo Pedro e o deficiente físico.
Entre ambos um momento de expectativa.
Da alma cansada e sofrida – que espera.
Da alma plena de fé e estuante de amor – que doa.
Não há indagação nem hesitações.
Apenas a sublime doação.
Eis aí o significado profundamente belo e sublimado do passe:
A doação de alma para alma.
(estuante - adj. 2 gên. Que estua; ardente; febril; agitado. (Do lat. aestuante.))
“É muito comum a faculdade de curar pela influência fluídica e pode desenvolverse por meio do exercício; mas, a de curar instantaneamente, pela imposição das mãos
(g.n.), essa é mais rara e o seu grau máximo se deve considerar excepcional”. (Allan
Kardec – A Gênese, Cap. XIV, item 34).
Ä Definições e menções não espíritas com relação ao Passe:
Preliminarmente, analisaremos algumas definições e menções (menção - s. f.
Referência; alusão; tenção; registro; gesto de quem se dispõe a praticar um ato. (Do lat. mentione.)
não espíritas com relação aos passes, para que, na seqüência, bem possamos situá-lo
dentro do conceito doutrinário/espírita.
1) – Conforme o Novo Dicionário da Língua Portuguesa, editora Nova Fronteira, Aurélio
Buarque de Holanda Ferreira:
Passes: Ato de passar as mãos repetidamente ante os olhos de uma pessoa para
magnetizá-la, ou sobre uma parte doente de uma pessoa para curá-la.
2) – De acordo com o Dicionário Escolar da Língua Portuguesa, MEC – Fename,
Francisco da S. Bueno:
Passes: Ato de passar as mãos repetidas vezes por diante dos olhos de quem se quer
magnetizar ou sobre a parte doente da pessoa que se pretende curar pela força mediúnica
(grifo nosso). (essa definição, por sinal, é a mesma encontrada no Dicionário da Academia
Brasileira de Letras).
Unidade 56
TEMA : O PASSE: Introdução.  Definições e menções não espíritas com
relação ao Passe. Definições Espíritas e dos Espíritos acerca do Passe.
Citações acerca do Passe no Velho Testamento. Citações acerca do Passe
no Novo Testamento. Diferença entre Passe e Imposição das Mãos.
Explicação da Mecânica. Os objetivos do Passe.3) – Conforme o Dicionário Enciclopédico Espiritismo Metapsíquica Parapsicologia -
Editora Bels S. A . de João Teixeira de Paula:
Passes: Movimentos com as mãos, feitos pelos médiuns passistas, nos indivíduos com
desequilíbrios psicossomáticos ou apenas desejosos de uma ação fluídica benéfica. (...)
Os passes espíritas são uma imitação dos passes hipnomagneticos, com a única
diferença de contarem com a assistência, invocada e sabida dos protetores espirituais.
Ä Definições Espíritas e dos Espíritos acerca do Passe:
O Passe é uma transfusão de energias psíquicas (...) Emmanuel (O Consolador, Cap. V,
questão 98).
O Passe é uma transfusão de energias, alterando o campo celular. Áulus – André Luiz
(Nos Domínios da Mediunidade, Cap. XVII).
O Passe, como gênero de auxilio, invariavelmente aplicado sem qualquer contraindicação, é sempre valioso no tratamento devido aos enfermos de toda classe (...) André
Luiz – (Mecanismos da Mediunidade, Cap. XII, Passe e Oração).
O Passe é, antes de tudo, uma transfusão de amor. Divaldo Pereira Franco (Diálogo
com Dirigentes e Trabalhadores Espíritas – O Passe – propriedades e efeitos).
O Passe é um ato de amor na sua expressão mais sublimada. Suely Caldas Schubert.
(Obsessão/Desobsessão – A importância da fluidoterapia).
Ä Citações acerca do Passe no Velho Testamento:
“Então Eliseu lhe mandou um mensageiro, dizendo: Vai, lava-te sete vezes no
Jordão, e a tua carne será restaurada, e ficarás limpo. Naamã, porém, muito se indignou,
e se foi, dizendo: Pensava eu que ele sairia a ter comigo, por-se-ia de pé, invocaria o
nome do Senhor seu Deus, moveria a mão sobre o lugar da lepra (grifo nosso), e
restauraria o leproso.” (II Reis, Cap. V, vv. 10 e 11”).
“Josué, filho de Num estava cheio do espírito de sabedoria, porquanto Moisés
havia posto sobre ele suas mãos (gn): assim os filhos de Israel lhe deram ouvidos, e
fizeram como o Senhor ordenara a Moisés. (Deuteronômio, Cap. XXXIV, vv. 9 a 12”).
Ä Citações acerca do Passe no Novo Testamento:
“Quando Jesus desceu do monte, grandes multidões o seguiram. E eis que veio
um leproso e o adorava, dizendo: Senhor, se quiseres, podes tornar-me limpo.
“E Jesus, estendendo a mão (gn), tocou-lhe dizendo: Quero, fica limpo! E
imediatamente ele ficou limpo de sua lepra”. (Mateus, Cap. VIII, v. 3).
“Então Ananias foi e, entrando na casa, impôs as mãos sobre ele (gn) dizendo:
Saulo, irmão, o Senhor me enviou, a saber, o próprio Jesus que te apareceu no caminho
por onde vinhas, para que recupere a vista e fiques cheio do Espírito Santo”. (Atos, Cap.
IX, v. 17).
“Tendo Jesus passado de novo no barco para o outro  lado, ajuntou-se a ele uma
grande multidão; e ele estava à beira do mar.
Chegou um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo e, logo que viu a Jesus,
lançou-se-lhe aos pés. E lhe rogava com instância, dizendo: Minha filhinha está nas últimas; rogo-te que venhas e lhe imponhas as mãos (g.n.) para que sare e viva. (Marcos,
Cap. 5, vv. 21 à 23).
(Instância - s. f. Pedido feito com insistência; ato de instar; qualidade do que é instante; jurisdição;
foro. (Do lat. instantia.))
Ä Diferença entre Passe e Imposição das Mãos:
Em termos espíritas, passes tanto pode ser entendido como o conjunto de
recursos de transferências fluídicas levadas a efeito com fins fluidoterápicos, como uma
das maneiras pela qual se faz tais transferências. No primeiro caso, a imposição de mãos
seria um dos recursos; no segundo, uma das maneiras.
Assim sendo, de forma literal, o passe e imposição de mãos não são a mesma
coisa; em termos de uso, contudo, tem-se a imposição de mãos como uma técnica de
passe, tanto que é comum se falar de um querendo-se dar a entender o outro.
É importante se observar a ponderação da Dalva Silva Souza, na Revista
Reformador de janeiro de 1.986, p. 16 que menciona: “A palavra passe é um deverbal
(substantivo que é derivado do verbo; o mesmo que pós-verbal – ex. caça, venda, compra)
(obs. nossa) de passar, verbo que, sem dúvida, transmite a idéia de movimento. Por outro
lado, imposição de mãos já deixa bem induzido que se trata de atitude estática, sem
movimento, posto que, derivado do verbo impor, imposição, nesse sentido, quer dizer: ato
de fixar, estabelecer”.
Ä Passe – Explicação da Mecânica:
O passe é uma transfusão de energias psíquicas e espirituais; isto é, a passagem
de um para outro indivíduo de uma certa quantidade de energias fluídicas vitais
(psíquicas) ou espirituais propriamente ditas.
Há pessoas que têm uma capacidade de maior absorção e armazenamento
dessas energias que emanam do Fluido Cósmico Universal e da própria intimidade do
Espírito. Tal requisito as coloca em condições de transmitirem esse potencial de energias
a outras criaturas que eventualmente estejam necessitando. A aglutinação (s. f. Ação ou
efeito de aglutinar - v. tr. dir. Fazer aderir; colar, unir, reunir: grudar; soldar; (Do lat. agglutinare.)
dessa força se faz automaticamente e também, atendendo aos apelos do passista (prece),
que, então, municiado (verbo municionar - v. tr. dir. Abastecer, prover de munições.) com essa
carga, a transmite através da imposição das mão sobre a cabeça do paciente, sem a
necessidade de tocar-lhe o corpo, por que a força se projeta de uma para outra aura,
estabelecendo uma verdadeira ponte de ligação.
O fluxo energético se mantém e se projeta às custas da vontade do passista,
como também de entidades espirituais desencarnadas que o auxiliam na composição dos
fluídos, não havendo, portanto necessidade de incorporação mediúnica. O passista
age somente sob a influência da entidade, e por isso, não precisa falar, aconselhar ou
transmitir mensagens concomitantes (adj. 2 gên. Que se manifesta ao mesmo tempo que outro;
simultâneo; que acompanha; acessório. (Do lat. concomitante.) ao passe.
As forças fluídicas vitais (psíquicas) dependem do estado de saúde do passista e
as espirituais do seu grau de desenvolvimento moral. Assim é que o passista deverá estar,
o mais possível, em perfeito equilíbrio orgânico e moral.
Ä Os Objetivos do Passe:
Conforme a objetividade e a lucidez do Espírito André Luiz, o que nos faz meditar
com grande proveito, quando nos ensina que: “O passe não é unicamente transfusão de
energias anímicas. É o equilíbrio ideal da mente, apoio eficaz de todos os tratamentos (...)
Se usamos o antibiótico no campo físico, porque não adotar o passe por agente capaz de
impedir as alucinações depressivas, no campo da alma? Se atendemos a assepsia (s. f. (med.) Conjunto de métodos que visam a impedir a introdução de germes patogênicos no organismo.
(Do gr. a+sepsis.), no que se refere ao corpo, porque descurar (v. tr. dir. Descuidar; não tratar
de; desprezar; tr. ind. não tratar, não cuidar: descurar de suas obrigações.) dessa mesma
assepsia no que tange ao espírito?” (André Luiz Opinião Espírita – O Passe, Cap. 55).
Quando André Luiz então nos ensina que o passe é  o equilibrante ideal da
mente, funcionando como coadjuvante em todos os tratamentos, não só físicos, mas
igualmente da alma, fica bem caracterizado que os objetivos a serem alcançados estão
em dois campos: Material e Espiritual.
Corroborando (corroborar - v. tr. dir. Fortalecer; confirmar; comprovar; pr. fortalecer-se.
(Do lat. corroborare.) com isso, encontramos Martins Peralva no seu Livro “Estudando a
Mediunidade”, Cap. 26 – Passes, que ensina: “O socorro através de passes, aos que
sofrem do corpo e da alma (gn), é instituição de alcance fraternal que remonta aos mais
recuados tempos”.
Bibliografia:
KARDEC, Allan. A Gênese. Cap. XIV, item 34.
XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, Verdade e Vida. Pelo Espírito Emmanuel. Capítulo 153.
XAVIER, Francisco Cândido. Religião dos Espíritos. Pelo Espírito Emmanuel. Capítulo ”Fenômeno
Magnético”.
XAVIER, Francisco Cândido. O Consolador. Capítulo V, questão 98.
XAVIER, Francisco Cândido. Nos domínios da Mediunidade. Pelo Espírito André Luiz. Capítulo 17, página
170.
XAVIER, Francisco Cândido. Mecanismos da Mediunidade. Pelo Espírito André Luiz. Cap. XII, Passe e
Oração.
XAVIER, Francisco Cândido. Opinião Espírita.. Pelo Espírito André Luiz. – O Passe, Cap. 55.
FRANCO, Divaldo Pereira. Diálogo com Dirigentes e Trabalhadores Espíritas – O Passe – propriedades
e efeitos.
SCHUBERT, Suely Caldas. Obsessão/Desobsessão . A Importância da Fluidoterapia.
PERALVA, Martins. Estudando a Mediunidade.  Capítulo XXVI – Passes.
MELO, Jacob Luiz de. O Passe – Seu estudo, suas técnicas, sua prática. Capítulo VIII – As Técnicas, 6
Outros usos do passe, 6.1 O passe à distância (Irradiações), páginas 223/224.
SOUZA, Dalva Silva. Revista Reformador. Janeiro de 1.986, p. 16.
Apostila do COEM – Centro de Orientação e Educação Mediúnica – do Centro Espírita Luz Eterna de
Curitiba. 10.ª sessão de exercício prático – Passes.
Dicionário Brasileiro Globo Multimídia.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário da Língua Portuguesa, Editora Nova Fronteira.
BUENO, Francisco da S. Dicionário Escolar da Língua Portuguesa. MEC – Fename.
PAULA, João Teixeira de. Dicionário Enciclopédico Espiritismo Metapsíquica Parapsicologia - Editores
Bels S. A .
Bíblia Sagrada Multimídia – Tradução de João Ferreira de Almeida. II Reis, Cap. V, vv. 10 e 11”;
Deuteronômio, Cap. XXXIV, vv. 9 a 12”;  Mateus, Cap. VIII, v. 3;  Atos, Cap. IX, v. 17.